Aquela surpresa

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Olha quem voltou, depois do story das meninas queridas. E, se elas estão com saudades, quem sou eu pra não estar?

O cap foi sem revisão mesmo, porque eu tô com sono (como sempre). Mas foi na raça mesmo 😂🥱

Espero que gostem 💙




Santa Catarina – Dezembro de 2023



Ligação On.



- Oi, amor. – disse Gattaz, quando atendeu a ligação.

- Oi...- sussurrou, encolhida embaixo das cobertas.

- Que vozinha é essa? – perguntou docemente.

- Eu sinto que a morte tá próxima...- fez uma careta de dor. – E o meu útero tá clamando por misericórdia.

- Ocê ainda tá com cólica?

- Não passa nunca! – resmungou.

- Já tomou um remédio?

- Não. Tô vendo até onde eu aguento. – a respondeu.

- Rosa...- a repreendeu. – Você esqueceu de comprar o remédio, não foi?

- Tu me conhece tão bem. – revirou os olhos. – Na verdade, se tu tivesse aqui, a dor já teria passado.

- Teria, é? E que mágica eu faria? – perguntou sorrindo.

- Dizem que quando você olha pra pessoa que você ama, os sintomas da dor são aliviados em 95%. – a explicou.

- Então quer dizer que ocê me ama?

- Tem mais ou menos uma vida toda, esse lance. – respondeu. – É sério, amor. Eu tô com saudades e tô de tpm...

A oposta parou de falar, quando ouviu a campainha tocar.

- Eu também tô com saudades, gatinha...- suspirou. – Você não sabe o quanto.

- Filha, chegou uma entrega pra você. – dona Adélia adentrou o quarto da filha. – Não tem dizendo de quem é.

- Que estranho...- sentou na cama e pegou o embrulho que a mãe lhe estendeu.

- Tu vai querer comer agora? – perguntou preocupada.

- Eu vou descer daqui a pouco, mãe. Obrigada por trazer até aqui.

- Tô te esperando. – pontuou, se retirando em seguida.

- Você precisa comer. – a voz da namorada se fez presente no fone de ouvido e ela teve um pequeno susto.

- Tu sabe o quanto eu detesto comer quando eu tô com dor. – choramingou. – Chegou uma entrega pra mim, mas sem identificação...

- É de algum admirador secreto, Rosamaria? – brincou.

- Se é secreto, deve saber muito sobre mim. – pontuou, abrindo a sacola. – Aqui tem remédios para a cólica, dor de cabeça e dor muscular. – explicou. – E ainda tem uma bolsa térmica elétrica.

- Te deram tudo isso? – perguntou, enciumada.

- Não. Ainda tem chocolates e algumas guloseimas. – a respondeu. – Não tem nenhuma identificação mesmo, que estranho.

- Eu tô começando a ficar com ciúmes...- disse. – Mas já que você ganhou, porque não toma o remédio e usa a bolsa térmica?

- Eu não trouxe água...- rebateu, e viu uma pequena garrafa de água entre os remédios. – Mas alguém se preocupou em mandar até a água.

- Tem certeza que não tem nenhuma identificação? – indagou Carol.

- Eu não achei. – deu de ombros, fazendo o que a namorada pediu.

- Deita de bruços e põe a almofada por baixo. – a instruiu. – Você consegue colocar ela pra esquentar?

- Eu acho que consigo...- manuseou a bolsa e viu que havia apenas três temperaturas: frio, morno e quente. Então ela colocou no morno e deitou por cima. – O alívio é quase instantâneo.

- Que bom, meu amor. – pontuou. – Que tal se ocê for comer, assim que a dor passar?

- Não tô muito a fim. – disse, se sentindo culpada. – Eu prefiro comer besteira e a minha mãe não vai deixar.

- Tudo bem, então. – a central desistiu e Rosa estranhou, mas agradeceu. – Eu tenho que ir agora.

- Tu não pode vir mesmo? – perguntou chateada.

- Eu preciso resolver a parte burocrática de uma das fazendas. – a explicou. – A gente tá com um probleminha de logística e eu preciso acompanhar.

- Mas...- tentou argumentar.

- E ainda tem o casamento da minha prima, no fim de semana. – interrompeu a namorada. – Que você não vai conseguir vir.

- Eu também tenho um casamento pra ir...- lamentou, chorosa.

- Não faz essa voz pra mim. – pediu. – Se eu pudesse, largaria tudo pra estar aí. Ocê sabe, não sabe?

- Sei. – bufou, enxugando as lágrimas. – Eu odeio ficar de tpm!

- Você fica uma gatinha manhosa. – rebateu, apaixonada. – Eu tenho que ir agora, tá?

- Tudo bem. – respondeu derrotada. – Beijos, eu te amo.

- E eu amo ocê. – desligou.

Rosa se encolheu na cama, quando a dor ficou um pouquinho mais forte. Então ela aumentou um pouco a temperatura da bolsa térmica e esperou o remédio fazer efeito. Após alguns bons minutos, a dor havia aliviado quase totalmente, restando apenas um pequeno incômodo.

O remédio havia lhe causado uma sonolência e quando ela estava prestes a dormir, ouviu a campainha tocar. Após alguns minutos, sua mãe entrou no quarto novamente.

- Você pediu comida? – indagou revoltada.

- Não, mãe. – respondeu na defensiva.

- Entregaram comida japonesa aqui. – a explicou e Rosa sentiu o seu estômago roncar pela primeira vez no dia. – E não foi tu quem pediu?

- Não. – insistiu. – Mas já que mandaram, é melhor eu não desperdiçar...

- Rosamaria...- a repreendeu, lhe entregando o pacote.

A oposta encarou a caixinha maravilhada. Quando abriu, viu que se tratava de suas peças favoritas.

- Não tem identificação de novo. – estranhou, mas não deu muita importância.

- Tu não tem jeito! – a mulher revirou os olhos. – Eu quero só ver quando tiver que fazer exames pra seleção.

- Pelo menos o meu nível de felicidade vai estar alto. – resmungou, começando a comer.

- Eu vou terminar o almoço, que eu ganho mais. – pontuou. – E tu vai comer feijão, mocinha!

- Ah, não! – rebateu manhosa, mas a mãe já havia dado as costas.

A oposta tirou uma foto do presente que havia ganho e mandou para a namorada, mas a mensagem não foi entregue, então ela bufou frustrada.

Alguns minutos haviam se passado e ela finalmente havia comido tudo e tomado o suco de uva que tinha vindo acompanhado da comida. Quando a campainha tocou novamente. Dessa vez, a mãe não subiu imediatamente pro quarto dela, então ela apenas deu de ombros.

Então alguém bateu na porta do quarto.

- Pode entrar. – disse, mas a pessoa ignorou e bateu novamente. – A porta tá aberta! – falou mais alto.

Rosa sabia que não era a mãe, porque ela já teria entrado. Então, só poderia ser uma de suas primas e, quando bateram a porta de novo, ela berrou: Pode entrar, porra!

Ela escutou uma risada baixa e a pessoa ignorou o aviso novamente. Então ela levantou da cama e voou até a porta, a abrindo com força.

- Eu já disse que...- parou de falar, quando viu quem estava atrás da porta. – Caroline?

A central segurava um buquê de rosas de cor rosa e sorriu de orelha a orelha, quando segurou a namorada no colo, quando ela se jogou em seus braços.

- Surpresa! – exclamou, caminhando para dentro do quarto enquanto recebia uma abraço de Coala.

- Tu disse que não viria! – resmungou, a apertando ainda mais. – Que saudade...

A oposta desceu do colo da namorada, apenas para beijá-la brevemente, já que a mãe dela as interromperam.

- Eu trouxe rosas para a minha Rosa...- sorriu estendendo o buquê.

- Que romântico...- pontuou Adelir.

- Mãe...- resmungou Rosa, aceitando o buquê e a abraçando de novo. – Obrigada, meu bem.

- O quê? Eu também tô com saudade da minha nora! – reclamou com a filha.

- Então me dá um abraço, sogrinha! – soltou a namorada e abraçou a mulher mais baixa. – Saudade da senhora!

- De tu também! – rebateu. – Quanto tempo, né?

- Seis meses? – indagou Carol, a soltando. – Parece que foram anos.

- Parece mesmo! – exclamou Adelir. – Você já almoçou?

- Ainda não. – a respondeu. – Mas eu comi com o Sr Roque, agora há pouco.

- Tu tava com o papai? – indagou Rosa.

- Ele foi me buscar no aeroporto. – a explicou.

- E ele escondeu isso de mim? – Adelir perguntou, revoltada. – Ele vai ver só uma coisa...- resmungou, deixando as duas a sós, e indo atrás do marido.

- Eu não sei nem o que dizer...- encarou a namorada. – Tu disse que...

- Largaria tudo pra estar com você, não disse? – sorriu pra ela. – Cá estou.

- Eu...tu...- tentou falar, mas sentiu a voz embargar.

Carol se aproximou dela e a arrastou para a cama, subindo nela e puxando a namorada para deitar no seu peito, a abraçando como podia. 

- Tudo bem, meu amor. – acariciou os cabelos dela.

- Eu tava como muita saudade...- a abraçou forte e gemeu de dor, pela força que havia feito. – Urgh!

- Cadê a bolsa térmica?

- Por aqui...- respondeu, se soltando dela, pegando a bolsa em seguida.

- Põe ela na barriga e deita de lado...- pediu e a outra mulher o fez. – Agora sim. – a acolheu em seus braços. – Essas suas cólicas são terríveis, né? Eu bem que devia ter comprado isso antes...

- Espera aí. – se afastou dela. – Então foi tu quem comprou tudo isso?

- Eu e essa minha boca de sacola! – reclamou. – Bom...surpresa!

A oposta a encarou profundamente, sentindo seus olhos enchendo de lágrimas novamente.

- Ah, não, amorzinho...- a puxou novamente. – Não chora, princesa.

- Eu tô sensível...- resmungou. – Tu é o amor da minha vida, eu já te disse isso hoje?
- Hoje? Ainda não. – a respondeu, enquanto fazia carinho no cabelo dela. – Ocê que é o amor da minha vida.

- Lembra que tu fez o teste? – indagou saudosa. – E eu achei o teste fidedigno, sem contestações.

- Lembro. – gargalhou. – O Fernandinho até hoje tem trauma das minhas cantadas.

- Ele amava. – riu de volta.

- Quem diria que eu conquistaria ocê com as minhas cantadas. – pontuou. – A favela nunca venceu tanto.

- Favela? – perguntou, achando graça.

- Eu aprendi com as meninas do twitter. – a respondeu.

- Eu acho que elas achariam graça em ver tu falando isso.

- Uai, por quê?

- Ai, Caroline. Tu nunca pisou numa favela na vida! – gargalhou de novo. – E andou de ônibus pela primeira vez com 41 anos.

- Nossa, nem me lembra desse dia. A Julinha e eu quase ficamos no meio do aeroporto!

- Tal mãe e tal filha...- pontuou. – Vocês queriam pagar pra subir no ônibus, Caroline. E tu ainda perguntou se o moço aceitava cartão!

- Eu pensei que tinha que pagar! – se defendeu. – A Júlia também.

- Claro que não...- gargalhou. – Os ônibus são de graça, dentro dos aeroportos.

- É. Agora a gente sabe. – rebateu. – Nossa sorte foi a Macris, já que vocês não paravam de rir!

- A Kisy até filmou a Júlia andando de ônibus pela primeira vez. – disse, se aninhando ainda mais a ela. – Vocês são umas burguesas.

- Larga mão, vai...- pediu, beijando a têmpora da namorada. – A gente poderia ficar aqui pra sempre?

- A gente ainda tem uma medalha de ouro pra buscar. – a beijou de volta.

- Eu não me importo. – a abraçou de lado.

- Não era o teu sonho?

- Meu sonho era você. – sussurrou e viu a namorada fazendo biquinho. – Amor, se ocê chorar de novo, eu vou ficar muda!

- Eu queria ver esse milagre acontecendo! – gargalhou. – Vai soar muito pegajoso se eu disser que te amo mais uma vez?

- Não. – deu de ombros. – Eu não me canso de ouvir.

- Tu...- a apertou. – Eu tô com vontade de te socar agora!

A central gargalhou.

- Por mais tentador que pareça ser apanhar de mulher bonita, ocê não pode me bater agora. – a advertiu. – Você tá exalando um cheiro que, se eu fosse um homem, o nosso Giacomo Olegário ia sair hoje!

Foi a vez da oposta gargalhar.

- Eu tô naqueles dias, esqueceu?

- Um bom navegador navega até no mar vermelho, Rosamaria! – rebateu. – E sobre águas turbulentas.

- Caroline! – a repreendeu, quando ela passou a cheirar o seu pescoço.

- São os seus feromônios...- insistiu.

- A minha mãe pode entrar...- a lembrou, fazendo a namorada se afastar rapidamente.

- Eu não vou passar por esse constrangimento...- suspirou aliviada.

- Então quer dizer que só eu que posso passar? – indagou.

- Ocê que não se segura, Rosamaria. Tadinha da minha mãe...- deu de ombros e a oposta a encarou, incrédula.

- A tua cara nem treme! – ralhou, se aconchegando novamente.

- Nem vem, Rosa. – reclamou, mas a abraçou de lado. – Eu tenho que manter a postura de boa moça pros seus pais, como é que eles vão deixar eu casar com ocê?

- Então tu quer casar comigo?

- Tem mais ou menos uma vida toda, esse lance. – repetiu as palavras da namorada.

- Com vestidos, véu e festa? – indagou sorrindo. – E um lugar cheio de rosas?

- Ocê já viu o preço das rosas? – perguntou incrédula. – A gente pode achar outro tipo de...

- Sua pão dura! – reclamou. – Logo eu, que queria casar com o padre Fábio de Melo celebrando...

- E quem não quer casar assim? – rebateu. – Acho que até as freiras querem casar com esse padre, imagina se querem que ele celebre o casamento.

- Nossa, Caroline. Essa foi péssima! – ralhou, mas gargalhou em seguida. – Tu vai pro inferno.
- Ah, nem...

- Eu vou ter que ir junto. – revirou os olhos. – Nossas almas viverão juntas pela eternidade.

- Credo, então a gente tem que melhorar! – pontuou.

- Tu que tem que melhorar. – enfatizou. – Eu vou estar lá por osmose.

– Então somos almas gêmeas? – desconversou.

- Somos. – afirmou.

- Eu também acho. – deu de ombros. – Até quando nós éramos apenas amigas.

- Nem sempre são casais, não é?

- Sim. – a respondeu. – Mas eu fico feliz que a gente seja.

- Melhores amigas e um casal? – indagou.

- Ter a namorada como melhor amiga. – a respondeu. – É surreal que eu possa conversar sobre tudo com você, como amigas, e nos amar como namoradas.

A oposta assentiu.

- Fora que eu posso te contar as fofocas cabeludas daqui e saber das fofocas internacionais. – pontuou animada. – Essa vida é muito boa!

- Meu pai amado! – gargalhou. – A gente edifica bastante, Caroline.

A central fechou os olhos ao ouvir a riso da namorada, lembrando de como gostava de ouvir aquele som.

- Obrigada. – sussurrou.

- Pelo quê? – perguntou, sem entender a mudança brusca de assunto.

- Por ser quem você é. – acariciou o rosto dela. – Eu amo o som da sua risada.

- Tu fez tudo isso por mim hoje e me diz obrigada? – indagou. – Tu existe mesmo?

- Não. Isso aqui é só o meu holograma...- a respondeu. – O meu eu de verdade tá lá no panteão dos deuses gregos.

- Idiota! – gargalhou novamente. – O meu riso vem fácil quando eu tô contigo, sabia?

- Ocê tá me chamando de palhaça, Rosamaria? – brincou.

- Tô chamando você de felicidade. – pontuou carinhosamente.

- Noooooossa! – sorriu. – Agora você pode fazer o que quiser de mim, mulher! Essa foi espetacular.

- Eu tenho que parar de te vê quando eu tô de tpm. – reclamou. – Eu perco toda a minha pose com esses hormônios.

- Eu tô amando! – pontuou. – Não que eu não ame o seu jeito bruto, é claro. Eu te amo de todo jeito.

- Quando foi que a gente se tornou tão melosa? – perguntou Rosamaria, fazendo careta. – Credo! 

- Isso se chama saudades, meu amor. – rebateu sorrindo. – E três meses longe docê.

Rosamaria sorriu para ela e recebeu um sorriso de volta.

- E se a gente dormisse um pouquinho? – sugeriu Carol.

- Como assim? Tu não vai me explicar qual foi a mágica que tu fez pra vir até aqui?

- Eu não durmo há duas noites. – a explicou. – Saí de BH direto pra São José do Rio Preto e tive que resolver o que eu disse que faria.

- Caroline! – a repreendeu. – Tu pelo menos comeu?

- Em alguns momentos. – a tranquilizou. – Eu só queria fazer tudo o mais rápido possível pra vir logo.

- Tu quer que eu vá buscar comida pra ti? – perguntou preocupada.

- Eu só quero que ocê fique aqui, agarradinha comigo. – pediu. – E eu preciso de um cochilo de cinco minutos...

A oposta concordou silenciosamente, trocando de posição com a namorada, já que a dor havia passado completamente. Então ela puxou Carol para deitar em seu peito, aproveitando a posição para fazer um cafuné e alisar suas costas.

- Os feromônios, amor...- sussurrou, quase entregue ao sono.

Rosa sorriu e continuou com o carinho, até ouvir a respiração profunda da namorada e se dar conta que ela havia dormido. Então, ela sorriu novamente, agradecendo aos deuses pela sorte que tinha por ter conseguido alguém tão maravilhoso quanto a sua “Caroline”.


Mais tarde, ainda naquele dia.


- Então, gente boa. Eu tô aqui pra divulgar os biquínis da loja da minha amiga, que vocês já conhecem. – disse, olhando para a câmera do celular. – A Nay já experimentou, agora chegou a vez da minha vintage.

Carol acenou para o celular, já com o biquíni verde no corpo, mas sendo impedida de aparecer.

Rosa pegou o celular do tripé e direcionou como queria.

- Vejam como ele cai bem. – mostrou a namorada da cintura pra cima.

- Uai, e não tem que mostrar o trem todo? – questionou Carol.

- O tecido é ótimo, gente. – ignorou o comentário da outra mulher. – E o preço é ainda melhor. – continuou, dessa vez mostrando o próprio biquíni. – O caimento é perfeito.

- E ele é bem confortável. – pontuou Carol, se aproximando da oposta. – A calcinha não é minúscula e não incomoda nadinha. Mostra aqui, amor...

Rosa a mostrou novamente, mas apenas a parte de cima.

- Rosamaria!

- É isso aí, galera. Comprem e me marquem quando vocês usarem. – sorriu pra câmera. – Um beijo.

A central a encarou incrédula.

- Por que tu tá me olhando assim? – indagou Rosa, com a sobrancelha arqueada. – A Marina me paga por ter enviado peças tão minúsculas!

- Eu pensei que ocê ia mostrar o biquíni todo. – rebateu.

- Eu não preciso de mais ninguém fazendo videozinho seu dizendo que “as vezes não é nem pela lancha”. – revirou os olhos. – Tô apenas garantindo que os meus chakras não sejam desalinhados.

A loira gargalhou.

- Ninguém mandou você namorar uma grande gostosa! – riu e recebeu um olhar mortal. – Já que ocê tá no Instagram, abre uma caixinha de perguntas pra gente responder?

Rosa analisou por alguns segundos.

- É. A gente não tá fazendo nada mesmo. – deu de ombros, publicando uma imagem delas nos storys, com a caixinha de perguntas intitulada de “Rosattaz responde”.

- Nós temos mais ou menos meia hora pra responder. – avisou Gattaz, colocando uma roupa por cima do biquíni mesmo.

- Eu não me lembro de tu ter alguma coisa marcada pra hoje. – pontuou Rosamaria. – o que houve?

- Espere e você verá, Rosamaria. – piscou um olho pra ela.

- Caroline...- semicerrou os olhos, desconfiada. – O que tu tá aprontando?

- É surpresa, meu amor. – rebateu. – Será que já tem alguma pergunta boa?

A oposta continuou olhando para a namorada, totalmente desconfiada do que ela possivelmente estaria aprontando.

Já a central tentava manter a postura descontraída, mas no fundo estava nervosa. Já havia conferido os anéis de diamante que havia comprado, uma porção de vezes, e eles ainda estavam num lugar escondido em sua mala, para que a namorada não os visse.

- Vamos deitar na cama pra responder? – questionou Rosa, vestindo uma camiseta em seguida. – É mais confortável.

- Tudo bem. – a central caminhou até a cama e sentou, esperando pela outra mulher.

- Eu achei uma aqui que pode ser interessante. – se juntou ao lado da namorada, ligando o celular para gravar. – Tá pronta?

- Sim.

- A gente vai começar pela pergunta que, dependendo da resposta, alguém vai dormir no sofá...- pontuou Rosa e Carol arregalou os olhos. – Quem é a celebridade crush de vocês? – leu. – Você começa.

- Eu? – perguntou incrédula. – Vocês me quebram, gente. Assim não dá...

- Ela vai responder no próximo story. – disse e esperou a resposta da namorada.

- A minha é a Elizabeth Olsen. – respondeu Carol. – Acho que é o meu tipo de mulher...- encarou a namorada. – Olhos verdes me encantam.

- A conversinha é essa. – revirou os olhos, deixando o celular de novo. – Amor, vamos supor que a Elizabeth Olsen aparecesse na tua frente, só de toalha...

- Ocê vai começar, Rosamaria?

- Eu ainda não terminei de falar. – ralhou. – Se ela aparecesse de toalha na tua frente e de repente essa toalha caísse, o que tu faria?

- Como é que essa mulher ia aparecer pelada na minha frente, Rosa? – indagou, segurando o riso.

- “Se” ela aparecesse. – enfatizou.

- A Elizabeth Olsen?

- É, Caroline!

- Em que realidade paralela? – tentou fugir.

Rosa a encarou com os olhos semicerrados.

- O que tu faria?

- Eu certamente tamparia os meus olhos e pediria pra ela colocar a toalha, em nome de Jesus. – deu de ombros.

- Tu não olharia? – questionou.

- É claro...- respondeu sinceramente e acabou levando uma cotovelada de leve. – Claro que não, amor. – se redimiu. – Ocê não me deixou terminar a frase.

- Eu tô de olho em você, Gattaz. – resmungou, voltando a pegar o celular. – Tivemos um pequeno impasse, mas já voltamos. – sorriu para o celular. – A Caroline escapou por pouco.

- Imagina, gente. A Elizabeth Olsen...- pontuou pensativa. – Mas eu prefiro a minha deusa.

- Prefere, né? – rebateu. – Agora é a minha vez de responder qual é a minha crush famosa, mas eu acho que é meio óbvio.

- É? Eu não sei quem é...- pontuou pensativa.

- É a Emma Watson. – deu de ombros.

- Aquela atriz de Harry Potter?

- Ela própria. – respondeu, finalizando o story.

- Por que ela? – perguntou, após refletir.

- Não sei... talvez seja por ela ter sido a minha primeira crush da vida. – a explicou. – Eu achava ela muito bonita quando era adolescente.

A loira ficou em silêncio e desviou o olhar da namorada.

- Por que tu tá com esse bico enorme? – perguntou, se aninhando a ela.

- Eu não tô fazendo bico. – resmungou, afastando a outra mulher e virando de costas.

- Tá bom então. – fingiu não se importar e procurou pelo celular para ler as próximas perguntas. – Vamos pra próxima?

- Não quero mais. – resmungou.

Rosamaria sorriu e a agarrou por trás.

- Sai, Rosa! – tornou a resmungar.

- Tu quer que eu saia? – indagou, ainda agarrada a ela.

- Não. – sussurrou. – Por que ocê tem crush nela?

- Amor, é só uma pergunta boba. – a respondeu. – Não significa nada, não é?

- Talvez. – deu de ombros. – Ela e eu somos diferentes... é por esse tipo de mulher que você se interessa?

- Eu me interesso por você. – disse. – Acho que sempre te busquei nas pessoas e estabeleci um padrão muito alto.

- Isso explica o seu histórico com jogadoras de vôlei? – perguntou, enciumada.

- A minha favorita não estava comigo, então eu tinha que pelo menos tentar encontrar uma pra mim. – deu de ombros.

- A minha vez não chegava nunca! – ralhou com a namorada. – Tinha muito tempo já.

A oposta gargalhou lembrando da fala da namorada, de quando elas estavam em Belo Horizonte.

- Idiota! – riu, assim como havia feito. – A sua vez chegou.

- Graças a Deus, hein? – rebateu. – Que fila enorme que eu peguei e, se eu olhar pra trás, a fila tá maior ainda!

- A sua também é! – rebateu. – Tudo novinhas e assanhadas.

- Eu já me aposentei, Rosamaria. Achei a minha novinha e mereço uma folga. – se vangloriou. – Mereço um bom descanso.

- A luta foi árdua, né?

- Todo grande soldado tem um passado e graças a Deus tem um futuro. – pontuou. – Já dizia algum filósofo por aí, que eu não me lembro do nome.

Rosa sorriu com a fala da outra mulher e com o momento que elas estavam tendo.

- Eu não sabia que uma simples pergunta viraria uma terapia de casal. – falou. – Nós somos muito intensas.

- A gente só troca muita ideia. – disse a loira, virando de frente pra ela. – Não tinha sido esse o combinado?

- Tinha. – assentiu. – Falar sempre o que estiver incomodando.

- Sempre. – sussurrou, selando os lábios nos dela em seguida. – Eu amo você.

- E eu te amo. – selou os lábios novamente, mas se separou ao ouvir a campainha tocar. – Estranho... meus pais levaram a chave e eu não tô esperando visita.

Carol, que havia esquecido o que havia pedido, a olhou sem entender.

- Eu vou lá dar uma olhada. – disse a oposta rumando para a porta.

Passados alguns minutos, a central sentou na cama abruptamente, ao lembrar do que havia pedido.

- Meu Deus, a...

- Caroline Gattaz, por que tem uma caixa endereçada a você na casa dos meus pais? – indagou Rosa. – E tem alguma coisa se mexendo dentro dela.

- Por que você mesma não abre. – sugeriu, esperando a reação da namorada.

Rosa colocou a caixa em cima da cama e puxou a tampa, dando de cara com uma cadelinha minúscula.

- Mas o quê...- perguntou perdida, pegando o bichinho no colo. – Meu Deus!

- Ocê gostou? – indagou esperançosa.

- Eu quero esmagar ela! – abraçou a pequena e acabou recebendo uma lambida na bochecha. – Não dá!

- Eu sabia que você ia gostar. – sorriu para a namorada. – Eu achei vocês duas bem parecidas e resolvi comprar pra você.

- Como é que é? – bufou. – Tu acha mesmo que eu pareço com um pinscher?

- Claro, ocê é toda bonitinha e raivosa. – a respondeu. – Traz ela aqui?

A oposta se encaminhou para a cama, com a cachorrinha nos braços.

- Eu só não vou te responder, em respeito a criança, Caroline Gattaz. – resmungou, soltando a pequena na cama. No segundo seguinte, ela correu para cima da loira.

- Não, não, não! – a repreendeu. – Você fica pra lá, mocinha. – encarou a bolinha de pelos, que lhe devolveu um olhar triste. – Mas não precisa me olhar assim também...- a pegou no colo. – Não se acostume, é só hoje.

Rosamaria sorriu apaixonada.

- Eu nunca tive um cachorro. – se lembrou. – Mas acho que, se ela ficar desse tamanho, posso ficar com ela.

- Ela vai ficar desse tamanho. – disse, acomodando a cachorrinha melhor em seu peito. – Ela deve tá cansadinha, a coitada.

- Como tu sabe que ela vai ficar desse tamanho? – perguntou curiosa.

- Ela foi geneticamente modificada. – a respondeu. – Eu entrei em contato com um canil na Alemanha e pedi que eles me mandassem um cachorrinho, daí eles me sugeriram a raça e eu achei maravilhoso.

- Espera aí, ela veio da Alemanha?

- Sim. – deu de ombros. – chegou no Brasil hoje cedo e...

- Tu comprou um cachorro na Alemanha? – perguntou, ainda perplexa.

- Sim, amor. Ela veio com alguns cavalos e bois que eu também comprei. – a explicou. – Foi indicação de um amigo meu, daí eu aproveitei que os bichos já vinham de lá e pedi pra esse meu amigo mandar a cachorrinha junto.

- Caroline, isso deve ter sido uma fortuna! – ralhou.

- Ela é de linhagem pura. – falou um pouquinho mais baixo, já que a cachorrinha havia caído no sono.

- Tu devia ter comprado no Brasil, como pessoas normais fazem.

- Eu só queria o melhor pra você. – deu de ombros. – E não foi caro.

- Estamos falando de quanto?

- Cinco milhões de reais. – a respondeu.

- Num cachorro? – perguntou incrédula.

- Não, sua boba. – gargalhou. – Eu falei no geral, dos bois e cavalos. – a explicou. – A cachorrinha custou 12 mil reais, agora ocê converte isso em euro.

- Caroline...tu...nossa! – resmungou, deitando ao lado dela. – As vezes eu esqueço que você é rica.

- Eu não sou rica. – pontuou. – apenas faço os investimentos certos.

- Ah, é. Esqueci que tu é classe média. – rebateu, alisando a cadela. – Como vai ser o nome dela?

- Eu pensei em “Flor”, já que ela vai ser a sua filha. – respondeu.

- Como assim “minha filha”? – indagou. – Tu acha mesmo que vai fazer um filho em mim e me deixar ser mãe solteira?

A central gargalhou com a fala da namorada.

- De jeito nenhum! Eu sou uma mulher de honra, Rosamaria. Não vou correr da minha responsabilidade.

- Nossa, agora eu lembrei daquele vídeo que as fãs fizeram. – gargalhou também. – Eu era uma menina linda linda...

- Eu fiquei com essa música na minha cabeça por dias! – resmungou. – Então nós tivemos a nossa primeira filha?

- Tu jogou ela nos meus peitos! – rebateu. – Eu meio que não tive escolha, mas eu amei. Não tem como devolver vocês.

- Tá vendo, Florzinha. Ela já quer jogar a gente fora. – disse, acolhendo melhor a cachorrinha. – Eu vou ser uma mãe largada, com uma criança pequena no colo...

- Pequena mesmo, ela cabe na sua mão. – sorriu apaixonada. – Vocês são até parecidinhas...o pelo dela é da cor do seu cabelo.

- Arre! – exclamou. – A personalidade é toda sua, então.

- De fato. – retrucou, voltando a pegar o celular, abrindo no Instagram. – Bem, gente, interrompemos a programação por motivos maternos. – apontou a câmera para a namorada e a cachorra. – Conheçam a Flor Montibeller Gattaz.

- Oi, gente...- a central evidenciou o bichinho, mas ele se escondeu no pescoço dela. – Nada de câmeras, amigos.

- Tadinha...- virou o celular para si. – A Caroline aprontou essa pra cima de mim e agora somos mães de pet! – exclamou animada. – Mas ela quem vai tomar conta.

- O quê?

- Pelo menos enquanto a gente estiver no Brasil! Tu acha justo que eu fique com ela o tempo todo?

- Mas...

- Eu quero ver quando a gente tiver filhos, o que tu vai fazer. – reclamou.

- Eles terão babás, não é? – perguntou esperançosa. – E eu não sei cuidar de cachorro, Rosamaria! A gente coloca ela numa escolinha.

- Eu também não sei cuidar, Caroline. – rebateu. – Nós somos mães de primeira viagem, gente. O interessante vai ser manter essa coisinha minúscula viva.

- E quanto a escolinha? – sugeriu.

- Os outros cachorros vão atropelar a coitada. – revirou os olhos. – Não deve ser tão difícil, a Priscila tem dois.

- Se a Pri deu conta dos zoiudinhos dela, a gente consegue também. – sorriu para a câmera. – Marca ela nesse story.

- Ela vai matar você por ter chamado os peludos dela assim. – deu de ombros. – Então, gente. Vamos pular a parte da maternidade forçada e voltar pras perguntas.

- Vamos! – falou animada, deixando a cachorrinha no travesseiro da namorada. – Fica quietinha, tá?

A pequena ignorou o pedido e voltou pro travesseiro da central.

- Vejamos que a Flor tem a mãe preferida. – pontuou Rosa, ignorando a cara de poucos amigos da namorada. – Foi tu quem inventou.

- Vamos logo com isso, antes que eu faça um sorteio dela no Instagram! – resmungou.

- Caroline...- a repreendeu. – Eu achei uma pergunta bem legal aqui. – indicou o celular. – Qual foi o jogo mais difícil que vocês jogaram no Mundial de 2022?

- Eu começo ou...

- Tu começa.

- Que democrático. – revirou os olhos. – Eu acho que foi o jogo contra o Japão.

- Eu concordo.

- Ocê chegou pra ajudar a gente, como sempre. – a encarou.

- É, eu entro sempre nas piores partes. – rebateu. – Me sinto uma bombeira, de tanto fogo que eu apago na seleção.

A central gargalhou.

- Foi um jogo bastante difícil, né. A gente tava perdendo de dois a zero quando cê entrou?

- Sim. Eu entrei no terceiro set.

- Nossa, agora eu lembro. – disse. – Jogar contra o Japão é sempre difícil, mas aquele jogo foi pior.

- Elas estavam muito bem em quadra mesmo.

- Nada caía no lado delas. Parecia sempre que elas estavam duas jogadas a frente e adivinhavam o que a gente faria. – pontuou. – Mas nós tivemos um start no terceiro set e contamos com a entrada da Betinha e da Rosa.

- E tu estava imbatível. – a lembrou. – Aquele seu ponto de bloqueio no fim do quarto set...

- Nossa, eu ainda fico toda arrepiada! – comentou. – Ainda sou capaz de ouvir alguém gritar por mim...

- Vai que é tua, Gattaz! – disse Rosa.

- E teve o Zé também... Não sei o que me deu e como eu acertei o tempo do bloqueio, só sei que foi. – falou e a namorada finalizou o story.

- Linda...- a oposta sorriu e selou os lábios nos dela.

- Foi exatamente isso que ocê me disse, quando eu tava dando entrevista. – sorriu de volta. – Fez eu perder a minha pose profissional.

- Não me culpe se você tá linda o tempo todo e tem uma coisa em você com a camisa da seleção, que eu não consigo explicar. – pegou o celular novamente. – Olha, essa é boa também. – começou a gravar. – Qual oposta vocês sentiram um frio na barriga ao saber que iriam enfrentar?

- Eu acho que a Egonu, né? – indagou.

- Com certeza. – respondeu. – O time todo da Itália é muito bom e elas, apesar de parecer, não sobrecarregam tanto a Egonu, como outras seleções fazem com suas opostas. O jogo delas é focado na Egonu, mas as ponteiras são bem participativas.

- As centrais também se fazem muito presentes e a líbero então... é difícil fazer a bola cair. – completou. – Mas a Egonu tem algo de diferente nela...ela oscila as vezes, mas é muito habilidosa.

- Essa também é muito boa. – mostrou o celular para a namorada, assim que finalizou o story.

- Você começa respondendo.

- Tá bem. – concordou. – Qual foi o jogo mais difícil das olimpíadas de Tokyo? – indagou. – Eu acho que, tirando a final, foi o jogo contra a Rússia.

- Sim. – pontuou Carol. – Elas tinham estudado a gente bastante, então o jogo ficou muito fácil pra elas. Até você e a Macris entrarem.

- Elas pareciam adivinhar pra onde a Roberta levantaria, né? E, quando a Macris entrou, o ritmo do jogo foi outro.

- E a sua energia dentro de quadra contagiou todo mundo. – a lembrou. – Teve um lance que eu quase beijei você e cê nem percebeu.

- Eu tava concentrada no jogo, Caroline! – rebateu envergonhada.

- E eu tava dividida entre aguentar as suas sacudidas e segurar a Brait no colo. – gargalhou. – Mas eu me perdi na sua marra e quase deixei a Pikachu cair.

- Tadinha da baixinha. – gargalhou também. – Outra pergunta: como foi o pós do jogo contra a Rússia?

- Exaustivo! – rebateu. – A gente deu o sangue naquela partida e foi como se eu tivesse jogado uma partida de oito sets.

- Tu foi a maior pontuadora, lembra? – questionou.

- Lembro, por isso meus joelhos estavam me matando. – a respondeu. – Sem falar da sobrecarga psíquica.

- É. Eu meio que fiquei em êxtase, mas quando o cansaço bateu...

- Você dormiu feito uma pedra. – a interrompeu. – Nem reclamou da cama de papelão.

- Aquelas camas eram terríveis! – reclamou. – Vocês não perguntaram, mas a pior parte das olimpíadas foram as camas.

- Acho que eles não se ateram ao nosso tamanho. – pontuou rindo. – E a Rosa reclamava todo santo dia.

- E tu tava de boa com isso, né?

- Eu meio que tava mesmo. – respondeu. – Nada me abalava naquele momento.

- A sua calma me acalma as vezes. – disse e recebeu um olhar surpreso. – Mas é só as vezes.

- Me sinto lisonjeada, Rosamaria. – debochou.

- Larga mão!

- Olha, gente. Ela até tá falando igual a mim! – falou, atraindo a atenção do celular para ela. – Além da minha risada, é claro.

- É como dizem: a gente é o que a gente co...

- Rosamaria! – a repreendeu.

A oposta gargalhou com a cara de espanto da namorada.

- Voltando ao foco. – se recompôs. – Qual a oposta mais temerosa que vocês já jogaram contra?

- Essa é fácil.

- Eu acho que a gente pensa que é a mesma. – disse Rosa.

- Bosko? – perguntou e a oposta assentiu. – Ela é fenomenal.

- Ela é. – concordou. – Jogar na ponta, contra a Sérvia, é um círculo do inferno.

- E quando ela ataca por cima do bloqueio? – indagou. – Nossa...bloquear ela é um fenômeno.

- Tu marcou uns pontos de bloqueio nela, nas olimpíadas. – Rosamaria lembrou. – Quase que eu infarto nesse dia.

- Coitada da Ana Cristina. – lembrou também. – Diz ela que até hoje ela sente dor nos dedos, de tanto que ocê apertou.

- Dramática! – revirou os olhos. – Eu tô vendo que algumas amigas nossas mandaram algumas perguntas...- pontuou. – Vou ler essa e tu vai ter que adivinhar quem fez.

- Manda.

- Como é ter a melhor central do mundo como amiga? – Rosa fez a pergunta.

- Eu tô em dúvida entre a Carolana e a Thaisa...- a respondeu. – Mas a vegana não tem 10% da autoestima da Thaisa, então foi ela quem fez a pergunta. 

- Foi ela mesmo. – disse Rosa. – Aliás, antes de vocês namorarem alguém, primeiro vocês precisam conhecer as amigas dessa pessoa.

- As suas amigas me amam. – Carol deu de ombros.

- Já as suas...- rebateu. – Quando a gente se desentende, eu tenho mais medo de falar com elas do que com você.

- Larga mão, vai. – retrucou, sorrindo. – Elas são como irmãs.

- Ah, mas a Marcela e a Renata são anjos! – a lembrou. – Já as suas amigas...a Thaisa ficou sem falar comigo por três dias, no pré-olímpico.

- Eu acho que o seu perdão veio no jogo contra o Japão...

- E eu ainda derrubei ela, sem querer. – riu da lembrança. – Fiquei com medo de levar uma voadora.

- Mas ela sorriu procê...- defendeu a amiga.

- Porque eu fiz um ponto de bloqueio, pra minha sorte. – rebateu. – É isso, gente. Conheçam os amigos de quem vocês namoram.

A central sorriu para a câmera, encerrando o assunto.

- Próxima e última pergunta. – fez uma pausa. – Quem é a mais ciumenta e por que a Rosamaria?

- Essa foi uma pergunta das meninas?

- Foi. – respondeu. – Advinha de quem.

- Betinha! – pontuou animada. – Saudades docê, Betinha!

- Gente, a Roberta, se eu der um vacilo, ela toma o meu lugar! – resmungou. – E eu sou a mais ciumenta mesmo.

- Um pouquinho. – rebateu. – Eu também tenho ciúmes.

- As vezes, né? – perguntou e a namorada confirmou. – É isso aí, gente. Foi bom o papo com vocês. Agora a gente têm que ir cuidar da nossa pulguenta...

- Rosamaria! – Carol a repreendeu. – Ela não tem pulgas!

- Até porquê nem caberia. – respondeu. – As pulgas viveriam num espaço mínimo. – completou. – Beijo, gente!

- Valeu, galera! – se despediu com um sorriso.

- Ótimo. – deixou o celular de lado. – Como é que a gente vai cuidar dela?

- Tem tudo o que ela precisa, dentro da caixa que ela veio. – Carol a tranquilizou.

- O moço entregou uma sacola extra, mas eu deixei lá na sala. – disse.

- Deve ser a caminha dela. – falou, encarando a cachorrinha. – Ocê tem que ir pro chão...- tentou pegá-la no colo, mas ela rangeu os dentes. – Você não vai dormir no meu travesseiro! – tentou pegá-la novamente e dessa vez a pequena quase a mordeu. – Arre! Ajuda aqui, Rosa?

- Eu não. – rebateu, receosa de levar uma mordida.

- Olha aqui...- chamou a atenção da cachorra e quase foi mordida. – Rosa, se ocê não me ajudar, eu vou virar lembrança!

A oposta gargalhou.

- Olha o seu tamanho e olha o dela, Caroline. – disse Rosamaria. – Tu tem 1,92 e ela tem o quê? 10 centímetros?

- Dez centímetros de puro ódio! – dessa vez ela pegou a cachorrinha com travesseiro e tudo para colocar no chão. – Eu vou chamar ocê de Florzinha ruindade pura.

Rosamaria gargalhou novamente, se dirigindo a sala, sendo seguida pela pequena. Ao chegar lá, ela pegou a sacola que havia largado e voltou para o quarto, para dar início aos cuidados da nova integrante.

(...)


O dia mal havia amanhecido e a porta do quarto foi aberta, revelando a mulher. Rosa foi a primeira a acordar e notar a presença da mãe no quarto.

- Mãe, o que a senhora tá fazendo? – sussurrou, evitando que a namorada acordasse.

- Tu me pediu pra te acordar cedo. – Adelir justificou.

- Eu pedi pra senhora me acordar cedo e não de madrugada. – revirou os olhos.

- Mas não é de madrugada...

- Aposto que não são nem seis da manhã ainda, mãe. – choramingou, se remexendo na cama, fazendo com que a central acordasse.

- Rosa? – Carol a chamou, ainda de olhos fechados.

- Bom dia, minha filha. – Adelir a cumprimentou.

Carol abriu os olhos de repente, dando de cara com a mulher mais velha.

- Sogra? – indagou. – Aconteceu alguma coisa? Por que a senhora tá aqui a essa hora?

- Não aconteceu nada, querida. A Rosa me pediu pra acordar ela cedo...- a tranquilizou.

- Cedo? – a encarou confusa. – O seu compromisso não era as oito? – se dirigiu a namorada.

- É as oito mesmo, é só a minha mãe que não tem noção de hora. – ralhou.

- Aqui, a gente acorda cedo, Rosa. – Adelir deu de ombros.

- Cedo? – Carol indagou novamente. – A essa hora, dona Adelir, as galinhas ainda estão dormindo. – disse, gargalhando em seguida, sendo acomodada pela sogra.

- Tu ri, né? – a posta a encarou incrédula. – Só porque tu vai voltar a dormir e eu não consigo.

- Não vou, não. – a confortou. – Vou fazer companhia procê, amor.

Rosamaria a olhou desconfiada.

- Tu tem certeza?

- Tenho. – assentiu. – Só me lembre de dormir mais cedo, quando viermos visitar os seus pais na próxima vez.

- Deus ajuda quem cedo madrugada. – disse Adelir.

- Ah, mas Deus já me ajudou demais, minha sogra. – encarou a namorada. – Deus e a senhora. – sorriu. – Olha só que trem lindo acordando...

- Caroline...- a repreendeu. – Não começa cedo hoje.

- Ih, ela já tá de mau humor. – pulou da cama e calçou os chinelos. – É melhor a gente manter distância. – pontuou, indo para perto da sogra. – Venha, sogrinha. Eu vou salvar a senhora de um possível homicídio...

A oposta acompanhou as mulheres de sua vida atravessarem a porta e sair do quarto, a deixando sozinha no cômodo. Não demorou muito para que ela fosse atrás delas, as achando na cozinha.

- Eu fiz o sanduíche que tu gosta, filha. – disse Adelir, finalizando o prato.

- Obrigada, mãe. Não precisava...- agradeceu Rosa, sentando ao lado da namorada.

- E eu preparei o seu suco de laranja, tirada agora há pouco do pé. – completou Roque, pegando o copo e se dirigindo a mesa. – Mas eu pensei que tu fosse acordar mais tarde...

Rosamaria estreitou os olhos quando o pai colocou o copo na frente da namorada e encarou a mãe, vendo ela fazer o mesmo com o sanduíche.

- Mas o quê...

- Obrigada, sogrinhos. Vocês são uns anjos. – agradeceu Carol. – Tô pensando até em perdoar a senhora por ter me acordado tão cedo, dona Adelir.

- Por que tu acordou ela cedo, mana? – Roque questionou a esposa. – A coitadinha deve estar morrendo de sono.

- Foi sem querer. – admitiu Adelir. – Era pra ter acordado só a Rosa, mas ela acabou acordando.

A oposta olhou para a mãe desacreditada.

- Não tem problemas, minha filha. Na varanda tem uma rede ótima pra tirar um cochilo. – disse Roque.

- Gente e eu? – questionou Rosa. – Não mereço um café da manhã também?

Os dois pais encararam a filha, parecendo ter notado ela apenas agora.

- Ótimo, perdi meus pais para a minha namorada! – bufou.

- Agora você sabe como eu me sinto. – debochou Carol. – Eu vou te preparar algo, meu bem. O que ocê quer?

- Um pão com ovo tá de bom tamanho. – pediu, fazendo biquinho.

- Eu faço então. – se adiantou Adelir. – Não precisa se preocupar, Carol.

- Valeu, sogrinha. – agradeceu, da do uma mordida em seu sanduíche em seguida.

- Claro, a norinha dela não pode sujar as mãos. – debochou Rosa. – Eu tô com ciúmes, mãe!

A mulher mais velha revirou os olhos.

- Eu vou fazer pra você agora, Rosoca. – disse, rumando para a pia da cozinha.

- Rosoca? – indagou Carol, segurando o riso.

- Não fode, Caroline. – ralhou.

- Que mau humor é esse, mana? – o homem sentou em frente as mulheres. – Desse jeito tu vai acabar espantando a tua namorada.

Rosamaria fuzilou o pai com os olhos.

- Ah, sr Roque. Mas eu não trocaria essa onça por nada nesse mundo, uai! – sorriu para o sogro. – Eu amo esse jeitinho dela.

- Onça é a sua...- Rosa tentou dizer.

- Tu acredita que a mãe dela é igual? – Roque interrompeu a filha.

- Não acredito! – exclamou Carol. – A minha sogrinha é uma anjo. Eu ponho a mão no fogo por ela.

- Você que é um anjo. – Adelir piscou para a nora. – E você, Roque, vê se cala essa boca!

- Viu? Eu falei...- ele deu de ombros. 

- Caroline! – exclamou Rosa, de repente.

- O que foi, meu Deus? – a encarou assustada. – Ocê tá bem?

- Tu não tá esquecendo de nada?

A central vasculhou na memória todas as possíveis datas que não poderia esquecer, mas naquele dia não havia nada em específico.

- Eu deveria lembrar de alguma coisa? – questionou receosa.

- De alguma coisa, não. – a respondeu. – De alguém.

- Alguém, como assim...- teve um estalo. – A Flor!

A loira se levantou e correu até o quarto, atrás da pequena.

- Quem é Flor? – indagou Adelir, colocando o prato na frente da filha.

- Eu acho que vocês não chegaram a ver ela, já que só voltaram hoje. – respondeu Rosa. – Mas a Carol comprou uma cachorra e ela chegou ontem.

- Vem conhecer os seus avós...- a central voltou a cozinha, com a bolinha de pelos no encalço. – Ela dormiu dentro do meu tênis!

- É esse o cachorro? – perguntou Roque, achando graça.

- Ela é muito lindinha...- disse Adelir, se abaixando para pegar a cachorrinha no colo. – Tão pequenininha.

- O que tem de pequena, tem de braveza. – resmungou Carol. – Ela quase me mordeu de novo!

- Tu tá estressando ela, Caroline. Não pode fazer isso. – a repreendeu. – Lembra do que a gente pesquisou?

- Eu mereço, viu! – voltou a sentar a mesa. - Se arrependimento matasse...

- Mãe, a senhora pode ajudar a Carol com ela? – pediu.

- Isso não é um bebê, filha. – rebateu. – Ela não vai matar a coitadinha, nem nada.

- É, Rosamaria. Eu não sou uma inútil! – resmungou, voltando a sentar ao lado dela.

- Vocês precisam ter cuidado pra não pisarem nela, se não a coitada vai de arrasta pra cima. – pontuou Rosa. – Lembra de fazer ela comer daqui a umas duas horas e vê se faz ela beber água também.

- Tá. – deu de ombros.

- Tu vai ficar bem enquanto eu estiver fora? – perguntou receosa.

- Claro que vai. – interrompeu Roque. – A gente vai lá pra casa da sua avó daqui a pouco.

- Vamos? – Carol indagou animada.

- Ela te adora e pediu uma visita tua. – o homem a respondeu. – Além disso, tu vai me ajudar a colher algumas frutas...

- Êba! – comemorou Carol. – Eu adoro colher.

- A senhora também vai, mãe?

- Vou. – respondeu. – Eu preciso organizar algumas coisas na casa, enquanto a Carol e o seu pai ficam fora.

- Mas e a Flor? – perguntou, preocupada. – Ela vai se perder!

- Ela tem um chip rastreador, amor. – a tranquilizou. – E a gente vai deixar ela dentro da casa.

- Ela tem um chip? – indagou Roque.

- E aonde que coube isso? – completou Adelir.

A central sorriu para os sogros.

- Os cachorros geralmente possuem um microchip pra ajudar na localização, caso eles se percam. – explicou Carol. – Eu só não sei aonde é que tá localizado nesse projeto de cachorro.

- Vem aqui, amorzinho da mamãe. – chamou a peluda e ela correu até os pés da oposta, que a pegou no colo. – Nada de dar trabalho a sua outra mãe, senão ela doa tu pro primeiro que aparecer. – cheirou a pequena cabeça. – E corra de pernas, tá?

- Ninguém vai pisar nela, amor. – revirou os olhos.

- É só precaução, Caroline! – a repreendeu.

- Imagina quando vocês tiverem filhos. – debochou Adelir.

- Eu vou envelhecer vinte anos em um! – rebateu Rosa.

- Eles vão ter babás, sogra. – Carol a tranquilizou. – E eu vou ter que exercitar a minha paciência com a futura mãe deles.

– Tu não me testa, Caroline...- resmungou, colocando a cachorrinha no chão. - Acho que já deu a minha hora de ir me arrumar...

- A gente já vai subir também. – disse Carol, assistindo a namorada ir na frente. Ela esperou até que Rosamaria estivesse longe, para que pudesse falar com os sogros. – Assim que ela sair, eu preciso falar com vocês dois.




Nota de quem escreve: é isso aí, família. Ainda não tivemos os 7 pescoçudinhos, mas tenhamos esperança. A Florzinha apocalíptica veio para fazer um treinamento nas mamães.

Ps.: Pix de um centavo pra quem adivinhar o que a Caroline vai pedir pros pais da Rosa.






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