🔥 06 - Maldição Engel

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O sol escaldante reinava absoluto sobre as areias douradas do deserto de Trochen. De longe a temperatura alta que saía do solo parecia fazer a areia dançar. Caminhando ao sol um grupo de 4 pessoas seguia em direção aos limites de Trochen e Graben levando o que pareciam ser duas carroças sendo arrastadas pelo deserto. Os rostos cobertos por um tecido leve que cobria nariz e boca e um par de óculos projetados para proteger os olhos da tempestade de areia que surgia a cada 2 horas. Um dos membros apontou para a frente. De longe um grupo de 3 criaturas seguiam correndo na direção deles. Um dos mascarados acenou com a cabeça positivamente. A criatura parecia humana mas não tinha cabelos, a pele tinha um tom cinza e esverdeado com veias saltadas num tom roxo escuro. Os olhos eram pretos como um vazio profundo. Os dentes que não caíram ficaram no formato de presas e as garras pareciam de uma fera selvagem. As criaturas partiram para cima do grupo que tentava se defender. A força sob humana das criaturas deixava a luta injusta. Com muita dificuldade, duas foram abatidas. A terceira criatura parecia muito mais selvagem que as outras duas. A fera rapidamente avançou sobre um dos membros do grupo e arrancou o braço dele com as garras, e depois abateu o segundo mordendo a jugular. O terceiro membro golpeou a criatura com um bastão pequeno, e o seu aliado amarrou a criatura que jazia desacordada.

Os membros sobreviventes amarraram os cadáveres das criaturas e de seu amigo morto na carroça. Na outra carroça, amarraram o amigo gravemente ferido.

Os dois fizeram o trajeto de volta esgotados pela luta e caminharam lentamente até Wüstental, a cidade do deserto. Longe do mercado barulhento e das casas na rua central, uma habitação grande feita recentemente com variadas janelas redondas. A dupla adentrou o local de forma exausta e foram recepcionados por várias pessoas que ali moravam. Ambos tiraram a parafernalha do rosto e o olhar dourado e furioso de Mia surgiu.

— Perdemos Ragnar!

— Ele sabia dos riscos, Mia! — Veridiana disse se aproximando dos recém-chegados do deserto.

— Não Veridiana! Para você é sempre isso!

— Mia... – o segundo membro tirou os óculos. Egon tentava amenizar a raiva de Mia.

— E olha para este jovem! Eu nem me lembro o nome dele! Entrou nesse barco furado e perdeu um braço! Você disse que era para resgatar moribundos! Mas, olha só essa criatura!

A criatura havia acordado e se debatia ferozmente enquanto amarrado a uma maca improvisada.

— Esta criatura é um de nós! – Veridiana disse irritada.

— Não! Não é! Olha só para você ver! Arrancou a traqueia do Ragnar!

— Brigar não vai adiantar! – Missai disse tentando estancar o sangramento do braço do jovem que urrava de dor.

— Com essa daí não tem conversa! – Veridiana disse se referindo a Mia.

— Não é você foi no deserto! Você só fica aqui de boa. – Mia disse ainda mais irritada.

— Vai lá esfriar essa cabeça. – Kara chegou tentando apaziguar a situação.

O grupo dos rebeldes estava aumentando aos poucos, embora ainda estivesse devagar. Os recursos eram poucos, Graben era vigiada 24 horas por dia, os túneis destruídos. A doença, a Maldição Engel se esparramava numa velocidade espantosa e para piorar surgiram indícios de uma mutação da doença. As péssimas condições de Graben eram a principal suspeita da causa da doença, mas nada era confirmado.

Veridiana e Kara levaram a criatura até V, numa ala médica improvisada. Dezenas de pessoas infectadas com a doença. Moribundos e agonizantes. V e uma equipe de "Carniceiros" tentavam identificar algo que pudesse pelo menos amenizar o sofrimento. A maca era feita de tábuas cobertas por um colchão de palhas e um lençol encardido, as paredes do local cobertas por um tecido escuro na esperança de isolar os doentes. Eles não sabiam a forma de contágio e todos eles poderiam ser vítimas da doença. V olhou para o ser que debatia ferozmente os olhos pareciam um vazio profundo, espumava pela boca e parecia que sua humanidade havia se perdido a muito.

Sangue de FogoWhere stories live. Discover now