Capítulo dois: your touch brought forth an incandescent glow

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CAPÍTULO DOIS

Lady Odette era o Bed & Breakfast das minhas duas mães, Emma e Abigail. Quem começou aquele negócio foi minha mãe biológica, Emma, que o herdou ao completar 18 anos. Era uma relíquia de sua ancestral, Odette Vallée, parte de uma das famílias fundadoras de Woodvale. A antiga dona era tia da minha bisavó e ela não confiou nos meus avós — pais de Emma — para cuidar do local, então eles nunca souberam de sua existência até descobrirem que ele estava no nome da minha mãe.

Minha mãe precisava de um recomeço naquela época. O seu plano original era deixar Woodvale em busca de um novo lar e de uma nova família, todavia, ao descobrir sobre a mansão e Odette, parecia que Woodvale estava disposta a fazê-la se encontrar dentro do seu perímetro. Ela aceitou o que parecia ser apenas um sinal do destino para que não fosse embora ainda. Sete anos depois, ela encontrou Abigail — e me reencontrou. Minha mãe Emma passou a acreditar que Woodvale tinha uma certa magia, de dar um rumo para as pessoas perdidas. Fazer com que elas fossem encontradas. Eu acreditava nisso também.

Saí da livraria às 5 horas da tarde e passei em casa — ao lado do Lady Odette — para tomar um banho. Vesti quase as mesmas roupas, mas tirei o chapéu e troquei o suéter por um moletom escuro mais quentinho para o clima do anoitecer.

A brisa noctâmbula era inflexível conosco. Atravessei a calçada com algumas folhas caídas e adentrei a mansão cuja fachada era decorada por heras. Segui por um doce caminho rodeado por flores coloridas até a porta de vidro da cozinha.

— Oi, mãe — cumprimentei minha mãe Emma. Nós tínhamos o mesmo cabelo acaju, mas o seu parecia mais ruivo do que o meu. Mais claro. E herdei também os olhos esverdeados e arredondados.

Ela estava com um liquidificador sobre a ilha e diversos frascos, legumes e ingredientes espalhados por ordem de uso.

— Hummm, nem sei o que é, mas sei que vai ficar bom.

— Salmão grelhado com espinafre e quinoa — respondeu ela com um sorriso dócil. — estará pronto em uma hora. Também estou preparando uma sobremesa de frutas sem açúcar.

Dei a volta na ilha e me inclinei contra a bancada da pia, de costas para a janela do jardim. O gato da minha irmãzinha, um felino peludo, grande e gordo de pelos cinzentos e olhos azuis chamado Lord Byron saltou ao meu lado e enfiou a sua cabeça debaixo do meu braço. Ele ronronou e ao se esfregar, deixou seus rastros felpudos no meu moletom.

— Estamos saudáveis?

Ela deu de ombros.

— Fiquei com a impressão de que comidas pesadas demais para os próximos dias não farão bem a ninguém. Você sabe como nossa alimentação pode afetar nosso humor, nosso cérebro... emoções... — minha mãe explicou de uma maneira misteriosa, mas eu estava acostumada com o seu jeito. Todos em Woodvale sabiam que Emma tinha um jeito de oferecer conselhos ou ajudar pessoas sem parecer que estava fazendo qualquer uma dessas coisas. Era por isso que todos a procuravam na sua loja, até mesmo a inflexível prefeita. — Por falar nisso, tenho aqui um pouco de chá de camomila e sinto que nossa nova hóspede vai querer um pouco.

Arqueei minhas sobrancelhas quando ela me entregou um par de xícara e pires transparentes com o chá fumegante. Tive que me afastar do Lord Byron para ele não lamber a xícara.

— Nossa nova hóspede por acaso é uma loira super alta e rude?

Emma deu de ombros.

— Ela é quase tão alta quanto você.

Mãe, — revirei os olhos e encarei a xícara — ela não foi com a minha cara quando passou na livraria e olha que usei todo o meu charme de ganhadora-do-prêmio-de-melhor-lojista-da-cidade.

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