III

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••••••3 meses depois••••••

Não vou dizer que não tenho meus altos e baixos. Eu sempre penso no quanto é um desperdício de tempo eu ainda estar viva, mas desde a última vez, não tentei mais contra minha vida.

Não tem sido fácil ficar limpa, sóbria e sã. É uma luta diária, é como "matar uma selva por dia", não só um leão. Sasori está bem melhor também, já não passa tanto tempo preocupado com a minha integridade física e consegue seguir com os projetos dele sem tantos receios.

Naquele dia, ou melhor, naquela noite, o tal médico, Itachi o nome (eu acho), recebeu a notícia da perda do irmão. Como ele e Sasori foram muito próximos por um tempão, ele foi ao velório e enterro. Evitei perguntar sobre, até porque é meio estranho uma pessoa com tendências suicidas querer saber sobre morte. Mas, pelo pouco que ele me contou, Sasuke era da minha idade e, depois de perderem a mãe, ele meio que virou a cabeça total. Vivia em rachas, usava muita droga, bebia muito e não se importava nem um pouco com a chance de algo acontecer.

Ele estava de saco cheio da vida.

Quando as pessoas ficam assim, cada uma tem um jeito (ou jeitos) de deixar isso claro, sabem? Vejo muita semelhança entre mim e ele. Muita mesmo. A real é que ele realmente conseguiu, mas não acredito que era isso mesmo que ele queria. O calor do momento, misturado com desprezo pela vida, faz com que a gente perca mesmo o rumo.

Sasori disse que tudo foi muito triste. Itachi estava desolado, mas ao mesmo tempo aliviado. Enfim… quando um jovem morre, leva muito consigo. Todas as possibilidades, sonhos, projetos… Levamos muito conosco. 

O fato é que, depois desse ocorrido, decidi me dar ao menos uma chance de tentar viver.

— Quer sair hoje? A Akatsuki vai tocar pela primeira vez no Pub Konoha. A gente poderia ir. 

— Ah, eu ouvi falar. Fora eles, tem mais duas bandas né? É um tipo de festival. Inclusive a Quinteto do Som vem… — É engraçado ver Sasori corar, a verdade é que ele está todo boiolinha pela vocalista da Quinteto, uma tal de Tayuya, que só conheço por fotos. — Preciso fazer umas coisas antes, mas apareço por lá sim!

Ele sorriu e deixou um ingresso em cima da mesa da cozinha. Sasori é um anjo na minha vida. Depois de tudo o que aconteceu, tive provas de que se alguém ainda me ama nesse mundo, esse alguém é ele.

Fui para o quarto arrumar algumas coisas e aproveitei para ver meus e-mails. Eu me inscrevi em algumas faculdades e estava recebendo alguns retornos, estava bem atenta e alerta, pois sabia bem que deveria ocupar minha mente.

Conhecem aquele ditado: mente vazia, oficina do diabo? 

Quem sofre com depressão e tendência suicida sabe muito bem o quanto ele é real. Tenho pensado muito sobre meu futuro e isso tem me feito bem. Me inscrevi para psicologia e medicina, por gostar das duas áreas e saber o quanto necessitam de bons profissionais.

Mesmo tendo tido pouco contato com Itachi, vi nele algo a me inspirar.

Mesmo quebrado, ele estava ali, pronto para ajudar quem fosse.

Após arrumar algumas coisas e verificar meus e-mails, tomei um banho e me arrumei. Pra ser sincera, faz tempo que não saio pra lugar nenhum. Tenho ocupado muito a mente com estudos, trabalhado em alguns projetos, mas para a vida pessoal e social mesmo eu não tenho dado tanta atenção.

Enfim, peguei o ingresso na mesa e pedi um carro por aplicativo.

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— Vai ser legal, Itachi.

Meu Abrigo (ItaSaku)Where stories live. Discover now