0.5

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Mesmo que odiasse admitir aquilo naquele momento a comida de Geto era mais saborosa do que julgava ser possível; fungou baixinho encolhida no sofá enquanto dava mais uma colherada no arroz misturado com cury sentindo seus olhos quase que lacrimejarem de alívio, realmente estava mais faminta do que julgava ser possível, conseguia escutar o som da água da pia caindo ao fundo e o tintilar suave dos pratos batendo um nos outros enquanto eram lavados pelo homem de cabelos longos e escuros, você suspirou levemente se sentindo minimamente culpada pelo mesmo homem que havia cozinhado para você horas atrás estar lavando a louça suja naquele momento.

Seus olhos caíram sobre Gojo que estava sentado no sofá, sua cabeça pescando vez ou outra, conseguia ver os olhos dele abrindo e fechando de forma lenta e preguiçosa, ele parecia estar se esforçando muito para tentar se manter acordado.

— Gojo, você parece cansado, não da aulas pela manhã? Pode ir para casa eu já estou me sentindo melhor.

Os olhos azuis dele correram até você de maneira grogue, ele franziu o cenho antes de bocejar.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Ok, qualquer coisa pode me ligar, você tem meu número — ele disse por fim de maneira quase aliviada enquanto se levantava do sofá acinzentado esticando os braços se espreguiçando, os olhos azuis claros correram até Geto que permanecia na cozinha ainda lavando os pratos e as panelas —, vamos, Geto?

— Pode ir na frente, vou terminar aqui.

Você jurou escutar um riso suave escapando dos lábios finos do homem de cabelos claros que apenas murmurou um "Faça o que você quiser", antes de arrastar o corpo de modo cansado para fora de seu apartamento fechando a porta logo atrás de si, um silêncio extremamente desconfortável se pôs pelo ambiente, apenas o barulho da água da pia se fazendo presente, você engoliu a última colherada da comida a seco quase como se sua garganta estivesse fechada naquele momento.

— Já terminou de comer?

Geto indagou com a voz grave enquanto girava o corpo em sua direção, seus olhos se encontraram, ele secou as mãos molhadas no seu avental lotado de flores, se não estivessem naquele clima estranho você estaria rindo da cara dele naquele momento.

— Já.

— Me entregue seu prato.

— Não precisa eu consigo lavar ele sozinha.

— Pelo amor de deus, (Nome), você estava morrendo de dor a horas atrás, pare de ser teimosa.

Ele disse com a voz levemente irritada enquanto se aproximava de você, você piscou devagar o encarando, sentiu seu estômago se embrulhar, talvez fosse o período menstrual mas se sentia mais sensível do que o normal naquele momento, quase como se tudo estivesse a flor da pele, um bico suave se formou em seus lábios.

— Por que você se importa tanto? Vai embora.

Disse com a voz embargada enquanto virava o rosto, segurou mais forte o prato vazio em suas mãos, escutou ele bufar enquanto passava as mãos no rosto diversas vezes.

— Eu simplesmente não consigo lidar com mulheres, céus, é impossível entender vocês!

Ele disse frustrado, você virou o rosto para ele deixando o prato sobre a mesinha de centro e ficando de joelhos no sofá macio e acinzentado o encarando com raiva, franziu o cenho de maneira irritada.

— Eu que o dia, Geto! Que merda foi aquela?!

— Meu deus, o que?!

Ele disse curvando o corpo levemente quase como se fosse ter uma confusão mental a qualquer segundo, você soltou um riso incrédulo.

— "Nunca vi essa mulher na minha vida!" — você disse irritada o imitando engrossando a voz, ele piscou devagar os olhos escuros lhe fitando de maneira menos confusa — Eu sou tão horrorosa assim pra você ter que mentir que transou comigo?!

Ele soltou um riso baixo, esfregou o rosto com as mãos novamente antes de respirar fundo quase como se estivesse tentando se manter calmo.

— (Nome).

— O que?

— (Nome), (Nome), (Nome)...

— O que?!

Você praticamente gritou irritadiça, ele afastou a mão do rosto devagar, andou até você curvando o corpo em sua direção, segurou seu rosto com as duas mãos grandes demais, levemente calejadas, acariciou sua bochecha levemente morna com o polegar, você respirou fundo sentindo seu coração bater quase que desesperado contra o próprio peito.

— Princesa, ninguém do meu ciclo social sabe que eu faço esse tipo de trabalho, isso tudo é temporário, até eu terminar de pagar minha pós graduação, eu não estava querendo esconder você — ele sussurrou com a voz baixa, a respiração quente dele se chocando contra sua derme de modo suave, você engoliu em seco o encarando ali —, só não queria que o meu melhor amigo soubesse que você é uma das minhas clientes.

Você fungou baixinho o encarando ali.

— Você não me acha horrorosa então?

— Nenhum pouco, se eu não estivesse tão desesperado por dinheiro largaria todas as outras e ficaria só com você.

Um riso baixo escapou de seus lábios, você sentiu um calor suave crescer em suas bochechas.

— Calma lá, eu não quero relacionamento nenhum agora.

   Você respondeu de maneira divertida, o viu franzir a testa, ele aproximou mais o rosto do seu, seus narizes se tocaram de maneira cuidadosa, você quis gritar.

   — Hum.

   Ele murmurou, você sorriu fraco afastando o corpo devagar enquanto ele aproximava mais o corpo do seu, seus rostos perigosamente próximos demais.

   — Hum o que?

   — Agora você me deixou inquieto, princesa, sou só um passatempo pra você é?

   — Talvez.

   Ele não conseguiu segurar o riso incrédulo que escapou dos lábios dele, os olhos escuros dele presos aos seus de maneira quase que obsessiva.

   — Que tal se e eu te usasse de passatempo também? Vai ser bom poder de vez em quando com alguém minimamente interessante sem todo um estresse de cliente e prestador de serviço.

   — Está querendo ficar casualmente comigo?

   Você indagou com a voz baixa e ele sorriu antes de assentir devagar.

   — Se você quiser eu quero.

   — Se eu não precisar mais te pagar está ótimo para mim.

   Geto soltou um riso baixo, aproximou os lábios dos seus, um selar suave sobre eles, você sentiu um arrepio suave na sua derme.

   — Temos um relacionamento casual então, princesa.

   Ele sussurrou afastando os lábios dos seus por fim fazendo com que um gelado bom tomasse conta de seu estômago.

𝐎𝐍𝐄 𝐎𝐅 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋𝐒 ; Geto SuguruOnde histórias criam vida. Descubra agora