Presente do acaso

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Chon estava exausto aquela noite. Fora a primeira vez que ele ficou com outra pessoa além de Tonhon, e foi alguém que o fez bem, fez sentir-se especial e seguro e não o deixou mal em momento algum. Ele estava deitado na cama de Great com um cobertor branco cobrindo-o da cintura para baixo; realmente exausto. Great estava no banheiro pondo a banheira para encher e logo voltou para Chon. Seus olhos estavam fechados, mas ele ainda não havia dormido.

— Pequeno...? — chamou carinhosamente após agarrar Chon pela cintura e beijar seu pescoço.

— Hm... — murmurou em resposta.

— Vem tomar banho comigo, assim você pode dormir...

— Eu tô cansado, P'Great...

— Eu sei, mas é só um banho, vai ser bem rápido... Vem comigo, hm? Hm? — chamou, dando alguns beijos em seu pescoço. Chon encolheu os ombros e se rendeu ao banho, então Great o pegou no colo, foi quando ele escondeu seu rosto no pescoço do maior enquanto era levado até o banheiro. Tão manhoso.

Great deixou Chon confortavelmente na banheira e voltou para trocar os lençóis de cama e arrumar a mesma. Após fazer isso, Great colocou sobre o travesseiro uma roupa de dormir para Chon, também fechou as cortinas de cores claras para impedir que a luz de prédios maiores invadisse o quarto, que mesmo de forma indireta, ainda o clareava.

— Você tá mesmo cansado, não é, baixinho...? — perguntou, reprimindo um sorriso ao ver Chon com a cabeça encostada na banheira — Sinto muito por isso...

Great sentou-se atrás de Chon na banheira e o recostou em seu peito. Sua pele clara agora estava quente pela água e não tinha mais o suor pegajoso na mesma. Suas bochechas estavam coradas num tom e numa mistura fraca de vermelho e rosa. Seus cabelos estavam embaraçados e molhados, grudados em sua testa. Great deslizava sutilmente uma esponja pelo corpo de Chon, tirando dele qualquer vestígio de suor ou de outras coisas.

Ele cuidava bem de Chon, passou boa parte do banho apenas dando banho em seu garoto. Passeando a esponja nos braços, delicadamente no pescoço, em suas costas, em suas mãos... Ele estava tão bem, ainda que tão cansado.

— Você dormiu, pequeno...? — perguntou num sussurro e sentiu ele negar com a cabeça contra seu peito.

Depois de terminar o banho e tirar o sabão de seus corpos, Great e Chon levantaram e o mais velho o envolveu em seu roupão, novamente o pegando no colo e o levando até a cama. Chon se vestiu e Great secou seu cabelo com uma toalha. Os olhinhos de Chon estavam baixos e perdidos, mas no canto de seus lábios tinha um sorriso fraco e bobo, que fez Great sorrir também.

Das roupas que Great separou parar Chon ele vestiu apenas sua boxer e seu shot, estava quente e o calor de Great também o esquentava, por isso ele deitou sem outras roupas. Great estava com um short no mesmo estilo do de Chon e uma camiseta branca. Após deitarem, Great puxou Chon para seu peito e ele entrelaçou seu braço na cintura do maior. Ele sentia o coração de Great bater calmamente em seu peito e sentia os longos dedos acariciando sua pele.

— P'... — Chon o chamou calmamente, recebendo apenas um murmúrio como resposta, então continuou — Obrigado por hoje...

O pequeno endireitou-se na cama, apoiando-se no cotovelo e passou a olhar diretamente nos olhos de Great, que tinha seus olhos doces e brilhantes o encarando de volta, ele corou.

— Por que me olha se não consegue me encarar? — perguntou, inclinando-se para ele e deixando um beijo fofo em sua bochecha. Chon sorriu, ele estava extremamente bobo com a forma que Great cuidava de si.

— Eu tenho vergonha de te olhar assim... Você me trata tão bem, sempre cuida de mim e me deixa feliz...

Os olhos de Great brilhavam mais intensamente a cada palavra dita por Chon. Ele tinha um sorriso bobo no canto de seus lábios e encarava com fascínio aquela pessoa a sua frente. Os olhinhos baixos e cansados de Chon o pegavam de um jeito... Ele era tão fofo, tão puro e verdadeiro, que Great sentia que só tinha que protegê-lo de todo o mundo. Chon era bebê demais para um mundo sem Great, por isso ele decidiu voltar; por amar demais uma pessoa e sentir que não teria mundo sem ela, sentir que apenas ele poderia cuidar dessa pessoa.

— Tem vergonha da forma que eu te trato? — perguntou risonho — Pequeno, eu amo muito você, tá bom? Amo muito, amo tudo em você...

Os olhos de Chon começaram a transbordar depois que ele ouviu tais palavras, então Great enxugou as lágrimas teimosas que caíam e Chon o olhou, estava inteiramente perdido naqueles olhos negros. Ele sentia-se bem e seguro, sentia que havia encontrado a pessoa que o amava com tudo que ele era, que amava tudo em si. Amava seus olhinhos puxados, seus lábios macios e rosados, suas bochechas pálidas que coram quando fica tímido, seus traços perfeitos, seu corpo, seu jeitinho bobo e fofo... tudo... Alguém que o amava por inteiro, sem pôr nem tirar nada. Havia encontrado alguém que fazia questão de estar com ele e não arrumava desculpas quando ele desejava vê-lo, alguém que cuidou de si e o protegeu. Alguém que fazia de tudo para não perdê-lo.

— Eu também amo você, P'... Obrigado por me mostrar que o problema não estava em mim. Você cuida de mim e me olha como se eu fosse o único no mundo inteiro, e que não tem outras pessoas...

Tudo estava ali, bem ali naqueles olhos. Tudo que Chon e Great sentiam poderia ser dito através de seus olhares. Eles brilhavam em plena explosão de luz. Era algo de outro mundo. Seus corações batiam num só ritmo e seus olhares estavam cravados no outro. Ambos sentiam uma estranha felicidade se expandir dentro do peito, a sensação de paz e segurança, de calmaria e tranquilidade... a sensação de que finalmente haviam encontrado alguém com quem se importar de verdade. O amor de verdade e oque não machuca.

Quando os sentimentos não cabem em palavras, eles escorrem pelos olhos ao tentar descrevê-los e não conseguir. Chon estava chorando como uma criança, estava feliz e emocionado. Great o envolveu em seus braços e o apertou o mais forte que conseguiu enquanto sentia as lágrimas frias molharem sua camiseta. Ele estava sorrindo e suspirando aliviado por finalmente tê-lo de volta e só para ele.

— Eu te amo, pequeno... Amo muito...

Chon intensificou ainda mais o abraço, como se isso fosse possível, mas escondeu seu rosto no peito de Great e teve seus soluços abafados. Lembrar de tudo que passou com Tonhon também o fez chorar, pois agora ele tinha alguém que o amava de verdade e não faria nada das coisas que seu ex fez.

— Eu sempre vou proteger você do mundo e até de si mesmo, caso precise. Obrigado por ter aparecido na minha vida, por ter me beijado na boate e ficar comigo no chalé. Espero que não enjoe de todas as vezes que eu disser que o amo...

Great endireitou-se na cama e Chon ficou deitado em seu peito. O calor de seu corpo aquecia o garoto e o deixava calmo.

— Obrigado por ter sido você quem me salvou do Tonhon e por todo o resto... Eu não vou enjoar de ouvir, espero que você não enjoe de mim...

— Isso é impossível... Tenta dormir e descansar, eu ainda vou estar aqui quando acordar. Eu te amo, meu pequeno!

— Eu também te amo, P'Great...

Um Presente do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora