Ressaca- I

1 2 0
                                    

Um dia nublado se inicia, um grande contraste em relação ao dia anterior que estava ensolarado e fresco, porém mesmo assim os raios solares encontravam formas de mostrar o seu esplendor. Com isso o quarto bagunçado do Solomon não ficou muito tempo coberto pela escuridão, o rapaz começou a abrir os olhos com muita dificuldade sentindo a sua córnea se adaptando a luz que se tornava cada vez mais intensa, tentava levantar quando sentiu uma dormência no meu braço, algo que fez com que ele virasse para olhar e deu de cara com a garota que ele achava ter sido somente um sonho. Prendeu a sua respiração inconscientemente pois perdeu brevemente o fôlego olhando para a garota dormindo do seu lado, porém não demorou muito para ela abrir os olhos devido a movimentação excessiva do Solomon porém algo estava diferente um dos seus olhos não era mais âmbar mas sim verde, deixando o mesmo confuso porém não teve muito tempo para contemplar visto que a mesma sorriu e deu um selinho em seus lábios.

—Bom dia, Sol... —Ela ergueu a sua cabeça deixando Solomon tirar o seu braço, e logo voltou a ficar aconchegada dormindo no peito dele, ambos sorriam mas estavam sentindo um dor de cabeça intensa.  — Acho que a gente exagerou um pouco ontem.

Assim que ela falou, Solomon assentiu pois também estava tendo os sintomas de ressaca e era pior para ele que não estava acostumado em consumir bebidas alcoólicas. Após trocarem carícias por um tempo, os dois levaram da cama e a Laila foi para o banheiro enquanto Solomon ficou esperando por ela para que pudessem ir juntos a cozinha preparar algo para ajudar com a ressaca. De relance ele viu o seu celular e percebeu que tinham várias mensagens não lidas e chamadas perdidas, isso deixou ele confuso mas logo lembrou que os seus tios estavam indo com a Ciara para o hospital porém não queria se preocupar ou estressar pelo menos não enquanto a Laila estivesse.

—Sol, você tem água? Tô morrendo de sede. —A Laila voltou para o quarto, falando baixo pois a sua voz para além de estar levemente rouca, a sua cabeça estava estourando demais para que ela pudesse falar alto, então se aproximou e pegou a sua bolsa enquanto vestia somente uma camisa azul do Solomon.

—Estava a sua espera, vamos para a cozinha, vou fazer algo para você. —Ele tinha experiência em lidar com ressaca mesmo que fosse a sua primeira vez, ele tinha "amigos" que eram especialistas no assunto.

Ambos então foram para a cozinha, nesse tempo Solo conseguiu deixar o seu celular carregando no balcão enquanto a Laila comia um miojo com o frango frito que ele tinha sobrando. Porém Solomon estava preparando algo para ambos, apesar deles ter acordado a pouco tempo já era quase meio dia, então o mesmo preparava um almocinho legal para os dois.

—Que cheiro tão gostoso, você poderia me deixar ajudar sabia? —A Laila falou com um tom levemente indignado no final, afinal ela pediu muito para ajudar porém Solomon estava tratando ela como se fosse feita de porcelana. —Você fica tão lindo cozinhando. —Ela olhava para ele sorrindo com a cabeça apoiada pelo seu braço sobre o balcão.

Solomon estava completamente sem jeito, não sabia muito o que fazer pois sempre cozinhava para si mesmo mas nunca tinha feito para ninguém pois geralmente pediu comida fora quando tivesse visitas, então era a primeira vez recebendo tais elogios.

—Se o plano é me deixar sem jeito, posso dizer que deu certo já. —Usou uma leve piada para disfarçar as suas bochechas ficando levemente avermelhadas, porém não passou despercebido pois a garota a sua frente não tirava os seus olhos dele.

—Está certo, parei já... Mas quero saber mais sobre você Sol. — Ela se levantou e abraçou Solo que estava de frente para o fogão, repousando a sua cabeça nas suas costas. Porém ela não sabia que assim que a pergunta foi feita, Solomon esqueceu tudo sobre si mesmo.

—Se eu te dizer que esqueci tudo, e só lembro do meu nome e aniversário você acredita? —Apesar de tudo, ela sorriu sabendo o que ele queria dizer, e começou a depositar leves beijos na sua camisa. —O que você quer saber de mim?

Solomon então cobrou a panela com a tampa, e virou olhando para a garota com duas orbes oculares distintas.

—O que você gosta, o que faz... Se namora... —Uma pausa leve após essa palavra assolou toda cozinha, deixando apenas o som da panela. —Esse tipo de coisa.

Mesmo não tendo nada para esconder os instintos do rapaz diziam que era algum tipo de armadilha vindo.

—Por que você não me fala um pouco de si mesma, para eu lembrar quem eu sou? —Ele também estava muito curioso para saber mais daquela garota que tinha tornado a sua noite tão inesquecível, afinal fez coisas que nunca tinha feito antes porém não queria comentar sobre isso de jeito nenhum.

—Espertinho, bom vamos lá. Eu sou Laila Costa, tenho 20 anos, tô cursando o último ano de marketing. Sim eu sei, sou uma mulher genial. —Ela falou sorrindo largando um pouco o Solomon, e indo pegar uma maça que estava num cesta cheia de frutas, com isso nem percebeu a expressão perplexa do Solomon. —Gosto de viajar, de sair, dançar. Também quero muito ter um cachorrinho sabe, daqueles que não crescem muito. Ah, também sou viciada em drogas. —Ela falou olhando fixamente no rapaz que sentiu a sua pressão cair pela primeira vez.

—Hrm... Você é o quê? —O garoto conseguiu falar após limpar a sua garganta, que parecia estar mais seca que o Sahara.

—Hahaha, tô brincando, só bebidas alcoólicas para mim. —Ela estava dando uma risada fofa, que deixou Solomon menos preocupado, afinal não sabia qual seria a reacção dela ao saber a sua idade. —Gosto de aprender novos coisas, como yoga, fazer uma escalada, mergulhar e assim vai. E agora eu tô gostando da pessoa a minha frente.

Ela falou antes de morder a maça sorrindo, Solomon nem teve reação alguma apenas conseguiu sorrir feito o maior bobo do mundo.

—Com um currículo desses tem alguma coisa que você não consegue fazer? —Falou pela primeira vez em muito tempo, enquanto colocava a comida num recipiente para que os dois pudessem comer. —Você não falou que tem os olhos mais lindos do mundo.

—Pena que um deles é quase cego. —Ela se aproximou e começou a ajudar a organizar a mesa, nessa altura a sua maça já tinha terminado. —E o seu sorriso é mais lindo, o mais lindo.

Pela primeira vez Solo se esqueceu de como sorrir, não esperava receber um elogio desses dela.
Após pouco tempo, eles arrumaram a mesa e se sentaram para comer o almoço que Solomon tinha preparado para eles.

—Agora senhor Solo, pode me falar sobre você? —Ela então colocou um pouco do strogonoff na boca, se deliciando da culinária do garoto tímido a sua frente, sabia que estava ótima pelo cheiro mas não esperava que estivesse tão boa assim. —E pode ir me contando para que restaurante você trabalha, porque isso aqui está uma delícia.

—Eu não trabalho em restaurante, só estou habituado a cozinhar, aí tento coisas diferentes para não ficar sempre o mesmo. —Ele respeitou fundo pois tinha medo de como seria a reacção dela, após ouvir a sua idade e situação. —Bom...

Destinos Entrecruzados Where stories live. Discover now