Capítulo Dezenove

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O quarto ensaio de Jiwoo para a Elevation veio com uma curva de aprendizado e tanto. Ela sempre se orgulhou de pegar rápido quando se tratava de pegar coreografias complicadas, mas esse show caía completamente em uma outra categoria. Ela se perguntou como no mundo Chungha havia dominado esses passos e onde ela encontrava a energia para executá-los todas as noites quando tanto do show era simplesmente ela.

Sentindo-se um pouco desmoralizada, ela saiu do elevador a caminho de seu apartamento, onde sonhou com gelo, seu sofá, uma refeição quente e talvez um banho antes de dormir. O pote de manteiga de amendoim que rolou em sua direção e bateu contra seu pé foi um encontro inesperado. Ela o pegou curiosamente e ergueu o olhar para o corredor, absorvendo o caos. Mantimentos, muitos deles, enchiam o espaço. Uma série de tomates cereja pontilhavam o tapete, latas de feijão verde, milho e um galão de leite. Com o braço ferido ainda no suporte em T, Yves segurou uma sacola de compras rasgada em seu braço bom e caiu de joelhos para pegar as vítimas.

— Aqui, deixe-me ajudar — disse Jiwoo, juntando-se a ela no chão.

— Tudo bem — disse Yves, suas bochechas vermelhas de vergonha. — A sacola rasgou quando eu estava quase em casa. Eu posso fazer isso.

— Você pode — Jiwoo disse a ela. — Mas podemos fazer isso mais rápido juntas. — Na verdade, Yves teria tido dificuldades por conta própria, pois a sacola rasgada agora era totalmente ineficaz e ela estava trabalhando com uma mão. — Me dê sua chave — disse ela.

Yves, ainda lutando para arrumar as compras, relutantemente o fez. Jiwoo abriu o apartamento, empilhou latas do corredor em seus braços e as levou para dentro do balcão da cozinha de Yves. Quando ela voltou para o corredor, havia apenas alguns tomates espalhados que ela facilmente encontrou, recolheu e colocou de volta na caixa que Yves segurava aberta.

— Isso foi constrangedor. Sinto muito — Yves disse a ela, ainda

não encontrando prontamente o olhar de Jiwoo. — Essa sacola estúpida e depois meu braço.

— Ei, está tudo bem. Se largar as compras foi a coisa mais vergonhosa que aconteceu com você hoje, então você saiu bem na minha frente. — Pela primeira vez, Yves olhou para ela e Jiwoo sentiu seu estômago apertar quando seus olhos se encontraram. — Eu não vou atrasar você.

Enquanto se dirigia para a porta, Jiwoo ouviu Yves suspirar como se estivesse se rendendo a um inimigo invisível.

— Está tudo bem?

— Ficará. Ensaio difícil hoje. Acho que talvez eu tenha mordido mais do que posso mastigar com esse show.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. — Yves certamente não queria ouvir sobre seus problemas de ensaio, considerando como ela se sentia em relação a Jiwoo e seu relacionamento com o acidente. — Eu deixarei você voltar para... compras.

— Tudo bem. Obrigada de novo — Yves gesticulou vagamente na direção do corredor —, pela ajuda.

— Sem problema. Estou por aquela porta se você precisar de alguma coisa.

— Eu sei.

— Eu não estou dizendo da boca pra fora, Yves.

Os olhos de Yves encontraram a bancada e ficaram ali.

— Eu sei.

— Boa noite... eu acho.

— Sim. Boa noite.

Não tinha sido uma conversa horrível, mas estar perto de Yves agora, considerando tudo, era mais difícil do que Jiwoo poderia ter previsto. Era Yves, mas não do jeito que ela conhecia Yves. Ela era responsável por isso, lembrou-se pela quinquagésima milésima vez. Não significava que Yves fosse menos bonita para ela, mesmo enquanto elas estavam naquela cozinha, ou que Jiwoo ainda não se lembrava como era adormecer nos braços de Yves enquanto ela dormia sozinha todas as noites. Seria uma lembrança que ela sempre carregaria com ela, e que tiraria quando não pudesse mais continuar sem ela.  

Number One (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora