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Guardo com carinho as lembranças saudosas da minha infância, um tempo no qual tudo era novo, curioso, e minha mente inocente se fascinava com as mais frívolas descobertas, vendo beleza em todas as cores e formas.

Tão inocente que eu, Jeon Jungkook, no auge dos meus oito anos de idade, dei um jeito de me casar com meu melhor amigo e vizinho, Park Jimin.

Bem, pela primeira vez.

Obviamente não foi um casamento de verdade, com uma cerimônia bem elaborada ou documentos oficiais, mas ainda assim tinha algum valor sentimental em nossas mentes ingênuas, na época.

De cabelos escuros assim como seus olhos estreitos, Jimin já naquele tempo tinha uma altura que não alcançava a minha, mesmo que fosse um ano mais velho. Ele sempre foi um garoto doce, baixinho, de bochechas gordas e olhar meigo. Seu sorriso... Ah... Jimin sempre teve um sorriso bonito que me encantava.

E essa história é sobre como eu me apaixonei por ele antes mesmo de saber o que era o amor.

— Para de rir! — Eu exigia com os olhos marejados de lágrimas enquanto ele gargalhava adoravelmente da minha má sorte. — Não tem graça, Jimin. Eu me machuquei!

Ele, com seus gloriosos nove anos de idade, tentava inutilmente me acalmar com carícias no cabelo que, na época, só andava completamente desgrenhado.

— Ai, Jungkookie, me desculpa... — A voz dele gradativamente perdia a entonação risonha para dar lugar à preocupação. — Deixa eu ver? O machucado.

A brisa fresca da primavera soprava naquele final de tarde, bagunçando mais ainda os meus cabelos ao que eu era confortado pelo meu melhor amigo, em frente a casa dele. Eu estava sujo de terra, com as mãos e rosto ralados, frustrado e com lágrimas nos olhos.

— Dói, Ji... — Resmunguei, sofrido, tirando a mão da lateral do meu rosto machucado para que ele visse, na altura da minha bochecha, o ferimento quase imperceptível de tão pequeno e de sangue já seco, causado por uma queda vergonhosa num canteiro de flores.

Mantive meu biquinho choroso mesmo quando ele agarrou meu rosto com cuidado, analisando o pequeno corte cuidadosamente e acarinhando minha bochecha limpa com sua mão que tinha um tamanho adoravelmente menor do que a minha, ainda que ele fosse mais velho.

— Coitadinho... — Jimin negou com a cabeça e soltou um muxoxo que repreendia a dor que o que o ferimento me causou. — Sempre que eu me machuco, mamãe me dá um beijinho pra parar de doer. — Ele disse, segurando na minha outra mão e me puxando em direção à varanda, me fazendo sentar em um dos degraus da escada, ao seu lado. — Vou te fazer sarar, Tchuco. Vou dar um beijinho no seu dodói.

Então ele delicadamente segurou meu rosto em suas mãos pequenas e beijou, demorada e cuidadosamente, meu machucado recente. O toque de seus lábios era tão leve, macio e quentinho, como um travesseiro fofo... Só que melhor, e teoricamente com poderes curativos.

Infelizmente, o pequeno selar não durou mais do que uns segundos. Ele se afastou, levando seus lábios vermelhos como moranguinhos para longe, deixando apenas um semblante esperançoso transbordar por seus olhos pequenos e tão bonitos.

— Melhor?

— Caramba! — Exclamei numa resposta automática, arregalando os olhos como se eu já não sentisse dor alguma.

Mas essa não era bem a verdade...

Embora a dor ainda estivesse presente, Jimin fez um esforço para me curar, e eu não podia me desfazer disso e deixá-lo triste.

— Jimin? — O chamei, com as minhas lágrimas já totalmente secas, mas com o nariz vermelho pelo choro. — Você pode me dar só mais um beijinho? Pra... sabe... garantir que não vai voltar a doer?

Flor Selvagem • jjk+pjmWhere stories live. Discover now