deixa acontecer naturalmente

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Minho, de fato, nunca demonstrou grande afinidade por festas. Ao longo de sua adolescência, preferia compartilhar momentos íntimos com amigos próximos e familiares. Tanto é assim que, ao completar seus 18 anos, optou por uma celebração peculiar: uma noite de jogos acompanhada de várias pizzas de sua pizzaria predileta, compartilhada com seus entes queridos.

Embora tenha feito exceções em sua vida adulta ao frequentar algumas baladas, sua participação nesses eventos se limitava, na maioria das vezes, a consumir bebidas suaves e zelar pelos amigos que haviam exagerado no álcool. Agora, no entanto, ele se encontrava em uma situação completamente deslocada em meio a uma multidão, trajando sua usual camiseta preta simples e um shorts jeans um tanto ajustado. Minho segurava um coquetel vermelho com sabor de cereja, a pedido de Felix, que se mostrava entusiasmado com os preços acessíveis das bebidas no local. Para um morador de São Paulo capital, tudo de fora é realmente mais em conta.

Minho, para ser sincero, não tinha grande disposição para beber naquela noite. Ele estava mais disposto a experimentar os lanches oferecidos nas barracas do evento. Contudo, em virtude da insistência de Felix e seu papel de irmão mais velho, ele acabou cedendo para garantir a diversão do caçula. Em algum momento, havia perdido Jisung de vista, o que o incomodava. A presença do carioca parecia dar ao ambiente um certo entusiasmo, que, por sua vez, contagiava Minho. Han tinha o dom de arrastar todos para sua euforia, e embora achasse engraçada a cena de Felix acompanhando Jeongin e Hyunjin na tentativa de sambar, Minho sentia que algo estava faltando, como se a presença de Han fosse crucial para a animação da noite. É curioso como a dinâmica entre os dois se resumia frequentemente a trocas de insultos, e, no entanto, Minho percebia a ausência do outro com nostalgia quando ele não estava presente nos ambientes.

A aglomeração de pessoas ao redor, vez ou outra, esbarrava em Minho, surpreendendo-o. Era uma multidão de pessoas coladas, cada um segurando garrafas de bebidas variadas, drinks coloridos, água ou lanches. As pessoas gritavam letras de músicas inaudíveis, esboçavam sorrisos e se entregavam à dança. O local irradiava a autêntica atmosfera brasileira, repleta de músicas vibrantes e muita movimentação. Alguns sincronizavam suas coreografias, dançando em harmonia com o ritmo da música. Homens vestidos de branco tocavam pandeiros, enquanto garçons de restaurantes sambavam e atendiam os clientes com um sorriso radiante, expressando uma euforia contagiante.

Minho, mesmo incapaz de acompanhar toda aquela efervescência e de compreender completamente a razão por trás dela, encontrava prazer em observar tudo com admiração. Era um espetáculo impressionante, daqueles momentos que ficam gravados na memória e que, ao serem relembrados, proporcionam um calor reconfortante no peito. Cada um daqueles sorrisos, seja de alguém sob efeito de álcool ou não, possuía uma história subjacente. No final do dia, em uma qualquer segunda-feira, todo brasileiro encontra razões para dançar e liberar as tensões acumuladas no mundo. Isso é cultura, e sua beleza é inegável.

— Não gosta da música? — A típica voz masculina proferiu com vigor, capturando a total atenção do Lee. Embora aparentasse certo estado de embriaguez, não chegava ao ponto de perder a sobriedade, mantendo uma atitude confiante e marrenta. Sua vestimenta, por sua vez, carregava um caráter provocador, como se a simples regata branca tivesse a capacidade de atrair os olhos de Minho, de forma quase irresistível. Jisung era um conquistador inato, habilidoso em atrair qualquer presa inocente no vasto oceano, sendo Minho a principal delas. Han vestia um short de moletom preto e ostentava tênis de uma marca de renome, que, certamente, estava além das possibilidades financeiras de Minho. De qualquer forma, o único exemplo que o Lee teve de Jisung usando algo que custasse mais de 50 reais até agora foi com esse tênis. Talvez tivesse um significado especial ou coisa do tipo. Sobre o que se tratava a pergunta mesmo? Certo, a música. Foco, Minho.

COPACABANA - minsungWhere stories live. Discover now