Capítulo 09

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IZUKU

Não.

Apertei o passo para acompanhar Kacchan em meio ao mato alto, as crianças alguns passos atrás de nós.

— Mas Kacchan, elas não tem para onde ir! — Desviei de um galho que teria acertado bem no meio do meu rosto, acho que ele soltou de propósito.

— E você tirou essa informação do seu cu né?

Por algum motivo eu achei que seria uma boa ideia testar um pouco mais a paciência de Kacchan, pedindo para levar-mos as crianças conosco no navio. Eu sei, talvez esteja abusando da sorte, eu mesmo entrei a pouco tempo para a tripulação, mas não posso simplesmente largar esses dois aqui como se tudo estivesse normal.

— Eu imagino que se eles tivessem para onde ir não seriam maltratados desse jeito, muito menos um deles usado de cobaia. — consegui avistar a saída da floresta, uma diferente das que experimentei antes. Kacchan deve ter tomado o cuidado de pegar um caminho mais afastado da confusão.

— Mesmo se não tiverem, não é da nossa conta. Eles sobreviveram de alguma forma, podem continuar sobrevivendo. — Ele olhou para os lados antes de se virar para trás, tive que parar de pressa para não trombar com ele. Ele se virou de frente para mim e colocou a touca da capa, que a senhora Chiyo me emprestou, sobre minha cabeça. Depois deu uma olhada nas crianças que corriam para nos acompanhar também, ambos com dificuldade por também usarem capas bem maiores que seus tamanhos. Estreitei os olhos, reparando nessa atitude.

— Vamos, Kacchan. Você não pensa realmente assim, pensa? — Ele me direcionou um olhar mortal e saiu da floresta, o único sem capa. Por alguma razão ele pensa que andar sem camisa por aí não é chamativo, mas não ousei questiona-lo.

— Quer saber, foda-se. Você não tem que pedir isso para mim, é para a velha. Se a capitã aprovar não posso fazer nada, então para de me encher o saco. — Não pude evitar abrir um sorriso. Por mais que a ideia de falar com a capitã me assuste, Kacchan ainda me preocupa mais, então vou considerar essa parte como concluída.

Segui o resto do caminho calado, vez ou outra encarando Mahoro e Katsuma para ver se nos acompanhavam. As pessoas na rua parecem mais assustadas, alheias, mal reparando umas nas outras imagine em nós. O acidente parece ter realmente causado confusão, essa vila parece ser parada normalmente, e uma coisa tão extraordinária acontecer de repente deve ter assustado todo mundo. Além do que eu ainda não sei o que eram aqueles frascos, muito menos para o que serve o remédio que fazem com o sangue de Katsuma.

Encobri um pouco mais o rosto quando chegamos perto dos comerciantes, que parecem desesperados para vender seus produtos, correndo atrás de qualquer pessoa que passa em meio a rua. Ainda bem que a maioria que tenta se aproximar sai correndo assim que olha para o Kacchan, não estou vendo seu rosto mas deve estar fazendo aquele expressão assustadora que faz qualquer um tremer.

— Não Katsuma, precisamos ir. Não podemos voltar agora. — Me virei quando ouvi a voz de Mahoro, vi ela puxando o braço do garotinho que insistia em ir na direção contrária.

— Mas não posso deixar ele sozinho mana, deve estar com medo! — Me aproximei antes que as pessoas começassem a notar a movimentação, me abaixei perto deles, atraindo sua atenção.

— O que aconteceu?

— Preciso voltar e buscar o Bichano, deixei ele cair perto de casa. Não posso deixar ele sozinho!

Era Dourada - BakudekuWhere stories live. Discover now