Eu Quero Você

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Eu terminava de encaixotar o restante das minhas coisas pessoais. Silvina estava de folga. Era domingo. Beirando as dez horas da noite. A neblina lá fora tomava conta da imensidão azul. Iria cair uma tremenda tempestade. As nuvens estavam carregadas, e vez ou outra, trovejava. A fachada da minha cobertura era toda de vidro espelhado. O que me dava uma visão privilegiada da cidade. Eu gostava de sentar no sofá cama da sala e olhar a rotina da cidade. Tomar café apreciando aquela vista. Carros passando. Pessoas passeando. Contemplar as luzes da noite de uma cidade que nunca dorme. Me trazia tanta paz. Eu me perdia em meus próprios pensamentos. Às vezes sentia uma pontinha de solidão. Deveria ser confortável voltar para casa e ter alguém te esperando para saber como foi o dia. Alguém com quem dividir os fardos diários. E quando eu pensava nisso, Juliana era a primeira pessoa que vinha a minha cabeça. Eu costumava dividir todos os fardos da minha vida com ela. Como se ela fosse o meu diário particular. Eu gostava de ouvir os seus pensamentos a respeito de cada coisa. Ela enxergava além das minhas próprias expectativas. E era uma das coisas que eu mais gostava nela. A riqueza de enxergar e compreender o que ninguém mais se dar o trabalho de notar. Ela não deixava passar nada, podendo ser a coisa mais besta do mundo.

Apesar do vento não adentrar a minha casa, eu senti um forte arrepio gélido. Tudo estava desmoronando muito rápido na minha vida. E eu me via completamente confusa em relação a tudo. Mas não tinha mais como voltar atrás.

Havia caixas e mais caixas por todos os lados

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Havia caixas e mais caixas por todos os lados. Segui até a geladeira e me servi com um pouco de suco de goiaba. Deixei algumas cobertas para fora. Para colocar no sofá cama. Hoje eu dormiria nele. Estava afim de ver a chuva cair lá fora. Eu me sentia presa, como um disco arranhado de emoções que voltavam constantemente a minha mente. O beijo roubado, as palavras ditas num só fôlego.

Praticamente estava tudo acertado para a viagem. Viajaria na próxima sexta. A mídia ainda não sabia de nada. Por sorte. Senão, estaria em todos os lugares com uma manchete espalhafatosa. Pedi para a Eva, minha empresária, fazer o que fosse possível para abafar o caso. Ao mesmo tempo que me sentia em êxtase por toda a mudança de vida. Eu estava infeliz. Triste. Pensar na Juliana doía o meu coração. Ela ficava 24 nos meus pensamentos.

Arrumei o sofá cama e coloquei o copo com suco em cima da mesa de centro. A chuva forte rugia lá fora. Com gotas poderosas. Coloquei no Spotify uma música que me fazia lembrar dela. Era uma música nova, que descobrimos por acaso, mas que foi amor instantâneo. Chamada "Cristina" do cantor Sebastian Yatra. Coloquei para repetir, enquanto bebericava o meu suco. Estava mergulhada nos meus pensamentos com os olhos vidrados na chuva, que mal percebi a campainha tocando. Na terceira vez, finalmente me despertei. Ficando curiosa por saber quem se atreveria a aparecer embaixo dessa forte tempestade num pleno domingo. Deixei o suco de lado e fui atender.

Quase tomei um susto quando ela apareceu no meu campo de visão. Juliana completamente encharcada e ofegante. As suas vestes pigando e os cabelos grudados no rosto. Ela parecia perturbada. A sua expressão estava indecifrável.

PACTO DE AMOR (JULIANTINA)Where stories live. Discover now