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Girassol

- Isso é tudo moça, assine aqui por favor.

- Obrigada.

Entrego a prancheta para o motorista, que acabou de entregar minha mudança. Olho pra rua silenciosa e calma. Suspiro e entro na minha nova casa, é simples e pequena mas não poderia ser melhor pra mim. Olho no meu relógio que marca duas e quarenta da manhã, sim muitos me chamariam de louca por me mudar essa hora, mas convenhamos que a essa hora não tem trânsito e muito menos vizinhos curiosos.

- Vamos lá Girassol, mãos à obra.

Começo arrumando minha cozinha, com minhas panelas todas rosas assim como cada item nela, apenas minha geladeira que é preta assim como meu fogão. A muito tempo aprendi a não me importar com o que as pessoas falam ou pensam de mim. Aos 22 anos eu gosto dos meus noventa quilos, dos meus cabelos ( que quase todo dia não colabora comigo, enfim vida de cacheadas ) da minha cor. Eu tive um acidente de carro há três anos atrás, onde perdi meu pai e avô, meus heróis, minha mãe e avó nunca conheci se foram cedo. Depois desse acidente eu praticamente nasci de novo, minha perna esquerda do joelho pra baixo foi amputada e 40% do meu corpo sofreu queimaduras. Mas graças a Deus e aos médicos eu estou bem, a mudança para São Paulo foi boa pra mim.

Perdida em pensamentos nem me dei conta, que já tinha terminado de organizar a cozinha suspiro satisfeita, no relógio marca quase quatro da manhã vou até meu quarto tirando minhas roupas e sigo pro banho.

Já pronta pra dormir apenas foro a cama com lenço limpo, e pego um edredom, verifico meu despertador é daqueles antigos presente do vovô, que tem dois sinos em cima que é capaz de acordar meia Capital, rio com isso.

Acordo me sentindo toda dolorida, meu Deus mudar de madrugada não é normal. O relógio marcava oito horas da manhã, hoje vai ser meu primeiro dia no emprego meio período à noite tem a faculdade. Graças a Deus o emprego meio período é próximo a faculdade, e quando eu voltar também não vai estar muito tarde, uma mulher sozinha em São Paulo à noite é muito perigoso. Olha para o meu quarto e vejo caixas e malas espalhadas, eu ainda tenho que me organizar e organizar meus armários são tantas coisas acho que vou ir arrumando aos poucos, assim que eu voltar da faculdade.

Já pronta vou ver se acho uma padaria próxima para tomar café da manhã, provavelmente meus novos vizinhos já vão perceber, que essa casa não está mais vazia. Eu não gosto muito de chamar atenção, as pessoas sabem ser maldosas, espero que os meus novos vizinhos sejam pelo menos agradáveis ou discretos.

Saí de casa verificando se tranquei tudo, e se está tudo certo odeio a sensação de insegurança e tenho medo de ser roubada.

- Pai pelo amor de Deus, uma hora dessa já brigando com a mamãe.

- Eu não vou tomar café, vou apenas comprar pão.

- Sabemos que isso não é verdade pai.

Ouço vozes masculinas e olho pro lado vendo dois homens enormes, conversando um está usando farda e o outro mais velho de bermuda, camiseta e chinelos. Eles param de conversar e olham pra mim curiosos, aceno tímido e me aproximo deles.

- Bom dia. Meu nome é Girassol e me mudei ontem. - Deus estou nervosa - Podem me informar, onde encontro uma padaria ou supermercado por favor?

- Bom dia criança, sou Guilherme e esse é meu filho Kaleu.

- Oi. - digo baixo sentindo meu rosto quente.

- Ainda está aí ogro!? Vai lo... Hooo bom dia. Quem é você?

Uma senhora bonita aparece me olhando curiosa.

- Girassol, me mudei ontem. Bom dia.

- Sim, ouvi dizer que alguém tinha comprado a casa. Mas eu não vi você chegando querida.

- Cheguei de madrugada - Estou envergonhada pois eles me olham o tempo todo. - Pode me dizer, pra que lado fica a padaria ou supermercado, por favor?

- Claro querida, você fica ogro eu vou acompanhar ela até lá e já compro o que preciso.

Ela se diz empolgada e vejo o que penso ser seu filho, balançar a cabeça divertido.

- Galega, não vá assustar a garota. Deixe ela se adaptar, não seja...

- Quieto, vem querida vamos indo.

E me puxa pelo braço seguindo a rua, e deixando os dois para trás.

- Agradeço muito.

- Imagina querida, então, de onde você é?

- Montes Claros.

- Minas?

- Sim - sorrio ao me lembrar da minha cidade.

- está gostando daqui?

- Eu pouco e só vou dizer com o tempo, acho que vou estranhar um pouco no começo.

- O que precisar pode me chamar, sou aposentada e tenho muito tempo. Sou casada há quase quarenta anos, aquele ogro é meu marido. Ele é ex-delegado, é aquele que você viu é meu filho, um dos na verdade ele é delegado. Então está em uma rua segura, estou falando demais não é querida?

Sorrio pra ela.

- Tudo bem, quando estou nervosa faço o contrário.

- Mora com quem?

- Sozinha, perdi meu pai e avó há três anos.

- Oh.. desculpe se fui indelicada - segura minha mão me olhando carinhosa - Me tem como amiga, minhas noras vão adorar você. Tenho uma neta quase da sua idade, vou apresentar vocês.

Ela continua falando, e sinto que vou me adaptar rápido aqui.

Ela continua falando, e sinto que vou me adaptar rápido aqui

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Girassol


Gustavo Pert'Almeida

GUSTAVO ( Degustação )Where stories live. Discover now