𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐

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1989, o pior ano de toda a minha vida. Lembro da imagem da minha mãe, expressando tristeza e nervosismo, preocupada ou ansiosa por algo que parecia acontecer. Ela estava no sofá, desesperada. Enquanto o meu pai, estressado, perambulava pela casa, imaginando ou cogitando alguma solução. Eu, como qualquer criança, brincava com um quebra-cabeça e outros brinquedos infantis.

Estava evidente o desespero de todos. Embora eu não entendesse a gravidade da situação. Meu irmão mais velho, John, havia desaparecido, e era algo que eu não conseguia assimilar. Meu pai se aproximou, tentando me acalmar. Mas ele não era a melhor pessoa para isto.

— Cadê o John? Ele não está aqui para brincar comigo... — Respondi com raiva, incapaz de compreender a situação.

— Ele vai voltar. — O meu pai tentou me tranquilizar, acariciando a minha cabeça enquanto enxugava as minhas lágrimas.

— Você já disse isso mais de dez vezes — Cocei meus olhos, cansados e levemente vermelhos. Era claro o meu desespero.

Ele se afastou de mim e se sentou, juntamente com a minha mãe. Ela estava chorando e as mãos nos olhos. Era evidente o quanto ela estava cansada e preocupada. De repente, a mesma me chama.

— Jane. — Me aproximo e olho para ela, que está com a voz falha de tanto chorar. — Se alguma coisa acontecer com a mamãe ou o papai, apenas segure o Joseph. Certo? — Eu assenti.

Essas memórias são tristes para mim. Volto à realidade, tentando absorver meus pensamentos enquanto permaneço sozinha na cama. Opto por levantar e comer algo, mas meu foco permanece em tudo que aconteceu. Me pergunto por que minha vida é tão monótona. Talvez seja a razão pela qual sempre fui uma pessoa rebelde desde a infância. Quebrei várias regras, recebendo muitas críticas da minha própria tia. Me lembro claramente do dia em que, ainda criança, confrontei um garoto da sala por roubar meu lanche. Ou das inúmeras vezes em que acabei na delegacia por brigar e enfrentar outros.

Os pensamentos me surgem, e isto me desanima. Me esforço para não me abalar e decido sair de casa, para clarear a mente. Visto um casaco quadriculado vermelho, a mochila e o Walkman.
O toque insistente do telefone fixo interrompe o meu plano. Era Mike, o meu melhor amigo.

— Alô? Mike? O que você quer? — Atendo com a voz cansada.

— Já tô trabalhando. — Ele ri rapidamente. — Quer vir comigo ou vai ficar com medo?

— Óbvio. Vou te ensinar como se trabalha de verdade. — Reviro os olhos e solto risada sarcástica.

— Quantas vezes você já foi parada pela polícia, Jane? — Ele diz isso em um tom irônico.

— Umas dez vezes. Acho. — Vou até uma pequena estante, repletas de fotografias e brinquedos infantis. Pego um remédio para sono e o coloco na mochila. — Você vem me buscar, não vem? Eu não vou gastar o pneu da bicicleta indo te visitar no seu trabalho em uma pizzaria abandonada.

— Eu não tenho outra opção. Infelizmente. — Ele fala, sarcasticamente.

— Tudo bem. Me busque e depois conversaremos... — Desligo a ligação e corro para a porta, saindo de casa e me dirigindo até a rua, para refrescar a minha mente repleta de problemas.

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Juro por tudo que o próximo cap vai ser maior! Estou com pouca inspiração ultimamente. :)

𝐀𝐋𝐋 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔.Where stories live. Discover now