Uma semana depois.
— Dr.Turner, eu nem tenho palavras para agradecê-lo — disse o jardineiro do casarão, que após receber a visita do jovem médico se sentia aliviado de suas dores.
— Disponha, sr. Sallow! É o prazer ser útil. — Ian fechou sua maleta e suspirou. Ele tinha sincera satisfação naquela profissão. — Não esqueça de tomar sua medicação e em uma semana retorno.
— Deus o pague por tanta benevolência. — A sra. Sallow, uma mulher de cabelos grisalhos e corpo esguio, chegou com uma bandeja com algumas xícaras de chá e biscoitos de canela. — Não é toda pessoa que deseja prestar serviços de graça para pobre como nós.
Ian aceitou a oferta do chá e enquanto sorvia a bebida quente pensava ser justamente esse o motivo pelo qual queria ser médico: ajudar os desfavorecidos.
— E você, meu bem, deve se conter! — falava a mulher para o marido. — Aproveite a bondade da sra. Wood que o concedeu uns dias para tratamento. — Ela voltou-se ao médico. — Este homem não ver limites no trabalho. Parece que não terá o amanhã.
O marido riu.
— Se depender da sra. Sallow, dr. Turner, eu nunca mais me levanto desta cama! — disse com humor.
— É um mal agradecido. Vou deixá-lo afundar no colchão. — A graça entre os dois era evidente.
O jovem médico analisou aquela relação tão cheia de compreensão e amorosidade. Lembrou-se do tempo em que desejava essas coisas numa relação conjugal, porém, as estruturas de seu futuro foram alteradas de maneiras tão abruptas que não tinha mais esperança.
— Não vamos mais infortuná-lo, dr. Turner. Veja como se tornou pensativo — A voz da sra. Sallow o fez voltar.
— Não é um infortúnio — ele alegou. — E o chá está ótimo! — Colocou a porcelana na bandeja.
A senhora deu um sorriso, mostrando sua simpatia natural.
— Perdoe-me a curiosidade, dr. Turner, mas por que decidiu ser médico?
— Minha esposa é sempre intrometida, doutor. É de sua natureza — o sr. Sallow interviu na situação a fim de não deixar uma má impressão sobre sua mulher.
Ian riu e não se sentiu nenhum pouco invadido. Ele pegou um dos biscoitos de canela e mordeu, antes que pudesse contar qualquer história.
— É claro que o senhor deve ter outros afazeres em vez de ficar conversando com dois velhos — a senhora declarou.
— Na verdade, essa é a parte que eu mais gosto da minha profissão — falou com gentileza. — Acredito que a troca de experiência acrescenta em muito na nossa vida.
— Você é um menino, esperto! — o sr. Sallow exclamou. — É de entristecer o coração o quanto muitos jovens não aprendem isso.
Ian assentiu para o homem.
— Agora, respondendo a sua pergunta — ele esfregou as mãos para tirar os farelos do biscoito. — Meu pai sofreu com uma doença e...
— Com licença! — Era o timbre de Emily.
"O que ela estava fazendo ali?" Pensou Ian.
Desde a breve discussão na sala de jantar, eles não conseguiram conversar mais. Emily ficou repleta de serviços e Ian não podia se meter. Para ocupar os pensamentos, ele se dedicou na organização das suas consultas e conversou com Madeline para adquirir materiais necessários a fim de compor sua nova maleta médica. Aquele trabalho foi importante para sua próprio estabelecimento de pensamentos e sentimentos. Sentiu-se inteiro novamente.
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Graciosa - Livro II (Série Virtuosas)
RomanceEmily Brown imaginava que casaria com o homem de seus sonhos. Mas após uma armação mal sucedida, ela foi obrigada a se casar com o médico Ian Turner. Só que nem ela e o noivo conseguem se tolerar. Logo, uma ação impensada os colocará diante de uma...