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Sexta-feira

Mais um final de tarde, a casa de sua vó era extremamente acolhedora. Ali não havia tempo ruim ou situação constrangedora, sempre cheia de vida e animada, de manhã sempre acordava com algum MPB tocando de fundo, o café da manhã era divino, a aula na faculdade passava rapidamente e no final da noite ambos assistiam alguma novela no mínimo duvidosa ou algum filme nacional icônico. Durante esse tempo ele aprendeu inúmeras receitas, sua vó era uma cozinheira de mão cheia, mas teve uma em que ele se destacou. Rapidamente surgiu um boato que o neto da senhora Lay fazia um bolo de goiaba divino.

"Querido?" Verificou se seu neto a escutava.
"Vai na padaria para mim? Compra as coisas que faltam pro bolo!"

"Sim, senhora!" - respondeu sua vó rapidamente, pagou tudo que estava fazendo e começou a procurar seu chinelo.

"Mais tarde a dona Luciana quer passar aqui pra comparar qual bolo e o melhor, nós precisamos ganhar!"

"Comparar os bolos?" - disse rindo enquanto terminava de calçar suas chinelas.

"Ela me desafiou e eu aceitei ué.." - fez uma pausa.
"E ela vai trazer o filho dela também, fiquei sabendo de algumas coisas dele.."

"Fofoca? Que coisa feia senhora..."

"Senta aí, vou te contar."

Ele que não era bobo nem nada, obedeceu rapidamente, não iria recusar uma fofoca matinal.

"Ele tava namorando uma tal de Cecília? Não me lembro enfim, jovens com os hormônios a flor da pele. Vivendo sem se importar com as consequências."

"Transaram e ela engravidou?" - disse ele, já sem paciência com a introdução dessa longa história.

"Sim." Ela se virou pra ele. "Teve um neném, fofíssimo menino lindo de mais. Um pequeno gênio na minha opinião."

"Tá com quanto anos?"

"Uns cinco por aí, mas menino ele é inteligente viu! Ele que descobriu oque tinha de errado na minha tevê!"

Ele riu minimamente, parecia adorável, mas toda vó dizia isso de qualquer criança que soubesse ligar um aparelho eletrônico.

"Tá mais aí que vem a história! Ele acompanhou a gravidez e assumiu suas responsabilidades com um verdadeiro homem."

"Não fez mais que obrigação?"

"Calma menino! Aí teve o parto e tals' e ele ainda tava morando na casa da mãe dele e ela tava morando com a família dela. Aí ele ia visitar ela e o bebê dando atenção né, na semana seguinte ela deixou o bebê na porta da casa dele e sumiu."

"QUE?" - sim pela primeira vez as fofocas de sua avó lhe deixou extremamente surpreso, não é todo dia que se vê um pai solteiro em uma situação como essas. "Coitado.."

"E ele criou o menino desde então, tá trabalhando juntando dinheiro pra abrir sua própria academia, com a ajuda da família ele conseguiu terminar os estudos e agora ele tá terminando a faculdade de educação física."

"No fim deu tudo certo.."

"Mas eles são uns fofos, ele cuida tão bem do Ramon, colocou o menino no balé esses dias!"

"Fofo.." - se levantou calmamente.

"Hm... talvez você conheça ele hoje a tarde?"

"E se ele vier provar os bolos, a gente precisa de um jure imparcial certo?"

"Jure imparcial sei..."

"Vou indo vó, já volto!" - disse indo para porta da frente.

"Tá bom amor, vai pela sombra!" - ela gritou da cozinha.

A ida foi calma, não havia nenhum carro na rua, os vento soprava não muito forte mas o sol ainda sim o aquecia. Aquela rua em si era aconchegante. Prestou Comprimentos a todos que via, deu um sorriso a qualquer um, finalmente sua vida parecia mais leve.

Voltando para casa ele reconheceu um carro parado em frente ao portão de sua avó.

"Pai?" - Ele se aproxima conseguindo enxergar a silhueta de seu progenitor.

"Filho! Você não voltou pra casa!"

"Eh.. Oque faz aqui?"

"Olha eu.. eu vim aqui me desculpar, eu agi da forma errada."

"Tá tudo bem, eu decepcionei vocês."

"Não, não decepcionou. Você nunca me decepciona Tarik." - ele se aproxima do filho.
"Tudo isso é novo pra mim, e é culpa minha! Eu quero que você me conte tudo, não posso te prometer que vou entender, mas eu quero tentar."

"Pai.."

Os dois se aproximaram e seu pai o acolheu em um abraço.

"A mamãe não veio, ela não aceitou né?"

"Ela é um pouco orgulhosa.. mas te ama acima de tudo."

Eles ficam um tempo decidindo como seria para evitar constrangimento a Tarik, e foi decidido que Pac ficaria na casa de sua avó por um tempo. Pac comemorou com a decisão, ele se sentia mais vivo vivendo com sua avó.

"Tchau pai!" - ele acenou sorrindo enquanto o carro seguia rua a cima.

Na mesma direção em que o carro de seu pai seguia, um homem passava indo em direção a sua casa. Era um homem alto, de certa forma musculoso, em um dos braços havia uma sacola e no outro uma criança que usava um bigode falso.

— Fofo — Tarik pensou vendo o homem se aproximar mais e mais, finalmente se lembrou do homem que sua avó havia mencionado.

____

Ao se aproximar Fit repara em um jovem parado na frente do endereço que sua mãe havia o passado.
Havia um moço com mechas azuis em sua nuca, com roupas largas, olhos negros, soropositivo que belos olhos.. sentia-se mergulhando em um vasto mar de sentimentos.

"Oi...?" O moço acenou para Fit

"Ah oi!"

"Olá garotinho!" - Pac se abaixou um pouco para ficar mais ou menos na altura de Ramon.

O garotinho acenou de volta sorrindo.

"Você deve ser ó Ramon!" - Sorriu vendo o pequeno concordar com a cabeça.
"E você o Fit, um prazer em conhecê-los"

"Igualmente, quem seria?"

"Ah! Eu sou o dono do tal bolo divino de goiabada!"

"Não sei não, pelo que eu escutei há muitas dúvidas se o seu e o melhor ou se o da senhora Luciana.."

"Se quiser descobrir terá de provar!" - Sorriu se aproximando de Fit.
"Deixa que eu levo o bolo" - pegou a sacola rapidamente antes que Fit pudesse negar.

Fit ficou confuso por um tempo, porém estava admirando tudo que Pac fazia e falava.

"Tarik! Meu nome é Tarik, Pac pros mais chegados"

"Pac? Tipo Pac-man?"

"Uhum, mas veio do meu sobre nome.. Pacagnan"

"Bonito nome, diferente eu diria"

"Ser diferente lhe faz especial tio pac!" - Ramon finalmente disse algo.

"Sim, especial!" - Fit afirmou a fala de seu filho.

Pac sentiu suas bochechas queimarem.

"É legal receber elogios de pessoas tão bonitas como vocês."

"Ora, por nada, você também e possuidor de demasiada beleza."- Ambos riram.

"Parem de flertar!" - a avó de Pac apareceu no portão gritando.
"Na frente da criança, Tarik seu sem vergonha!"

"Q-que??"

"Entrem logo!" - ele puxou o braço de seu neto.

𝗥𝗼𝗺𝗲𝘂 𝗲 𝗝𝘂𝗹𝗶𝗲𝘁𝗮Where stories live. Discover now