Eu teria você em meus sonhos para sempre (Bruno Madrigal)

Te amo, sempre o haré. Que algum dia nos voltamos a encontrar em sonhos

Acordar com Mirabel foi a lembrança mais segura do dia anterior. Ela olhou para mim e depois de volta para a porta.

"Deveríamos ver o que mamãe fez para o café da manhã." Ela disse com um sorriso que não alcançava seus olhos. Suspirei e ajudei-a a se vestir. Pegando meu violão do dia anterior, caminhei com ela até a cozinha.

"Buenos dias, mamãe!" Mirabel disse em um tom animado que eu sabia que era falso. Julieta parou e olhou para ela. Mirabel agarrou minha mão. Eu sabia que não estava ótima, com o cabelo bagunçado e as roupas da noite anterior. Julieta me lançou um olhar estranho, quase como se tivesse medo de mim.

"Olá, Mira." Julieta sorriu para a filha. "Você dormiu bem?"

"Tia lutou contra todos os meus pesadelos e cantamos músicas juntos no meu sonho." Mira sorriu para sua mãe. Este era menos falso, porque eu me certifiquei de que o sonho dela fosse o mais doce possível. Eu baguncei seus cachos e gentilmente a empurrei na direção de Julieta.

"Lamentamos ter adormecido antes que você pudesse dizer buenos noches." Eu disse com um olhar aguçado entre Mira e Julieta. Eu queria fingir que eles não simplesmente ignoraram a filha.

"Está tudo bem", disse Julieta garantindo a Mirabel, "Quando verificamos você, você já estava dormindo!"

Os ombros de Mirabel relaxaram e ela me deu um sorriso brilhante. "Como você sabia?!"

"Porque eu sei que sua mãe e seu pai te amam muuuito!" Eu disse e o rosto de Julieta caiu por uma fração de segundo enquanto Mirabel olhava para mim. "Agora você fica aqui embaixo, eu tenho que acordar seu tio sonolento e guardar meu violão novo."

"Tudo bem, Tia." Mira disse enquanto eu dava um abraço nela e me dirigia para o meu quarto e do Bruno.

Eu estava tão perdido em pensamentos que não percebi que algo estava errado. Algo estava errado. Trabalhei no piloto automático enquanto subia para o nosso quarto. O elevador era bastante lento, mas não pensei muito nisso. Eu só queria ir buscar conforto nos braços do Bruno. Abrindo a porta do nosso quarto, a primeira coisa que notei foi o som. Ou falta de.

Não havia o barulho dos roncos baixos de Bruno ou de seus ratos implorando para serem alimentados. Procurando as luzes, acendi-as. Olhando ao redor, não o vi. Nossa cama estava feita e havia algo dourado em cima de um pedaço de papel. Confuso, coloquei o violão perto da porta.

"Brunito!" Gritei para o corredor, esperando que ele colocasse a cabeça para fora da caverna de visão ou do banheiro. Silêncio.

Senti um arrepio percorrer minha espinha quando dei um passo à frente. Caminhando em direção à nossa cama, olhei ao redor. Tudo parecia estar em ordem. Quando finalmente cheguei ao lado da cama, me permiti olhar o que estava em cima do pedaço de papel.

Demorou um segundo para processá-lo, mas lá estava. Seu anel. Sua aliança de casamento. Minha mão tremia quando estendi a mão e toquei. Ele nunca tirou, nunca. Pegando-o, passei meus dedos sobre ele. O que isso significava, não poderia significar o que eu pensava, poderia?

Minha outra mão disparou e pegou a carta. Desdobrando-o, tentei lê-lo. Meus olhos não conseguiram ajudar meu cérebro a processar as palavras. Foram necessárias três tentativas antes de começar a compreender o que estava lendo.

"Meu amor, minha vida,

Mamãe me forçou a fazer uma visão. No centro do qual… Meirda. Não posso permitir que você ou Mira se machuquem por minha causa. Estes últimos meses foram terríveis, tudo menos o nosso casamento causou muita dor à minha família, a você. Você merece alguém que seja melhor, que possa ser melhor. Então eu parti. Não me procure, Julieta e Pepa vão te proteger. Deixe-os protegê-lo como membro desta família. Ajude a criar nossos sobrinos da maneira correta, do jeito que você ou eu nunca fizemos. Se eu voltar, o que não planejo, talvez possamos conversar sobre isso. Você merece um homem que seja forte, que seja o melhor, não apenas um homem que dê o seu melhor.