Vermelho

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A vida se faz

Em vermelho,

Na tenuidade das linhas

Dos caminhos contornados,

Pois o viver se satisfaz

Sem rumo, sem conselho,

Da tua voracidade, da minha,

De todos os apaixonados.


Quando é vermelho que contorna,

O pintor tende a borrar

E, onde se amaria,

Diversos amores são manchados.

Vermelho é limite que torna

Ilimitados os desvios para beijar,

Borrar os lábios dos mais bem amados

E formar a cor da selvageria

Nos corações mais bem aventurados.


A cor saltitante

Se destonifica

De linha em linha,

Porque o seu rastro não limpa.

Com tom exuberante,

Pinta-se.

De corpo em corpo,

a exuberância caminha,

Desimportando-se

Com tudo que a sinta.


Picante.

Ao invés de amar, arde

E degrada os tecidos tingidos

Pela chama rastejante.


O amor se faz

Em vermelho,

Mas faz-se tarde

Com os tons perdidos,

Com sua cor deixada

Naquilo que nunca pode pintar.


Assim, amar,

em cinzas se desfaz

E cultiva beijos num terreno baldio,

Pela cor, esquecidos,

A mesma apagada

Com a qual me tingiu.

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⏰ Last updated: Nov 29, 2023 ⏰

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