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O galpão escuro tinha cheiro de gás, era possível ouvir três vozes masculinas. Uma suplicando pela sua vida, a outra incentivando a mata-lo e a terceira voz pedindo silêncio.

Maya estava escondida atrás de algumas caixas e a única coisa que ela conseguia ver era Luke amarrado em uma cadeira e um cano de revolver apontado para a sua cabeça. A sombra de um homem alto andando para lá e para cá a fazia se esconder ainda mais. A garota se abaixava e colocava as duas mãos encima da sua boca para evitar que qualquer barulho escapasse.

— Mas que porra de barulho é esse? — O homem andava de um lado para o outro irritado. — Qual é, ele é um traidor. Mate o Luke agora mesmo.

O coração da garota disparava como se fosse pular pela boca, o seu medo ali era que talvez aqueles homens pudessem escutar as batidas do seu coração e encontrá-la.

— Não temos o dia todo. — O homem insistia. — Mate ele agora.

Maya mais uma vez encara a situação e ao ver a sombra do rapaz andando para a porta ela se encolhe.

— Por que, Luke?

— Eu não sou o traidor aqui. — Luke responde encarando a arma fixamente. — Ele está manipulando todo mundo. Você precisa acreditar em mim.

Um momento de silencio se instaurou. As vozes dos homens se calaram e o único som repetido que tinha eram das gotas que pingavam sem parar dos canos enferrujados acima deles. — Você precisa acreditar em mim, eu te conheço a quanto tempo?

— Isso aqui é totalmente diferente Luke. — O homem fala suspirando como precisasse de coragem. — Eu sinto muito.

A garota ao escutar essas palavras encara a situação desesperada, seu corpo todo quer correr e tentar ajudar o seu amigo. Enquanto a sua mente a deixa totalmente paralisada encarando a situação. Os olhos do rapaz encontram o dela, nitidamente ele fica preocupado e começa a desviar a sua atenção para o homem que apontava a arma para ele.

— Eu sou o culpado, você tem razão. — Luke fala e encara Maya.

— Eu sinto muito. — O homem com a arma fala e dois segundos depois um barulho de tiro ecoa por todo o galpão.

— Não! — Maya grita, mas logo se esconde de novo tampando a própria boca enquanto lágrimas escorriam por seus olhos e o seu coração se quebrava totalmente. Ela tinha acabado de ver Luke ser morto na sua frente.

— Rápido. — O homem volta abrindo as portas com tudo. — Começou um incêndio.

— E o Luke?

— Deixe o aí, já está morto.

Rapidamente os dois saem de lá e barulhos de explosões começam a ecoar pelo lugar, fumaça preta domina cada pequeno espaço e o cheiro atordoante escapa pelas janelas chamando a atenção de bombeiros e policiais. Em questão de segundos o lugar foi dominado pelo fogo e tudo ali queimou, tudo exceto uma pessoa. Uma única pessoa que ninguém sabia que estava ali foi conseguiu fugir.

* * *

Dois anos depois...

— Maya Jones morreu no dia incêndio. — A garota loira repetia isso inúmeras vezes em frente ao espelho. — Agora eu sou Lauren Meer, nascida e criada em Amsterdã. — Toda vez que ela repetia isso ela sentia seu estômago revirar e uma vontade de vomitar a dominava.

— Você está indo bem. — O rapaz vestido de social falava encarando-a pelo reflexo do espelho. — Mais uma vez.

— Michael, por favor. — Ela se vira o olhando desdenhosa. — Isso é ridículo. Eu nem tenho sotaque.

ACORRENTADOS  [+18]Where stories live. Discover now