Capítulo 23 - Rachel

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  Ficamos duas horas na casa da Kate, escolhemos as cores das roupas, modelos, acessórios e Kate tirou nossas medidas. Quando saímos de lá fomos direto para o barco, faltava duas horas para o povo começar a sair do serviço.

  Miller e eu não trocamos uma palavra o resto do dia, minha cabeça borbulhava com o desabafo de mais cedo.

  Eu estou a tanto tempo tentando entender o que está acontecendo dentro de mim, saber que Miller pode estar sentindo a mesma coisa me deixa ainda mais preocupada. Estamos no meio de uma guerra, me envolver com ele seria uma sentença de morte para nós dois!

  Miller me provoca sentimentos maravilhosos que eu não sentia a muitos anos, é impressionante como até o jeito dele respirar parece ter algo especial e o jeito que ele me olha faz meu coração disparar. Eu achava que era só besteira da minha cabeça, até perceber que ontem eu estava com medo de perdê-lo.

  Chegamos no cais da cidade em cima da hora, logo que abaixei a rampa o povo começou a entrar.

  Em menos de uma hora o barco já estava lotado e eu estava partindo.

- No que está pensando, querida? - Perguntou a mãe de Chal parada ao meu lado, ela costuma ficar seu trajeto na parte de baixo com Miller, mas parece que justo hoje ela resolveu ficar aqui em cima

- Na vida - Respondo enquanto viro o timão

- Por um acaso, essa sua "vida" tem cabelos loiros e lindos olhos cor de mel ? - Perguntou ela fazendo o sinal de aspas com os dedos

  Aiai os olhos dele ... Pera! O que está acontecendo comigo?!

- Não! Claro que não, credo

- Certo - Responde ela com um sorriso no rosto - Veja bem criança, a vida pode ser dura, pode machucar, pode doer muito, mas ela não faz sentido se não tivermos amor. Ela não faz sentido se vivermos com medo. Se você parar para pensar e observar as atitudes das pessoas, é tudo em nome do amor, tudo o que fazemos é em nome do amor.
"Te conheço a muito tempo, e desde que Killie morreu eu nunca mais te vi sorrindo. Até Miller aparecer. Sei que as circunstâncias em que vivemos é complicada, mas do que adianta toda essa guerra se não tivermos com quem dividir a vitória?"

  O grande discurso da Sra. Marley faz todo o sentido, o amor move o mundo, aprendemos isso desde pequenos com os contos de fadas, no final o amor sempre vence. Mas eu logo acordo, isso não é nenhum conto de fadas, isso é vida real, e na vida real o amor nem sempre vence.

- Obrigada - Digo para a senhora

- Eu quem agradeço, você trouxe o meu filhote de volta para casa. Te devo o mundo - Responde ela sorrindo para mim, retribuo o gesto.

  A Senhora Britanie volta para o convés e se senta em um canto qualquer.

  Quando Miller e eu voltamos para casa já era tarde da noite, mas não tinha ninguém em casa.

- Tem alguma coisa para comer? - Perguntou Miller abrindo a geladeira - Estou verde de fome

- Tem pão no armário e presunto na geladeira

  Jogo minha bota em um canto do quarto, me deito na cama de barriga para cima e os pés no chão, fecho os olhos e então a imagem dele aparece na minha cabeça, aqueles olhos misteriosos me encaram, ele sorri para mim e com a mão joga a frente de seu cabelo para trás, sinto minhas bochechas esquentarem e um sorriso bobo brota em meu rosto e ....

  Esquece isso!

  Eu e Miller é fora de cogitação... mas ele é tão lindo e gentil e...

  Estamos no meio de uma guerra, me apaixonar é a pior coisa que eu poderia fazer, me apegar é a pior coisa que posso fazer.

- Aceita um lanche, piratinha?

  Sinto a cama balançar quando Miller se senta, me levanto e lhe encaro, meus olhos descem por seu peito definido pela regata apertada, sinto uma imensa vontade de tocá-lo, de beijá-lo.

  Pego o lanche que ele me oferece e me concentro em comer para tentar afastar todos os pensamentos pervertidos que rodeiam minha cabeça.

- Piratinha?

- Você não se cansa desse apelido? - Pergunto revirando os olhos, isso é apenas para manter minha postura

  Ele ri

- O que você ia me falar hoje mais cedo, lá na casa da Kate? - Perguntou ele enchendo a boca com o lanche

  O que eu ia falar? Bom, eu só ia falar que eu também estou morrendo de medo de perdê-lo, que eu estou completamente apaixonada e preciso dele, mas estou apavorada, eu quero que isso de certo e que depois nós dois possamos, sei lá, talvez ficar juntos.

- Não lembro - Respondo covardemente

- Ah - Ele parece bem decepcionado

  Ficamos o resto da janta em um silêncio absoluto e um clima pesado.

  Depois de comermos lavo os pratos enquanto Miller guarda tudo, em seguida cada um vai para seu canto

- Boa noite piratinha - Diz ele se deitando no sofá

- Boa noite, vossa charisse real

  Apago as luzes da casa e me deito

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