Prólogo.

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Kakashi abre os olhos sentindo uma luz intensa e um calor suave em sua pele, uma brisa suave batia em seus cabelos platinados, balançando com o vento.

O calor sutil em minha pele me fazia sentir confortável e seguro. A brisa suave em meus cabelos traziam com ela os aromas suaves de tulipas roxas, o aroma suave daquelas tulipas me lembrava um pouco de candura em seu frescor floral delicado quase. Vejo ao alto, um céu azul claro da manhã em completa harmonia com o sol. Sento-me e me vejo cercado por grama verde e vivida que dançava contra a brisa, em uma lentidão suave e calma.

Me deparo com um campo de tulipas onde eu passei os momentos mais calmos da minha vida. Havia um riacho que corria calmamente, do outro lado, havia pinheiros que traziam aquele aroma de frescor. Mais a frente eu vejo montanhas distantes. O céu se juntava com o sol no alvorecer.

Meus olhos brilham de esperança quando a vejo sentada próxima ao riacho, os cabelos negros dela estavam soprando junto ao vento em uma sintonia perfeita e pacifica. Vejo seu lobo de pelos brancos brincando correndo para pegar uma borboleta. Me sinto tão tentado a correr até ela, abraçar ela e dizer o quanto eu sentia muito por não estar junto dela quando precisou.

- S/n?- Meu sussurro é tão baixo e abafado pela máscara, que é como se minha voz desaparecesse com o sopro suave. Ela ainda era uma criança gentil e sonhadora, e eu agora era um adulto vazio e destruído.

Meu desejo de me aproxima vence qualquer barreira que me impedia de fazer isso. Conforme eu vou me aproximando dela, o céu aos poucos começa a ser engolido por um frio e um escuro, quase como se toda a felicidade deixasse de existir. Tudo à minha volta se transforma em trevas, o céu se torna um azul escuro com nuvens sutis vermelhas, raios vermelhos iluminam todas aquelas nuvens, trovões poderosos fazem o chão tremer.

A brisa se transforma em um vento potente que parte todas as arvores ao meio.
Só havia um lugar que a luz e a paz reinava, era nela cercando-a como se fosse uma bolha de proteção. Mesmo o vento se chocando contra mim, eu ainda tentava alcançá-la, toda a luz dela me contagiava com um abraço calmo.

Quanto mais eu me aproximava dela, mais o cenário a minha volta se tornava um perfeito caos, raios dispararam como tiros a minha volta, o vento soprava contra mim com violência quase me fazendo ceder e cair em derrota no chão, mas eu sabia que eu não podia desistir, S/n precisava de mim, e eu precisava dela, era ela, essa garota era meu porto seguro.

Eu estava próximo a S/n, juntando todas as minhas forças, eu estendi meu braço em direção á aquela bolha de luz calorosa, senti as pontas de meus dedos esquentarem em um calor suave, e aquela brisa suave, os aromas de tulipas e pinheiros invadiram meu nariz que estava sob a máscara. Um sorriso de alegria sutil se formou em meus lábios finos. Meus olhos transmitem a esperança, quando eu vejo aquela doce criança se virar para mim.

Ela segurava um buque com algumas tulipas roxas, os ventos sopravam contra seus cabelos longos e negros, as mechas de seu cabelo voavam em seu rosto. Aqueles lindos olhos perolados que pareciam tão calmos e suaves, aquela garota gentil cercada por tulipas e borboletas que voavam por ela.

Por um segundo eu esqueci todo o caos que me cercava.

Quando estava quase alcançando a luz dela, eu paro ao ouvir multidões gritarem o nome daquela criança. Eu viro meu rosto para encarar as vozes que estavam atrás de mim, e vejo algumas pessoas de konoha furiosas correndo até nós, eram membros de seu clã, e um homem logo atrás que mantia um sorriso lunático quando observava toda a situação.

Viro-me para S/n Hyuga e vejo aquela menina correr em minha direção, aquele olhar que eu jamais vou esquecer, medo e tristeza. Tento segura-la, mas ela passa por mim, quase como se eu não existisse mais.
E então, tudo some, ela some, a multidão some, a única coisa que permanece é o céu escuro e vermelho e eu.

Sozinhos num vazio sombrio.

Aos poucos sinto a terra sob meus pés tremer intensamente, olho para o chão e vejo a terra afundando comigo ainda em cima dela, em um buraco. Quando menos espero, caio nessa cratera, minhas costas batem fortemente contra o chão e por um minuto eu sinto todo o ar de meus pulmões sumir, abaixo minha máscara para tentar recobrar o folego. Não conseguia mexer meu corpo, somente minha cabeça.

Olho para a esquerda e vejo um desfiladeiro alto, sobre ele, vejo muitas árvores semelhantes ás aquelas que cercam Konoha. Sinto pingos de chuva sutis e geladas caírem e escorrerem pelo meu rosto. Trovoes e raios assombram a escuridão da noite.
Lentamente viro minha cabeça para a esquerda e vejo ela morta...

Meus olhos brilham em lágrimas que não caem, aquela visão destruiu cada parte de esperança que eu poderia ter.

O rosto dela estava mais maduro, como se ela tivesse minha idade, se caso ela ainda estivesse viva. Vejo lama por partes de seu rosto, vejo ralados com pequenas gotas de sangue em suas bochechas, vejo sua boca entreaberta com um fio de sangue escorrendo por ela e caindo na terra. E vejo seus olhos, seus lindos olhos perolados que antes transmitiam tanta paz e bondade, agora, transmitem somente um vazio mortal, eles estavam levemente abertos com uma lágrima escorrendo por eles, um olhar tão vazio e gelado.

Viro para olhar para o céu a cima de nós, e podia sentir as gotas de chuva caírem mais pesadas sobre meu rosto, naquele momento meus olhos vacilaram e me deixo chorar junto daquela chuva que disfarçava minhas lágrimas, me deixei chorar depois de muito tempo ter remoido todas as lágrimas, pois eu tinha esperança dela ainda estar viva, mais aqui estou de cara com seu corpo sem vida.

Logo um estrondo de um trovão e um flash de luz clarear meus olhos...

Acordo com o som de um trovão que treme toda a minha casa em Konoha, passo a mão pelos meus cabelos platinados que estavam levemente molhados pelo suor. Olho para a janela e vejo uma tempestade assombrar aquela noite em Konoha. Me levanto e vou até o banheiro, sinto minha visão embasar conforme eu lavo minhas mãos, jogo água no meu rosto e me olho no espelho com um olhar cansado e triste.

Aquilo era só um pesadelo, o maldito pesadelo que eu tenho todas as noites. A morte de S/n Hyuga me assombra, e é meu karma.

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Fio Vermelho+18Where stories live. Discover now