Intentions - Bonenzo

Chapter one

Bonnie

O carro de aplicativo estaciona em frente ao enorme prédio, com um jardim encantador e vários carros ocupando as vagas do estacionamento. Não penso muito e apenas desço do automóvel, ouvindo o motorista me desejar um "Bom dia" baixinho, não tenho muito tempo para retribuir o gesto pois o mesmo já parte para outro destino. Não poderia ficar apenas colocando as corridas no cartão de crédito, precisava de um carro, mas para isso, precisaria ser aprovada na entrevista que teria daqui alguns minutos.

Solto um suspiro, e me encaminho até a entrada da empresa, pensando em como iria seguir minha vida a partir de agora. Precisava conseguir esta vaga, para assim então conseguir um apartamento para mim, o apartamento em que divido com minha melhor amiga, Elena, ficará pequeno após ela dar à luz. Em nenhum momento Gilbert me disse que deveria retirar-me, mas como terá uma adição entre nós, obviamente ela iria precisar do quarto que até então é meu, para colocar o enxoval do bebê que espera.

E não estou triste com isso, só precisava conseguir este emprego, e as coisas iriam se ajeitar para mim.

Continuo meu caminho até a entrada da Salvatore Company, podia sentir os olhares sobre mim, mas iria tentar não ficar nervosa e estragar tudo que planejei em minha mente. Precisava demonstrar que não estava com medo, embora eu esteja me borrando nas calças para não estragar tudo. Havia um elevador aberto, e não tardei para apressar meus antes que as portas se fechassem, porém, uma mão segurou para que eu pudesse entrar, agradeci ao homem ao meu lado. Não reparei muito nele, apenas em seu terno preto, que parecia ser bastante caro, talvez dez vezes mais caro que meu salto, ou muito mais que isso. Não precisei colocar o número do andar, pois parecia que estávamos indo para o mesmo lugar.

Fiquei concentrada nos números que passavam rapidamente conforme a caixa de metal se movia, e ouvi uma risada atrás de mim, só haviam duas pessoas aqui dentro, eu, e o homem do terno caro, e não me lembro de ter visto algo engraçado para rir, então só poderia ter sido ele. E recebi essa confirmação segundos depois

— Não precisa ficar nervosa, essa vaga já é sua, Bonnie Bennett. - A voz dele era rouca, e havia o sotaque inglês, tentei não reagir, mas fica quase que impossível quando um desconhecido qualquer sabe seu nome, sem nunca nem ter te visto.

Limpo minha garganta antes de responder. — Com todo respeito, como sabe meu nome?

Ele apenas soltou um sorriso, e passou seus dedos pelo topete que brilhava na luz, creio eu que seja por conta do gel. — Direito e ciências contábeis em Harvard? Se destacou na fila. — Ainda não entendia como ele sabia até mesmo minha fisionomia, pois não haviam pedido nenhuma foto minha para reconhecimento. Após ver que eu continuava confusa, ele respondeu a pergunta que fiz em pensamento. — Meu tio me passou seu contato, que havia sua foto, e é impressionante o quão bonita você é pessoalmente, ainda mais. — Ele ressaltou, e senti um pouco de vergonha, mas precisava agir, não podia ficar igual boba rindo para o meu possível chefe.

— Obrigada..? — Hesito antes de falar algo que poderia me comprometer, e antes que ele pudesse responder algo, a campainha soou, nos informando que havíamos chegado ao andar desejado. Me retirei antes que passasse mais vergonha com este homem, cujo nome eu não fazia ideia de qual era.

Agora vinha a pior parte, falar com a secretária do senhor Salvatore, que provavelmente desdenharia que eu estava ali para uma entrevista com um cargo daquele porte. Mas não precisei falar nada, ou achar alguém, ouvi meu nome ser falado em alto e bom som, pela pessoa que adivinharia ser o meu chefe, que aparentava ter uns quarenta e cinco anos, cinquenta no máximo. O reconheci pela foto no site da empresa, e corei com a forma como ele me recepcionou, era zero o que eu imaginava que seria.

— Bonnie Bennett! Estava ansioso pela sua chegada, adoramos seu currículo. — Ele tinha as mãos unidas, e um sorriso em seu rosto. Me senti acolhida por ele, e retribuí o cumprimento dele.

— É um prazer Senhor Salvatore. — Estendi minha mão para cumprimentá-lo e demonstrar respeito, ensaiei isso durante a noite anterior, de várias formas, e ainda não parecia real.

— Pode me chamar de Joseph, senhorita. Venha, vamos conversar na minha sala. — Ele respondeu enquanto me guiava até a enorme porta marrom, com seu nome e cargo.

Meus olhos brilhavam ao olhar aquilo tudo, parecia um sonho, as paredes em um tom nude, o contraste do piso marrom, a luz que não era tão clara a ponto de cegar seus olhos. Só podia estar sonhando, e apenas acordaria com um beliscão. Mas a voz de Joseph me chamou a atenção.

—Então Bonnie, como lhe disse no e-mail, adoramos seu currículo, e gostamos da sua experiência com os estágios que nos apresentou. Bom, não gosto de enrolar muito, mas gostaríamos de lhe contratar para o cargo de chefe financeiro da Salvatore Company se você aceitar, claro.

Eu estava em completo choque. Definitivamente de todas as entrevistas que eu já havia participado, essa foi a mais rápida, com a resposta positiva. Eu queria chorar, mas acho que não seria muito legal fazer isso na frente do dono da empresa, pareceria uma louca emotiva.

— Ah meu Deus... Eu estou completamente sem palavras Sr. Joseph. Muito obrigada pela oportunidade de poder fazer parte dessa grande empresa. — Pelo tamanho do meu sorriso, ele já sabia que a resposta era positiva.

— O RH entrará em contato com você para finalizar sua contratação. Seja muito bem vinda, Bonnie! — Ele levantou de sua cadeira e veio me abraçar, não recusei de forma alguma, ele parecia ser diferente do que eu havia imaginado em minha mente.

— Certo, ficarei no aguardo, e mais uma vez, obrigada por essa oportunidade!

— Eu sei que não irá me decepcionar Srta. Bennett.

Havíamos combinado o dia em que eu começaria na empresa, e ele me levou para conhecer minha sala, e me liberou para decorar e mudar os móveis da forma que eu me sentisse confortável. E mais uma vez me peguei sorrindo largamente para as paredes.

Seria um novo recomeço!