Capítulo 1 - Rosa.

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Estima-se que existam mais de 8 bilhões de pessoas em todo o mundo, e nenhuma delas é igual. Comprovando isto, existia um garoto com características peculiares, porém encantadoras que morava no mesmo lugar que Vegas.

Tudo começou numa quinta-feira, uma noite fria e chuvosa quando Nona, a responsável do orfanato, trouxe um garoto para o seu quarto no meio da madrugada. Inevitavelmente se sentiu curioso e resolveu observar o pequeno e magricela pacotinho que se embrulhava do outro lado da cama.

— Oi! — Disse baixinho para ele, tentando não assustá-lo. 

O pequeno garotinho tirou o pano que cobria a cabeça e olhou em direção de onde o rapaz estava. Não saberia dizer se acreditava em anjos antes disso, mas naquele momento quando olhou aqueles olhos brilhantes como o céu estrelado e junto a um murmúrio de um "Oi" muito tímido em resposta, pôde ter a absoluta certeza da existência de um ser angelical. Desceu de sua cama e sentou-se na beira do acolchoado do novato, ele tremia por completo e tinha um pouco dos fios negros molhados. Levantou-se com a intenção de pegar uma toalha para enxugar as madeixas alheias, mas antes de continuar seu plano, uma mão pequena segurou firmemente no pijama de gatinho que o outro vestia impedindo-o de se afastar.

— Tá tudo bem, eu só vou ali naquele canto do quarto pegar uma toalha. — Explicou a ele afagando gentilmente os fios molhados e apontou para a cômoda azul-escuro que ficava na parte esquerda do quarto, e logo sentiu o aperto na roupa diminuir até ser liberado para fazer o que havia dito.

Retornou para perto do garoto com uma toalha branca em mãos e em seguida começou a secar os fios escuros dele que agora se encontrava mais calmo, sendo assim ele apoiou a cabeça levemente úmida nos joelhos de Vegas e se acomodou por ali sem nenhuma preocupação.

— Meu, meu… Nome é Pete. — Revelou bem baixinho enquanto esfregava os olhos tentando mantê-los abertos, porém uma luta perdida já que em poucos minutos estava adormecido. 

Tamanha era a felicidade do rapaz ao perceber que o destino havia lhe enviado um novo amigo. E por fim sussurrou: " E eu sou, Vegas." 

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Na manhã seguinte acordou bem cedo e correu escadas abaixo para ajudar a Nona com o café da manhã. Ambos prepararam uma mesa repleta de deliciosos pães, bolos e geleias, tudo graças às doações que o orfanato recebia. Vegas queria que o primeiro dia do garoto-anjo fosse especial e que ele pudesse se sentir à vontade com todos. Nona sempre dizia que as crianças que chegavam no orfanato depois de uma certa idade, muitas vezes eram crianças que foram machucadas ou abandonadas e, por essa razão, deviam ser sempre gentis e fazer de tudo para que elas se sentissem bem. 

Alguns minutos depois o garotinho com cabelos desgrenhados, de rosto amassado e uma babinha no canto da boca apareceu na porta da cozinha. Não conteve o sorriso quando o viu e logo foi cumprimentá-lo. Como Vegas era o mais velho, sentia que tinha o dever de tomar conta dele. E pode não parecer, mas ele era bem maduro para a sua idade, com oito anos ajudava a cuidadora com as tarefas de casa, cuidava dos mais novos e até ia à mercearia. Não era tão longe, mas ficava no fim da esquina, ao lado de uma grande casa com muros altos de tijolinhos. 

— Bom dia, Pete! — Disse oferecendo-lhe um sorriso largo. O pequeno murmurou um "bom dia" quase inaudível por conta do barulho das outras crianças. 

— Gatinho, você fugiu de mim. — Pete falou sentando-se na cadeira e logo após pegando um grande pedaço de bolo de chocolate. 

— Gatinho? — Perguntou confuso.

— Sim, gatinho. — Concordou apontando para o pijama que Vegas ainda vestia.

— Pete, meu nome é Vegas.

— Gatinho! — Rebateu decidido, enquanto mantinha uma expressão brava.

Como iria explicar a um garoto de cinco anos que ele não se chamava gatinho? Vegas pensou consigo mesmo observando a expressão brava do mais novo pegando a colher e cortando um pedaço do bolo de chocolate.

— Tá bom, você pode me chamar assim. Beba o seu café da manhã, preciso te mostrar o orfanato e ajudar Macau a escovar os dentes. — O pequeno balançou a cabeça em concordância e sorriu dando uma mordida no pedaço do bolo soltando um som adorável.

Ele pôde jurar que os seus cabelos ficaram levemente rosados, mas quando olhou em volta, a Nona e as outras crianças conversam entre si e nenhuma delas pareceu perceber algo diferente, então deu de ombros pensando que era de sua imaginação, e voltou a comer o ovo mexido que tinha preparado para si mesmo. 

Quando todos haviam terminado de se alimentar e estavam satisfeitos, cada uma das crianças se retirava da mesa para poderem brincar, mas não antes de lavarem as mãos e escovar os dentes. Ainda faltavam algumas horas para a professora que era enviada do governo chegar no orfanato para dar aula. Portanto, Vegas estava ajudando Nona a limpar a mesa para passar o tempo. Mas quando ele olhou pela janela viu as outras crianças brincarem e o garotinho de fios pretos ficar mais diante delas.

Pete estava mais afastado das outras crianças observando um pequeno lago perto da ponte, tão inocente e tão calado. Vegas se perguntava como os adultos tinham tamanha crueldade de fazer mal para alguém que não tinha noção da ruindade do mundo.

Por estar ali desde que nasceu não tinha lembranças de seus pais biológicos e nem mesmo pertences que eram deles, se perguntava diariamente se alguma criança que fora adotada estava feliz com sua nova família ou sendo bem cuidada. Era uma dúvida que rondava sua mente todos os dias.

Cuidadosamente caminhou até o garoto de cabelos escuros agachou-se ao seu lado olhando para a mesma direção que ele, podendo ver os peixinhos de várias cores nadando pelo rio de águas cristalinas. As bochechas de Pete eram cheinhas combinando com seu cabelo em formato de tigela, mesmo que houvesse um peueno bico formado nos lábios e uma linha aparecer entre as sobrancelhas, o deixando ainda mais bonito. 

Com um longo suspiro, Vegas se levantou e estendeu a mão em direção do garoto que continha confusão no olhar, cada vez que o mais velho olhava para aqueles lumes brilhantes, uma forte necessidade de cuidar e proteger gritavam em sua mente.

— Vem, vou te mostrar o orfanato.

O garotinho balançou a cabeça e se pôs de pé ao lado de Vegas, caminhando lado a lado com o mais velho explicando cada cômodo do lugar com bastante calma e paciência. Sempre perguntando se o pequeno tinha alguma dúvida sobre algo, Pete era uma criança esperta até demais para sua idade, assim como Vegas também era.

Talvez seja o jeito de ambos serem bem parecidos que os aproximou ainda mais conforme cresciam, trazendo confiança para a relação deles.

Uma linda amizade estava florescendo, não existia Vegas sem Pete e muito menos Pete sem Vegas. Não existia um mundo sem o gatinho e o anjinho. 

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Notas finais:

Essa foi a primeira parte dessa história maravilhosa, terá bastante coisa no decorrer dos capítulos como as mudanças das cores do cabelo de Pete e os significados por trás delas.

Contém: Angst, Problemas de raiva, autoestima baixa, bullying e sexo explícito.

Por enquanto esses são os avisos mais importantes que vão aparecer mais na história, enfim, espero que gostem e não esqueçam de votar na estrelinha, até o próximo capítulo! 👐🏻

Blue The Color Of Love - VegasPeteOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz