^Encontro Falhado^

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Emily não conseguia dormir, não parava de pensar naquele bilhete, o nome "Bon", ela deu o mesmo nome ao pai.

-"Não é possível já faz tanto tempo, isto deve ser alguma piada, não pode ser real. E precisa da minha ajuda? Apenas família minha afastada me conhece, e não tenho contacto com nenhum deles. Será que vou?.." - pensava Emily.

Mil e um pensamentos invadiam a sua mente, ficou um tempo a virar de um lado para o outro, mas lá acabou por adormecer.

No dia seguinte Emily acordou com um pesadelo. Levantou-se e foi lavar o rosto. Deu comida ao Lost, e preparou cereais para si, pegou no billete e em uma manta, e foi se sentar no sofá da sala. Ligou a pequena televisão no canal de notícias.
Leu e releu o bilhete imensas vezes, pensando no seu pai, foi há muitos anos que ele se fora, mas na realidade ela também não vira nenhum corpo.
Recebeu uma mensagem, que a tirou dos seus pensamentos, assustando-a por um segundo.

-"Oiii Emi, vamos sair hoje? 🥳"

Era a sua amiga de trabalho Rose. Emily tinha poucas amigas, apenas as de faculdade, mas cada uma já tinha seguido o rumo de suas vidas então ela não falava muito com elas. Elas também não se davam ao trabalho de falar com ela, então Emily nem se importava. Talvez nunca foram suas amigas de verdade. Talvez Rose seja mesmo a única amiga que ela teria.
Emily apesar de ser querida e simpática, ela se isolava do mundo. Teve um namorado, na época do secundário, mas ele mudou de cidade, e teve outro na faculdade, mas este a traiu.

-"Hoje não Rose, tenho um assunto a tratar." - respondeu Emily.

-"Você? Um assunto a tratar? 🙄 Ah Emily é fim de semana, você devia sair desse casulo seu!" - enviou Rose.

-"Fica para outro dia, prometo que irei! 🤞🏼" - respondeu Emily.

-"Vou cobrar! 🙄" - enviou Rose.

Emily não respondeu, respirou fundo e olhou para a tela da TV. Apareceu um esboço do ladrão da loja de Leila. Aumentou o som.

--"E este é o esboço do ladrão da loja Fiadro¹ em San Salvatore, e este é o rapaz que coincide com esta imagem" - passou uma fotografia do rapaz, tinha cabelo castanho, olhos azuis. - "Se você viu este homem ou tem informações do seu paradeiro por favor contactar a polícia, ele também é procurado por suspeita de homicídio, e outros roubos." - dissera a jornalista.

--Suspeita de homicídio? - disse Emily em voz alta, o que fez seu gato olhar para si, que estava deitado em cima do seu colo. - Vou procurar mais sobre isso..

Abriu o laptop e começou a procurar por alguma informação do rapaz, nas notícias que saíram.
Depois de alguma procura encontrou o nome dele, Arturo Giovanni.

--Tem nome de rico. - disse Emily sozinha e riu, fazendo o seu gato olhar mais uma vez para ela.

Procurou pela notícia do homicídio, e encontrou que o homem morto era um senhor de 45 anos, alto, magro, cabelo preto, olhos castanhos e trabalhava como corretor de imóveis.

--Porque será que um rapaz de 26 anos queria matar um corretor de imóveis? - perguntou-se a si mesma.

Emily procurou sobre o homem morto, mas não havia nada que conectasse os dois, então deixou isso de lado, e foi lavar os dentes.
Fez o almoço e comeu, logo foi se arranjar para ir ao encontro desse tal "Bon". Foi até à paragem de ônibus, comprou passagem e ficou a aguardar o ônibus, sentou em um dos bancos da paragem e voltou a pensar em quem poderia ser.
Logo seu ônibus chegou, Emily mostrou sua passagem ao motorista e foi se sentar.
Quando chegou ao seu destino, pegou no celular e abriu o Google para procurar aquele café.
Ficava perto então decidiu ir andando. Chegando lá, olhou para a fachada e entrou, olhou para todos os clientes que lá estavam e ninguém deu pela sua presença, nem notou nada de diferente, alguém a fazer sinais a ela ou algo do género, então sentou em uma mesa sozinha.

--Boa tarde, qual vai ser o seu pedido? - disse a atendente com um sorriso.

--Boa tarde....É...Eu vou querer....Pode ser um suco de laranja mesmo, por favor. - respondeu Emily devolvendo o sorriso.

--Com certeza. Com licença. - disse a atendente, virando de costas e indo em direção ao balcão.

Emily deu outra olhada para o café, ninguém a olhava diferente.
Havia poucos clientes, um casal com uma filha pequena, um casal de namorados apaixonados, uma mulher em um laptop, um casal de idosos, duas amigas que riam e conversavam muito alegres, uma mãe e uma filha adolescente, e uma jovem estudando.
Emily decidiu esperar.
Passavam 40 minutos e ela começava a ficar impaciente e nervosa. Decidiu pedir algo para comer e esperar apenas um pouco mais.
Chamou a atendente.

--Podia me trazer dois cannolis de chocolate e um café por favor? - pediu Emily à atendente.

--Claro que sim. Com licença. - disse a atendente sorrindo, e virando de costas para ir preparar o pedido de Emily.

A atendente trouxe o pedido de Emily. Ela com calma comeu os cannolis e depois bebeu o café. Olhou para o celular e já passava 1 hora e 35 minutos, começava a ficar impaciente, então decidiu ler um pouco do seu livro.
Olhou de novo para o relógio e passou mais 20 minutos. Decidiu ir embora.

-"Eu sabia que era piada, não vem ninguém, deve ser algum idiota fazendo piada e por acaso colocou o mesmo nome que eu dava ao meu pai!" - pensou Emily.

Foi pagar e saiu. Dirigiu-se novamente à paragem de ônibus e comprou passagem de volta.
Decidiu enviar mensagem à sua amiga Rose.

-"Mudança de planos, acho que quero sair sim!" - enviou a mensagem a Rose.

-"Uau! Não esperava que fosse aceitar! Vai cair um santo do altar! Ahahah 🤣🤣😋" - respondeu Rose no mesmo minuto.


¹ - "Fiadro" - (Inventei este nome, se existe nem eu sabia), seria o nome da loja de Leila, é o seu sobrenome e do falecido marido.

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