A Mão Invisível

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    Ah, quanto afã, quanto amor, quanta amizade!
Inseparáveis, na verdade, um do outro.









Curioso, ao relembrar velhas histórias, cheguei à conclusão que há uma mística na vida que favorece encontros sempre com o propósito de firmar destinos, igualar caminhos, ajudar desfavorecidos e dar aos favorecidos a chance de não se arrogarem em suas próprias grandezas.

O que me parece, ao avaliar tais enredos, é que em meio a humanidade age uma força invisível empurrando cada um de nós para o melhor caminho possível. Ela, a Voz da Verdade, faz a sua parte, mas se um ou outro turrão de coração não ouve, não a culpe, ela em seu ofício fala com todos, sem exceção. Sendo assim, quando a Mão Invisível atua é esperado que o inusitado, o extraordinário, se realize bem diante dos nossos olhos.

A união do feio com o belo, do triste com o alegre, do rico com o pobre e as uniões excêntricas e extremas, é, e sempre será, obra da Mão Invisível.

Ora, racionalmente o belo busca sempre o belo. O feio, contrariado e entendendo que essa é sua sina, buscará também o feio. O rico almeja o mais rico, e o pobre, não encontrando escolha, procurará dividir suas penúrias com seu igual. Mas, quando o Amor atua, as excentricidades perdem o seu polo e os opostos se conectam como que por sortilégio, mágica, milagre.

O Amor, como não carrega e nunca carregará interesses banais, não se importa com as trivialidades das regras de etiqueta, dos valores morais, das opiniões egoístas e dos conceitos meritocratas. Graças ao Amor e à sua Mão Invisível perseveram as uniões sem interesses ordinários, onde o forte une-se ao fraco, o brando alia-se ao tempestivo e o sábio tem por companhia o tolo.

Dessas uniões o que vemos nascer, quando o Amor é aplicado e guia ambas as partes? Vemos o fortalecimento do fraco e o ganho de paciência, de humildade, do forte. O tempestivo se torna mais manso, afável, amigo, e o brando, se caso precisar, ganhará mais ousadia ao se expressar. É como diz um velho provérbio judaico: como o ferro afia o ferro, assim o amigo afia o amigo.

Portanto, segue o Amor, construtor da humanidade, edificador da bondade, pontífice dos corações distanciados.

Ao citar o verbo Amar, espero que os sucintos leitores não confundam Amar como sendo apenas a união entre homem e mulher num enlace afetivo. Entendam, por favor, Amor, como sendo a Gratuita Generosidade existente no mundo, consolando corações, dando força aos fracos, juízo aos ingênuos e vida aos que caminham sob a névoa insípida da morte.

Sendo isto dito, podemos enfim falarmos da singela beleza que foi o encontro, a permanência e a transformação que vivenciei na carne, na alma e no espírito.

Bem, pelo que me lembro...

O verão estava chegando e o sol, aceso e fulgurante, percorria o céu de todos os dias. O calor desértico fazia da rua do alemão um Saara em pleno novembro, não havia árvores ou qualquer outra coisa que pudesse nos livrar do sol. A única vista acessível aos olhos era uma vegetação rasteira e caixas de concretos habitados por transeuntes do asfalto — árida paisagem do urbano industrial.

O vento que vinha do oeste soprava abrasador como se tivesse saído da boca de um dragão. Embora industrializada, a pequena metrópole situada no interior do Paraná tinha ares e hábitos que só existem nos vilarejos que se encontram nos sertões e confins. Do meio-dia às três da tarde todos os comerciantes fechavam as portas, os bancos, como é natural de se pensar, fechavam definitivamente naquele dia, e as indústrias, o marco da civilização moderna, silenciavam uma após a outra, até a cidade inteira se calar. Ouvia-se somente o farfalhar das bocas em descanso, o ronco dos exaustos trabalhadores era sagrado e considerado imutável na distinta e distante região.

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⏰ Terakhir diperbarui: Dec 11, 2023 ⏰

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