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Thalita

Assim que eu e Lc chegamos na boca principal, percebo que alguns vapores ficam me encarando com pena. Parece que as fofocas já se espalharam por aqui.

Eu poderia muito bem ficar em casa, chorando as pitangas horas e horas por ter sido enganada pelo Ph, mas eu não sou assim. A Perigosa não é assim, ela passa por cima de qualquer um e qualquer dor que sente.

Nesse momento, eu preciso ser a Perigosa. A mulher que não abaixa a cabeça pra ninguém e que não demonstra seus sentimentos e suas fraquezas pra qualquer um. Agora, tenho que deixar a Thalita com o coração partido de lado, e me transformar na Perigosa, a futura dona desse complexo e chefe desse bando de macho fofoqueiro.

— O que cês tão olhando? Perderam o cu na minha cara? — grito pra todos, que se assustam com minha fala e voltam para seus postos.

Lc me encara admirado e feliz. Provavelmente ele estava prestes a fazer o mesmo para me defender, mas eu não preciso ser defendida.

Eu sou Thalita Dias, vulgo Perigosa e futura dona do PPG. Saber me defender sozinha é o mínimo pra uma mulher com tanto poder assim. Não serão olhares de pena e fofocas que irão me abalar!

Já passei por outra situação assim, quando era mais nova e me culpei demais por algo em que eu era uma vítima. Agora, os tempos são outros. Eu cresci e me tornei forte, não preciso ser defendida por terceiros!

— Estou feliz que a Thalita que eu conheço está de volta. — Lc diz, me abraçando de lado e vamos andando até a salinha principal.

— Eu precisava disso, sabe. Não posso deixar de ser a Perigosa só porque estou triste em minha vida pessoal.

— O bom é que agora, eles vão parar de te olhar como uma coitadinha que foi magoada, pra te olhar como a chefe deles.

— Parte disso foi culpa minha. Quando eu ouvi o Ph contando pro meu pai que tudo era um plano, acabei surtando como uma adolescente que foi iludida, ao invés de agir com frieza na frente dos vapores...

— Ei, não foi sua culpa! Pare de achar que deve se mostrar fria e inabalável na frente dos moleques. — ele corta minha fala, me dando um sermão — Antes de tudo somos seres humanos, nós temos momentos em que não conseguimos guardar nossos sentimentos e agir como se nada tivesse acontecido.

— Você tem razão.

— Eu sempre tenho razão — Lc diz, dando um sorrisinho convencido.

— Tá bom, idiota. Agora vamos logo pois temos muita coisa pra fazer!

— Sim, senhora! — ele bate continência e vamos juntos para a salinha principal.

Mas então, quando abro a porta, encontro alguém que não imaginava ver por aqui.

— Tia Thata!!!! Que saudades!!! — Kathe vem correndo em minha direção e me abraça.

Olho pra Joana, sua mãe, que está com lágrimas nos olhos. Ela tava sentada em uma das cadeiras em frente ao meu pai, provavelmente conversando com ele sobre alguma coisa.

— Kathe!! O que você tá fazendo aqui? Sabia que essa sala é só pra adultos?

— Claro que sei, tia Thata! Meu irmão também tem uma dessas. — ela diz dando tapinhas na testa, como se estivesse querendo dizer que eu sou bobinha.

— Se importa de ir com meu amigo, o tio Lucas, pequena? — digo a ela, apontando pro Lc, que tá do meu lado.

— Obrigada, mas eu vim com meu tio Bruno, vou ir brincar com ele! — ela sai correndo até o Menor, que sai da salinha com ela.

— O que tá acontecendo aqui? Por que você tá aqui, dona Joana?

— Thalita, acho melhor você se sentar pois o assunto é sério. — meu pai diz com o rosto tenso.

— Se veio aqui implorar para que eu perdoe seu filho, saiba que ele planejou tudo aquilo. — digo me defendendo — Ele me magoou muito, dona Joana. O que ele fez comigo me trouxe gatilhos do meu passado e eu posso até ter me apaixonado por ele, mas eu não vou aceitar as desculpas dele...

— Eu não vim pedir que desculpe as atitudes do meu filho. Eu sei o quanto ele errou fazendo isso e peço desculpas por isso.

— Lamento dona Joana, mas eu não vou aceitar que você peça desculpas em nome do seu filho. Ele quem errou, então ele quem deve me pedir desculpas.

— Eu sei e é por isso que estou aqui... O Ph...

— Desculpa pelo que vou falar agora, mas o Ph deve aprender a ser homem de verdade e vim assumir as consequências dos próprios atos, ele não pode simplesmente achar que mandar você e a Kathe aqui vai me fazer aceitar as desculpas dele de uma hora pra outra...

— O PH DESAPARECEU!!!! — dona Joana me interrompe gritando desesperada.

Meu coração acelera ao ouvir suas palavras. Ele desapareceu? Como assim? Ontem mesmo ele estava aqui, falando com meu pai e do nada está sumido...

— O quê??? — falo baixinho, sem acreditar que ele sumiu assim.

— Ele provavelmente foi pego ontem a noite, quando estava voltando pra casa. — meu pai diz, me deixando confusa. Por que ele ficou aqui até a noite?

— Bem, eu não faço ideia de como isso foi acontecer, mas eu recebi esse bilhete hoje de manhã e achei melhor trazer para vocês. — dona Joana me entrega o bilhete e eu começo a ler.

Oi, Thalita. Sentiu minha falta?
Estou com seu namoradinho de merda, só te esperando para nossa festinha particular! Será muito divertido te reencontrar depois de tanto tempo.
Com amor, do verdadeiro amor da sua vida”

— Só isso que te mandaram? — pergunto para dona Joana.

Isso tá muito esquisito, como assim o Ph some justamente no dia em que eu descobri toda a verdade de seu plano?

Será que isso é parte do plano dele para conseguir se vingar do meu pai? Provavelmente. Se ele foi tão baixo em planejar me conquistar para me colocar contra meu próprio pai, ele com certeza pode ter planejado isso também.

— Olha Thalita, eu sei que sua confiança em meu filho foi abalada por conta do que ele fez, mas por favor, eu sou uma mãe desesperada pra encontrar o filho. Um filho que sempre fez de tudo por mim e pela irmã, inclusive matou o próprio pai pra nos proteger. — ela seca as lágrimas que escorrem pelo seu rosto — Por favor, mesmo que esteja chateada, com raiva e até um pouco de ódio, salve meu filho. Ajude meu filho a sair vivo dessa, não só por ele, mas por mim e pela Kathe.

Ela segura em minhas mãos, me olhando com desespero e lágrimas nos olhos.

Eu posso até estar triste e com o coração partido pelas atitudes do Ph, mas eu nunca deixaria de ajudar uma mãe e uma irmã a encontrar seu parente desaparecido. Não sou sem coração assim.

Por isso, mesmo que meu orgulho tenha sido ferido e meu coração esteja partido pelas atitudes do Ph, eu escolho fazer a coisa certa.

— Pode ficar tranquila que eu te ajudo a encontrar seu filho.

Amor ProibidoWhere stories live. Discover now