Apenas um término

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RIKI FALHOU EM tentar não pensar naquilo durante o fim de semana, mesmo após tentar se distrair assistindo ao seu desenho favorito pela vigésima vez, ou fazer qualquer outra coisa que pudesse ocupar sua mente sem ser o recado na porta.

Não que muita gente naquele lugar soubesse quem ele era ao ponto de ir caçar briga, ou descobrir o endereço de sua residência, mas, definitivamente, alguém o conhecia o suficiente para tentar metê-lo em um enorme problema. Mas ele não conseguia encontrar um motivo plausível para isso, já que a única pessoa com quem falava na escola era Jake, e ainda assim, não eram tão próximos.

Ele ainda não possuía conhecimento da existência de outra pessoa apelidada "Niki" por lá, e ficou sabendo da existência de Sunoo através de Jake, então era injusta e errônea a acusação de qualquer envolvimento romântico com o garoto do clube de artes.

Na segunda-feira de manhã, o japonês acordou com uma pulga atrás da orelha. Enquanto andava até o lugar que o prenderia durante horas, ele sentiu que, de certa forma, o clima estava estranho. Tentou pôr em mente que, talvez, o que quer que estivesse acontecendo não poderia ser tão severo quanto sua mente construiu, mas esse pensamento foi cortado assim que colocou os pés dentro da escola.

Enquanto se arrastava pelos corredores, engoliu em seco e apertou as alças da mochila sob o olhar de desprezo de diversos alunos que o cercavam, acompanhando cada movimentação sua, parecendo que o esperavam cometer qualquer falha para poderem julgar e gargalhar como se tivesse acontecido a coisa mais hilária do mundo. Novamente, Riki se sentiu minúsculo, como se pudesse caber no bolso de um casaco.

Seu batimento cardíaco acelerou de uma forma inimaginável e não importava o quanto tentava convencer sua mente de que não estavam julgando cada centímetro de si, ele não conseguia acalmar o coração que ameaçava parar a qualquer instante, ou ser arremessado através de seus lábios trêmulos.

Encontrou Jake no final do corredor que, após aquele momento desconfortável, pareceu dobrar de tamanho, fazendo o japonês pensar que nunca chegaria lá. O australiano o recebeu com as sobrancelhas franzidas, mas não numa expressão semelhante às dos outros, de raiva ou desdém, mas sim de confusão.

— Que porra está acontecendo? — Riki perguntou sussurrando.

Apesar de tudo estar afundado em um silêncio cadavérico, as vezes era possível ouvir alguns cochichos que mencionavam seu nome.

— Você ainda não viu?

Seja lá o que estivesse acontecendo, Riki ainda não estava sabendo, até porque havia acabado de chegar na escola e foi recebido da maneira mais pavorosa possível.

Ao balançar negativamente a cabeça, Jake lhe entregou a nova edição do jornal da escola, e logo na primeira página, havia uma foto do recado na porta do banheiro. Aquilo foi o suficiente para fazer as pernas do japonês fraquejarem.

CUIDADO, FOFOCA QUENTE!
Quem será que deixou esse recadinho ali? E o que será que vem acontecendo entre o artista da escola, o patinador e o garoto que ninguém conhece? Dizem que os quietinhos são os mais perigosos!
Será que Sunoo traiu Sunghoon? Esse tal de Niki roubou Sunoo do nosso príncipe do gelo? Apenas o tempo dirá!”

Sequer soube reagir quando terminou de ler, e não teve coragem de olhar novamente para as pessoas que praticamente o devoraram quando ele chegou. Não sabia se tinha sido Heeseung o responsável por escrever aquilo na porta apenas para ter o que colocar na nova edição de seu jornal, mas, de qualquer forma, nunca havia falado com ele desde que chegou na escola há alguns meses.

E embora ele concordasse, ainda foi doloroso ver escrito em algo que a escola inteira podia ler “o garoto que ninguém conhece”. Quando finalmente foi reconhecido naquele lugar, foi por algo ruim e um apelido pior ainda. Já podia imaginar as pessoas se referindo a ele como talarico, traíra, o menino invisível, e coisas assim. Talvez ele preferisse continuar sendo ignorado pelos outros.

apenas rumores • sunkiWhere stories live. Discover now