STAY FOR ME

PRIMEIRO CAPÍTULO

Armando minhas defesas. Porque não quero me apaixonar. Se alguma vez fizesse isso acho que teria um ataque cardíaco. Heart Attack, Demi Lovato.

ARIA GREEN

O dia não tem como piorar. Cá estou eu, sentada na arquibancada do Civic Arena, assistindo o bendito jogo de hóquei com minha melhor amiga, Savannah, e como já não bastasse ela me arrastar para essa tortura, ainda sou obrigada a ouvi-lá suspirar pelos jogadores. Fala sério, qual a graça disso? Digo, do hóquei afinal... São apenas um monte de homens altos correndo atrás de um disco. Sim, eles são altos, diria até que bonitos, a maioria deles, mas isso não entra em mérito no momento, a questão é: eu odeio hóquei.

E eu poderia até dizer que existe um motivo poético para isso, mas não, não existe. Eu, apenas não me aperfeiçoou ao esporte, muito menos, babo os jogadores, diferente da minha melhor amiga e da metade da universidade em que estudo. E mesmo que a maioria deles, os brutamontes grandões do gelo, tenham seu charme, ainda assim, não vejo o porquê tanta
bajulação.

— Sav, você precisa mesmo gritar tão alto? Vai acabar ficando rouca – digo tentando chamar sua atenção. O que acaba sendo inválido, porque ela nem sequer me ouviu – solto um suspiro e volto então minha visão ao jogo. Assistindo o exato momento em que o capitão do time de hóquei da Universidade de Pittsburgh, Michael Carter, acaba se machucando.

A princípio levo um susto, afinal ele é a estrela do time e eu tenho sensibilidade ao ver pessoas se machucando, mas após uns segundos no chão, ele se levanta com um pequeno corte na bochecha, abre um largo sorriso, e manda um beijo para a torcida, o que faz com que todos o ovacionem.

— Metido — penso alto, enquanto observo a multidão aplaudindo o Michael.

Apesar da minha indignação com sua vangloria, não fico surpresa com tal atitude. Sempre ouço falar que ele é uma máquina jogando, praticamente imbatível. Eu soube inclusive, que o seu time, o Pittsburgh Penguins, não sabe o que é perder há 20 jogos seguidos. E mesmo eu, que não acompanho nada deles, sei que eles são de fato os melhores da LIGA NACIONAL, a famosa NHL (National Hockey League).

— Meu Deus! — Exclama Savannah histérica. — Ele é mesmo incrível — Minha melhor amiga é de fato a fã número 1 desses caras.

— Não é pra tanto, Sav — falo dando de ombros. O que a faz, finalmente voltar sua atenção a mim, fazendo uma careta.

— Fala sério, Ari, por que você é tão chata? Ele acabou de se machucar, e mesmo assim sorriu pra gente.

— Pra gente?

— Sim! Não é à toa que é a estrela do time — diz por fim, em um tom alegre.

Balanço a cabeça em discordância, e volto novamente minha atenção ao jogo, fazendo o possível para não ser a chata que ela está dizendo. Mas, mesmo que eu esteja aqui, não significa que queira estar. Meu dia foi uma correria, tive 3 aulas chatas, com professores igualmente chatos. E eu amo jornalismo, não foi à toa que escolhi esse curso no meio de tantos, na Universidade Pittsburgh, que fica localizada em Pittsburgh, a segunda cidade mais populosa do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Eu amo estudar nessa área, vire e mexe me vislumbro trabalhando no ramo, principalmente como colunista de algum jornal importante. Imagina só, eu, Aria Green, correndo entre um compromisso e outro, escrevendo matérias super relevantes, segurando um copo térmico de café, usando um terninho preto, junto com uma roupa chique e um belo salto scarpin. Isso seria TUDO. Mas, infelizmente, para chegarmos nessa parte, precisamos primeiro passar por toda burocracia da universidade, com vários professores chatos no caminho. Então, dito isso, tenho o direito de estar chata hoje, ainda mais quando foi me dada uma folga do trabalho no bar, e eu não pude sequer aproveitar para dormir, já que Savannah praticamente me arrastou para assistir esse jogo.