O brutal assassinato de Mary Sampaio

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Eu nunca tive muito dinheiro para brinquedos caros , roupas, muitas vezes também passava fome. Ter meus pais eu meu lado também não ajudava muito. Os dois viviam brigando. Meu pai batia muito em mim e em minha mãe, muitas das vezes nos torturava.

Já chegou a deixar minha mãe 5 dias amarrada e amordaçada no porão escuro sem comida, roupas , e sem poder fazer suas necessidades.Ela quase morreu de frio pois nesse período fazia menos de -12 graus em minha cidade. As vezes ele chegava  bêbado e com algumas vadias em casa, eu até tentava lhe dizer pra não fazer aquilo, que magoaria mamãe, mas aprendi a não abrir mais minha boca, pois na primeira vez que eu disse isso, ele me espancou com chicotadas, depois de quase tentar esfaquear meu pescoço.

                          * * *

     Eu tinha acabado de completar meus 6 anos de idade. Nunca tive amigos, nunca tive bolo, festa e nem presentes. Meus maiores presentes em todos aqueles anos foi acordar e não estar morto. Principalmente acordar e não ver minha mãe morta. Mas naquela manhã, dia 3 de dezembro de 1958,
Aconteceu o que eu mais temia:
Me levantei como em outro dia normal. Pronto pra ver algumas prostitutas dormindo no quarto de meus pais, minha mãe talvez quase morta no chão da sala. Mas daquela vez foi diferente. Não vi ninguem. O silêncio tomava aquele lugar com um ar de medo e um cheiro horrível de chorume estavam impregnados  em todo o lugar.

- Mãe?

    Eu murmurava. Tinha medo de acontecer algo de muito ruim com minha mãe. A única pessoa que eu amava na face da terra. Nunca desejaria perde-la. Nunca. Dou alguns passos do meu quarto até o cômodo da frente. Haviam algumas garrafas de bebida na cozinha, mas nenhum sinal de meu pai. Andei mais um pouco, cruzando a cozinha e chegando até a sala de estar, que era praticamente junto a cozinha , porém o sofá virado pra trás me
tirava uma verdadeira chance de enxergar o cômodo por completo.
  
     Me aproximo um pouco mais e então me deparo com uma poça de sangue que vinha debaixo do sofá. Eu não conseguia me mover. Estava paralisado de medo do que encontraria alí em baixo. Até que crio coragem de me mover. Fui dar uma olhada, e vejo minha mãe. Ali, morta. Totalmente ensanguentada. Havia um arame ao redor de seu pescoço e um facão de açougue atravessava seu peito. Não tinha mais chance de salva-la. Comecei   a me afogar em lágrimas, de um jeito que nunca antes tinha feito. Fiquei uns dez minutos só a choros e soluços. Paro de olha-la por um instante, e me olho no espelho que estava pendurado na parede. Meus olhos estavam totalmente inchados e encharcados. Por um minuto fingi não ser real, e então, começo a ouvir passos vindos da cozinha. Passos pesados , pareciam ser os um homem alto. Escuto também o som de uma pá a se arrastar no chão, e então vejo passar no espelho a silhueta de um homem que se dirigia até meu quarto. Rapidamente me escondo no armário da sala, deixando uma fresta para poder ver o sujeito, quando escuto um resmungo:

" Droga! O garoto não está mais aqui! Deve ter fugido. O que é uma pena , trouxe uma de minhas melhores facas. Iria combinar com a de sua mãe"

   Era a voz do meu pai! Meu pai havia matado minha mãe! Foi ele! E então, prestes a desabar em lágrimas novamente vejo-o, ele deixa sua pá na cozinha e se dirige até a sala , então tapo a boca com minhas duas mãos , me segurando pra não chorar. E então o vejo arrastar o corpo falecido de minha mãe pela sala, deixando um rastro enorme de sangue pelo carpete cinza, que se destacava fortemente. Meu pai andava bambeando . Parecia não estar sóbrio, o que explicava as garrafas de bebidas alcoólicas na cozinha. Não suportava mais olhar o sangue , então fechei a fresta e me sentei dentro do armário. Não queria acreditar que a pessoa que eu mais amava havia partido. Comecei a chorar em silêncio, chorei tanto que não percebi o tempo passar.

                           * * *

      Cheguei a  chorar até dormir, quando depois de quase 3 horas de sono acordo com o som de sirenes e passos dentro de minha casa. Abro uma fresta no armário pra poder ver o que estava acontecendo, e então vejo vários policias  e escuto outras vozes que me pareciam familiares, porém não conseguia distinguir os portadores daquelas vozes. Até que escuto um grito seguido de um choro:

"Ele não está morto! Ele deve ter fugido de medo daquele monstro!"

    Não sabia quem estava dizendo aquilo mas sabia que se referia a mim. Era uma voz feminina e muito bonita. Novamente acho familiar o soar daquela voz. Eu conhecia aquela mulher! Mas ainda não a identificava. Não estava mais com tanto medo, pois haviam pessoas  ali que se importavam comigo. Decidi sair do armário. Estava fraco e com fome. Não comia a três dias, graças ao meu pai. Abri a porta quase desmaiando.

- Meu deus! Alguém ajuda ele!

   Antes de desmaiar consegui ver o rosto da mulher e no fundo o rosto de um homem. Agora sabia quem eram. Meus tios Nina e Evandro. Tios por parte de mãe. Já haviam me visitado quando eu tinha quatro anos , me lembrava da voz dos dois porém só recordava o rosto de minha tia. Não reconheci meu tio de primeira vista.

- Querido! Você está bem?! Venha conosco vamos cuidar de você.

- Você tem sorte garoto! Foi de grande esperteza se esconder nesse armário, ou você podia estar morto agora.

    Não disse sequer uma única palavra. Estava fraco de mais pra falar. Até que desmaiei.Meu pai era agora um assassino procurado pela polícia de todo o estado. Ficou conhecido como "o assassino do arame farpado".  Por meu pai ser agora um procurado pela polícia, meus tios ficaram com minha guarda. Pelo menos até meus 9 anos ficaram. Depois do ocorrido acordei numa maca e estava sendo injetado um soro em minha veia. Olho as paredes ao meu redor e estava estampado em todos os jornais:
" Mulher morre esfaqueada no peito e com um arame farpado ao redor de seu pescoço" , " O brutal assassinato de Mary Sampaio", " Mulher morta encontrada dentro de rio". Aquele foi um dos meus maiores traumas. Mas nem eu nem ninguém esperava o que estava por vir.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2023 ⏰

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As quase mortes de Jonathan SampaioOnde histórias criam vida. Descubra agora