Capítulo Um

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Os barulhos das flores se moviam junto ao vento de verão que se terminaria logo, logo em Miami. Os fios loiros eram balançados de acordo com o vento que atingia a face de Ruelle. Os olhos esverdeados inundados de lágrimas enquanto lia aquela carta amassada em suas mãos.

Então quer dizer... que seus pais não existiam? Estava órfã?

Foi quando um barulho atrás de si se fez presente e se levantou assustada, podendo ver que era seu tio. Secou o rosto e o observou se aproximando e suspirando.

- Ruelle, sabe que sou tenente do exército, certo? - Perguntou vendo a mesma concordar. - Infelizmente, vou ter que te inscrever para entrar como combatente, por enquanto, pelo menos por um ano até poder entrar na faculdade. Até lá, aguente firme e se precisar não pense duas vezes em me procurar em minha sala.

A garota não podia discordar, estava nas mãos daquele homem. Era sua única família viva. Por isso concordou e o assistiu sumir de sua frente, enquanto apertava a carta em sua mão. Sentia o vento bater em seu rosto totalmente molhado por água salgada e amassou o papel escrito. Seu tio também insistia sempre em como deveria se casar com alguém, a partir disso, a americana começou a enviar suas cartas escritas para um homem de um nome que já havia escutado por aí. A aliança prata em seu dedo anelar direito, entregava paz para a menina que não escutava mais sobre namoros e romance do mais velho.

Quando chegou em casa e viu suas malas todas postas na sala, olhou para a escada ainda com o papel amassado em mãos e observou seu tio de braços cruzados.

- O comandante Williams já me ligou. Disse que estão te esperando no portão e você já pode ir.

- Tio, por que não posso ficar aqui? Digo, o senhor tenta a todo custo se livrar de mim...

O homem de olhos azuis olhou para aquela menina vestida com um vestido branco com bordados floridos azuis e as barras totalmente sujas de terra. Os cabelos longos e ondulados como fios de ouro e os olhos verdes como a imensidão de uma floresta nesse momento lacrimejava novamente. Não conseguiu dizer nada e assistiu a sobrinha pegar as coisas e sair dali o deixando sozinho.

Por outro lado, ela segurava aquelas malas em mãos com tristeza e ressentimentos pelo mesmo. Quando viu o carro e o comandante Williams dentro do mesmo junto a um homem de roupas militares que saiu e foi até si, retirando as malas de suas mãos. Ruelle secou o rosto e entrou no automóvel assim que o rapaz abriu a porta. Olhou para aquele homem com receio se era bom confiar nele ou não, por isso, ficou calada.

- Por que estava chorando, senhorita Smith? - A voz grossa do inglês de cabelos brancos e roupas militares a questionou.

- Não é nada demais, senhor Williams... - Respondeu-o olhando para suas mãos sujas e logo sentiu o mesmo às pegar e limpar com um pano de mão.

A garota ergueu os olhos esverdeados para cima ao sorriu como agradecimento e sentiu um carinho em seus cabelos.

- Sei que é estranho e não nos conhecemos muito, mas pode contar comigo a partir de hoje como seu pai, pequena.

Quando Smith pensou em falar, o carro parou e olhou para a janela vendo que o lugar que estavam era o batalhão onde seu tio ficava como tenente. Saiu do carro acompanhada de Williams que pediu que a mesma segurasse em seu braço enquanto a levava para sua casa que ficava ali por perto do batalhão, para que ela pudesse se trocar e ficar apresentável para ir ver o resto do lugar.

Saiu do banheiro, indo até o espelho do quarto luxuoso daquele lugar, podendo ver os cabelos molhados que batiam antes de sua bunda, o vestido florido e a fita posta em seus fios loiros. O sapato vermelho em seus pés e o colar delicado dourado que carregava um pingente de esmeralda em formato de coração, esse que foi um presente de sua progenitora antes que nunca mais a visse. Os brincos delicados dourados também com pequenas pérolas penduradas, dava destaque à beleza da menina. Escutou a porta abrir e então Williams sorriu orgulhoso a olhando.

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⏰ Last updated: Dec 17, 2023 ⏰

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