Detenção em Seattle

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O ensino médio numa escola de verdade realmente não é um bicho de sete cabeças como eu imaginei, e eu posso dizer com toda certeza do mundo que a minha primeira semana em Bennett foi incrível na medida do possível. Não fiz amigos além de Johnny, e também não virei popular de repente pela minha beleza estonteante - o que obviamente não aconteceria porque não tenho uma beleza estonteante -, mas não tive nenhum problema com alguém.

Pelo menos não até agora.

Matar alguns minutos da aula de física para refrescar a minha mente virou uma boa rotina desde o meu segundo dia de aula. Meu professor é incrível, mas a matéria não favorece. Nunca gostei de física ao ponto de não ficar entediado, então sair por algum tempo é a melhor opção para eu não surtar no meio da aula.

Não vejo nada de legal para fazer além de seguir em direção ao jardim dos fundos. Lá é o único lugar que tem sossego o suficiente para me acalmar e deixar a minha mente limpa para aturar mais 30 minutos de aula antes do intervalo. Ando pelos corredores de Bennett enquanto encaro o chão e penso em várias coisas aleatórias que vagam pela minha mente sem freio nenhum.

Sinto um sentimento familiar quando me distraio ao ponto de colidir com alguém, caindo no chão junto com essa pessoa. Sei que não sou a pessoa mais sortuda do mundo, mas azarada?! Isso só pode ser dívida de jogo! Principalmente quando vejo quem é a pessoa jogada ao meu lado.

- Só pode ser brincadeira! - Jake se levanta junto comigo, rindo irônico enquanto balança a cabeça em negação.

- Merda... - sussurro, mas acho que não foi baixo o suficiente para ele não ouvir.

- Qual é o seu problema comigo, Benjamin?! - ele diz o meu nome num tom ríspido, e não deixo de estremecer com a sua voz assustadora. - Porra, já é a segunda vez, garoto. O que você tem?!

Tento pensar em algumas palavras para me desculpar, mas Jake realmente está irritado, e não parece sentir vontade de sair daqui enquanto não resolver esse problema comigo - seja lá de qual forma ele está pensando.

- Foi sem querer, meu Deus! Pra que surtar desse jeito? - reviro os olhos.

- Pra que surtar? - ele ri novamente. - Não posso te ver que você já me derruba. Aquela merda de escultura quase caiu em cima de mim!

- Mas eu caí também! - rebato. - E mesmo assim não estou fazendo drama.

- Claro! A culpa foi sua. O que você esperava? - Jake bufou. - Se você fizer essa merda novamente, vou fingir que você não é filho dos meus tios e vou dar um soco no meio da sua cara, só pra você aprender a não ser um filho da puta que atrapalha a minha vida.

Não consigo segurar uma expressão de choque ao ouvir isso. Será que Jake realmente tem coragem de me dar um soco?! Mas independente da resposta, não vou deixar ele me tratar assim! Quem ele pensa que eu sou?

- Me dar um soco? - rio. - Então tente, Jake. Acha que tenho medo de você? Isso é patético. Você é patético.

Imaginei que ele não seria louco ao ponto de agir, mas meu queixo foi no chão quando ele começou a empurrar o meu ombro enquanto mantinha uma expressão nada agradável no rosto.

- Você é um babaca, Benjamin - ele me empurrou mais uma vez, e quando ele ia repetir o ato, segurei os seus braços.

- É você quem acha que pode ser um valentão de merda por causa de um acidente! - digo. - Você não é o dono do mundo pra querer tirar satisfações comigo por algo que eu não tive culpa.

- Não teve culpa? - ele tira os braços com força. - Você tem problema de visão ou algo do tipo?

- Se eu tivesse, não teria o desprazer de olhar pra essa sua carinha ridícula!

Love in Seattle | jakehoon. Where stories live. Discover now