VII

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Ao entrar no velho bar Alexandre se lembra de um passado que gostaria muito de esquecer. A briga que ele teve naquela noite antes de partir e o silêncio de Rodrigo enquanto eles caminhavam. O homem dá uma olhada em seu amigo e o encontra com um sorriso torto

- Ale.. eu te chamei mais porque queria poder falar com você um pouco, eu sei... as coisas não foram... - Rodrigo o impede de avançar ainda mais dentro do bar - E quero me desculpar, porque sei que você estava passando por muita coisa e eu não fui um bom amigo na época. Eu só... - Rodrigo respira fundo - Eu fui um idiota. E eu estava errado

- Você falou um monte de merda pra mim depois que a Ana desistiu de ajudar o próprio irmão - Alexandre bufa

- Me desculpa de verdade. Mas agora as coisas estão diferentes, certo? Nós dois temos nossas próprias famílias. Está tudo certo na sua vida. Eu queria uma nova chance de ser seu amigo, de me redimir - A testa de Rodrigo se enruga tristemente

Se alguém tivesse falado que Rodrigo Lombardi pediria desculpas para Alexandre ele acharia mais fácil acreditar no Papai Noel novamente. O homem tinha dificuldade em acreditar que poderia fazer qualquer coisa errada, principalmente na área da amizade. E é claro que Rodrigo sente que pode pedir perdão, visto que esta versão de Alexandre parece ter sua vida bem resolvida

Parte dele se pergunta se Rodrigo ainda veria as coisas dessa maneira se soubesse a verdade. Se ele soubesse que ele ainda tem pesadelos, ou se soubesse que ainda bebe o dia todo. Se ele soubesse que passa o tempo indo de mulher em mulher em busca de algo para sentir

Alexandre abre a boca para responder, mas Rômulo os interrompe - Caramba, se não é Alexandre Nero

Alexandre se vira, rindo gentilmente enquanto encara seu velho amigo atrás do bar. Rômulo se afasta do bar, vindo em sua direção para que ele possa envolvê-lo em um abraço rápido

- Achei que nunca mais teria a chance de ver você de novo, cara - Rômulo diz, balançando a cabeça enquanto se afasta dele - Quando Rodrigo me disse que você viria para a cidade, eu não acreditei

- Acho que já era hora de fazer uma visita. Só por uma semana. Tenho uma vida para voltar no Rio - Alexandre responde

- Rômulo e eu administramos este lugar desde que você saiu - Rodrigo explica

- Sim, isso é óbvio - Ele aponta para o cartaz na parede, oferecendo a cerveja que ajudou a criar na faculdade. Rômulo e Rodrigo trocam olhares, mas Alexandre finge não ver a tristeza que perdura - Ainda vende? - Alexandre pergunta

Ele se senta no bar como se nunca tivesse saído dali. Cuidadosamente, ele junta as mãos na barra de madeira, permitindo que sua aliança de casamento brilhe com a luz que está pendurada no teto

Rômulo retorna ao seu lugar atrás do bar e pega um copo - Ainda vende - Diz ironicamente - E se você quiser um copo, posso oferecer por cortesia

- Espero que sim, eu ajudei a inventar essa coisa

Romulo solta a risada e enche o copo com a bebida,Rodrigo se senta ao lado de Alexandre e levanta o dedo - Eu também aceito um

- Tá na mão - Enquanto Rômulo enche o copo de Rodrigo, ele percebe a mão esquerda de Alexandre, segurando o copo enquanto toma um gole de cerveja. O gosto é tão bom quanto ele se lembra, senão melhor, e não ajuda em nada a apagar as memórias que passam por sua mente

- Então, o que você tem feito, Alexandre? - Romulo pergunta depois de dar sua cerveja a Rodrigo. O barman cruza os braços sobre o peito e inclina a cabeça para ele - Na cidade do Rio de Janeiro

Alexandre pode sentir alguma dor persistente no tom de Rômulo - Eu... estou casado com minha esposa, Giovanna, há dois anos. Temos um menino - Um sorriso surge em seus lábios ao se lembrar de Pietro sentado em seu colo na lanchonete, o chamando de papai. Pensar em Giovanna e o filho faz a dor desaparecer, e é estranho, porque eles só se conhecem de verdade a pouco tempo - Pietro é o nome dele, eles estão com a Lelê

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