Entre Sonhos e Despertares

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Eu, minha mãe e Gabriel estávamos arrasados, temendo o que poderia acontecer com Lyon nos próximos dias após todo esse episódio trágico. Gabriel não estava bem, e quando recebemos o diagnóstico, descobrimos que ele estava enfrentando uma forte depressão. Minha mãe entrou em colapso; não sabíamos como lidar com duas pessoas doentes.

Segurei firme a mão dela e disse que cuidaria de Lyon enquanto ela se dedicava a Gabriel. Ela se emocionou, e, na verdade, todos nós estávamos emocionados. Nunca imaginamos que uma tragédia atingiria uma família unida e feliz como a nossa.

Minha mãe, já exausta de tanto chorar, concordou em deixar a sala e descansar. Antes de partir, segurou minhas mãos, agradeceu, e se retirou. Algumas horas se passaram, e a tarde chegou. Eu estava quase adormecendo na cadeira em que estava quando ouvi batidas na porta. Dispertei-me e fui ver quem era.


Era a diretora Bella e Geovanna. Quando olhei para a expressão falsa daquela garota, não me contive e soltei uma piada: "Perdeu os namoradinhos, Geovanna, e voltou para o coitado do Lyon." Ela apenas me olhou e abaixou a cabeça. A diretora da escola veio até mim, sentou-se e perguntou sobre o estado de Lyon. Eu disse que ele havia mexido suas mãos, mas por um instante, e depois apagou novamente. Ela expressou seus sentimentos e disse que, com muita fé, iríamos superar aquilo. Eu sorri, mas meu olhar denunciava a tristeza que eu carregava.

Geovanna se aproximou do leito onde Lyon estava, ajoelhou-se e começou a chorar, pedindo desculpas.

Percebi que aquelas desculpas eram sinceras, mas já era tarde, pois quando Lyon descobrisse toda a verdade do que Geovanna fez durante seu coma, o relacionamento deles poderia chegar ao fim. Eu, Bella e a diretora fomos abraçar Geovanna, dizendo que tudo iria melhorar em breve.

Enquanto tentávamos confortá-la, minha mente vagou para um flashback da minha festa, onde eu estava chorando no banheiro. Lyon se aproximou, conversamos por instantes, e antes do assunto terminar, ele mencionou que tinha algo para me dizer. Perguntei a mim mesma se esse algo seria sobre seus sentimentos por mim. Perdi-me em pensamentos até que, após algumas horas, a diretora Bella e Geovanna se despediram, deixando apenas Lyon e eu.

Eu estava exausta e faminta, então lembrei que havia uma máquina de salgadinhos e refrigerantes nas proximidades. Após dar uma última olhada em Lyon, fui em busca de comida. Rapidamente, retornei, comi, e o cansaço me atingiu. Eu realmente precisava daquele cochilo, então me acomodei e, sem perceber, adormeci.

Ao mergulhar em um sono profundo e prazeroso, entrei em um sonho com Lyon e Felipe. Estávamos em uma praia, eu observando o mar, quando Lyon se aproximou à minha direita e Felipe à minha esquerda. Inicialmente, ambos sorriam, mas logo as expressões se transformaram, e eles me questionaram sobre meu destino, quem eu escolheria. Incerta, respondi que não sabia.

Lyon segurou minha mão e a beijou, enquanto Felipe não ficou para trás, pegando a outra mão e a colocando em seu peito. Eu sentia as batidas fortes de seu coração, e ele expressava que cada vez que me via, seus sentimentos eram profundos. Em meio a esse cenário confuso, soltei minhas mãos, olhei para os dois, fui até Lyon e declarei meu amor, dando-lhe um beijo profundo.

No entanto, o sol claro rapidamente se tornou nublado, e a expressão de Felipe mudou. Ele me agarrou fortemente pelo braço, seus olhos avermelhados, e sua força parecia sobrenatural. Enquanto apertava meu braço, repetia inúmeras vezes que me amava. Assustada, acordei gritando o nome de Lyon, percebendo que era apenas um sonho. Suspirei, aliviada por aquelas imagens confusas serem apenas criações da minha mente enquanto eu dormia.

Olhei ao redor do quarto, lembrando-me da realidade e da situação delicada que envolvia Lyon e sua recuperação. O silêncio no ambiente era quebrado apenas pelos equipamentos médicos, e uma sensação de calma gradualmente se instalou.

Decidi me levantar e retornar ao lado de Lyon, que ainda estava em um sono profundo. Ao me aproximar, observei sua expressão serena, como se estivesse em paz. Acariciei suavemente seu rosto, desejando que ele pudesse sentir minha presença e as boas energias que tentava transmitir.

Enquanto eu estava ali, mergulhada em pensamentos, a porta do quarto se abriu suavemente. Era a enfermeira de plantão, que sorriu compreensiva ao me ver. Ela se aproximou e informou sobre os últimos sinais vitais de Lyon, ressaltando que havia pequenos progressos notáveis.

A notícia trouxe um alívio momentâneo. Aos poucos, Lyon estava demonstrando melhoras, e isso reacendeu uma chama de esperança em meu coração. A enfermeira encorajou-me a cuidar de mim mesma, ressaltando a importância de encontrar momentos de descanso e alívio durante essa jornada desafiadora.

Após a conversa com a enfermeira, decidi dar uma breve volta pelo corredor do hospital para espairecer. Enquanto caminhava, refleti sobre o sonho e suas imagens confusas. Sentimentos de gratidão por Lyon e um certo desconforto em relação a Felipe se misturavam em minha mente.

Ao retornar ao quarto, decidi focar no presente e no que estava ao meu alcance. Meu compromisso era estar ali para Lyon, apoiá-lo em sua recuperação e enfrentar os desafios que surgissem.

Em meio a essa espera ansiosa, procurei me manter presente para Lyon, compartilhando histórias, lendo para ele e transmitindo palavras de encorajamento. No entanto, a sombra do sonho persistia em minha mente, deixando uma sensação desconfortável.

Os dias se desenrolaram lentamente, marcados pela rotina no hospital e pela incerteza sobre o estado de Lyon. As notícias médicas eram encorajadoras, mas o caminho da recuperação ainda se apresentava longo e desafiador.

A cada novo dia, o compromisso de permanecer ao lado de Lyon se fortalecia. Independente dos desafios, acreditava que juntos superaríamos as adversidades, construindo um futuro onde a força da união e do amor prevaleceriam.

Em uma tarde silenciosa, enquanto eu estava ao lado de Lyon, a porta do quarto se abriu novamente. Dessa vez, não era a enfermeira, mas sim Geovanna, com um olhar preocupado e um semblante cansado.

Ela se aproximou com cautela, pedindo permissão para entrar. Concordei, e ela começou a expressar suas desculpas de maneira sincera. Geovanna compartilhou seus arrependimentos por suas ações durante o coma de Lyon e agradeceu pela compreensão que a família estava demonstrando.

Diante da sinceridade dela, senti uma mistura de emoções. Era difícil esquecer o que havia acontecido, mas a vulnerabilidade de Geovanna também era evidente. Em um gesto de compaixão, permiti que ela se aproximasse de Lyon e expressasse seus sentimentos diretamente a ele.

Enquanto isso, a vida continuava além das paredes do hospital. As visitas de amigos e familiares trouxeram um apoio valioso, e a presença constante da diretora Bella ajudava a manter um ambiente de esperança. 

𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔𝖘Where stories live. Discover now