TERCEIRO

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Luz Noceda Pov

A escritora entra de novo no escritório com Edalyn seguindo logo atrás dela. Ela segura firme a barra do casaco e tem a cabeça baixa, seu semblante visivelmente desanimado.

– Só um instante –diz a editora chefe. – Vou lá pedir pra alguém vir aqui limpar essa bagunça, e aí a gente pode começar.

Luz  não se mexe nem ergue os olhos durante o tempo em que Edalyn está fora. Ela só é despertada de seu torpor quando Daniel, o zelador, aparece na sala para limpar o líquido escuro acumulado no chão derramado pela mesma, e pede educadamente a Luz - que não entende muito bem o que ele diz - para se mover um pouco para o lado. Só assim a morena parece perceber que esteve este tempo todo parada em frente à porta e do café desperdiçado, o mesmo lugar em que estivera quando entrou. Então ela se afasta para o lado e dá espaço para Daniel limpar. Pouco tempo depois, Edalyn aparece no escritório.

– Onde estávamos? –ela pergunta.

[...]

Luz sentia como se mal estivesse dentro do pequeno escritório de vidro bem iluminado. Em partes porque ela não sentia-se capaz de falar, estava esgotada socialmente por causa de tantos acontecimentos ocorridos ao longo do dia. Em outras, porque ela não entendia tão bem do assunto como Edalyn e Amity pareciam entender. A cacheada ouvia quando algum conceito especificamente difícil estava sendo explicado e acenava com a cabeça quando tinha de acenar. Não parecia tão complicado quando a advogada explicava, pacientemente, os rumos que o processo iria e poderia tomar dali adiante.

Luz e Amity mal se olham, mas a morena pode dizer que desde que ela entrou novamente, o Dourado obscuro de seus olhos tinha se suavizado para apenas um Dourado meio nublado. Tudo o que Luz queria era sair dali logo, talvez comprar algo salgado para comer, já que não gostava de doces, e se alinhar - ou tentar - no sofá com Ghost para assistir um filme de terror bem sangrento para esquecer que tinha problemas na vida.

– Então é isso – Luz ergue a vista, encarando as duas, no entanto, mesmo antes de fazer isso, já tinha reconhecido a voz de Edalyn. Finalmente tinha acabado!

–A partir daqui a Luz já pode trabalhar diretamente com a Amity. E aí Amity fica encarregada de me passar as atualizações. – Edalyn começa a se levantar.

– Você não pode trabalhar diretamente com ela e me passar as atualizações? – a mais baixa pergunta, rapidamente, tão logo sua chefe terminou de falar, desesperada para passar o mínimo de tempo possível com sua ex-namorada.

– Isso daria muita confusão, Luz – Edalyn responde, dirigindo-lhe um olhar que parece dizer 'eu tenho mais o que fazer'. – Acredito que estamos resolvidas? – A mais alta ergue uma sobrancelha.

Luz não diz mais nada, no entanto, Amity limpa a garganta para se pronunciar.

– Só uma coisa – a advogada reuni os papéis anteriormente espalhados pela mesa e começa a colocá-los dentro de sua pasta marrom. Depois disso, fica de pé, alisa o terno e olha diretamente para Luz. – Acredito que eu mereço um pedido de desculpas da senhorita Noceda.

A boca da dita senhorita Noceda quase se abre em surpresa, não fosse a raiva tomar conta da mesma e dar à ela uma postura agressiva.

– Como é que é? – a voz de Luz sai esganiçada. Ela tem uma sobrancelha arqueada, seus braços foram imediatamente cruzados, o corpo está inflando, aumentando um pouco sua altura com o tamanho do ódio que está tomando conta de seu corpo menor.

– Desde o momento em que você entrou por essa porta eu só tenho sido insultada. Assim como o meu trabalho e a minha capacidade como profissional. Estou arriscando toda a minha carreira neste caso e até agora não recebi nem mesmo um comportamento cordial da senhorita em relação à minha pessoa, que é basicamente o que manda a educação social básica. Eu acho que mereço uma retratação.

Amuleto - Lumity (Adaptação) Where stories live. Discover now