14. O Tempo que Passou (final)

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Max
Point of View


(1 ano depois)


Deito no chão do meu quarto com um caderno que acabei de comprar em uma loja de conveniência enquanto seguro uma caneta entre os dedos. Acho que o jeito certo de fazer isso seria primeiramente lendo a retrospectiva que escrevi ano passado, mas não farei isso, escreverei primeiro a desse ano e depois da meia noite leio a de doze meses atrás.


"Esse ano foi cheio de altos e baixos mas é Natal outra vez e apesar do mundo estar uma loucura minha vida não poderia estar melhor. Ao longo do tempo eu e Jane nos entendemos e aos poucos, e ainda hoje, estou recuperando sua confiança.

Mas é impressionante como amadurecemos e mudamos em um ano. Conheci um amigo dela chamado Harry que costuma nos ajudar com conselhos que o fazem parecer algum tipo de guru, mas ele é um cara incrível e mês passado fomos ao seu casamento. Agora ele e seu marido moram aqui em Hawkins.

E por falar em casamento, Robin e Nancy estão em um ritmo tão rápido que só esperamos o dia do anúncio do noivado. Essas duas se amam e não há nenhuma dúvida disso, fico feliz de ver minha melhor amiga finalmente feliz. E apesar de estudarem em faculdades diferentes não são tão distantes uma da outra e elas são boas em manter o relacionamento, mesmo a distância.

Outro Wheeler que também está muito bem obrigado é Mike, que desde o início deste ano está namorando Will. É bom ver que toda aquela tensão se transformou em algo afinal.

Acho que desde o Natal passado consegui me aproximar mais da minha mãe e..."


- Max? - escuto a voz de Jane me chamando e levanto do chão com o caderno fechado e a caneta em mãos - O que está fazendo aí?



- Hm, nada demais.


A Hopper se aproxima mais de mim devagar e tenta agarrar meu caderno mais desvio rapidamente, ela tenta novamente e faço o mesmo movimento, outra tentativa é feita e dessa vez a pego pela cintura e me jogo na cama junto com minha namorada e rimos. Jane me beija enquanto ainda rimos.


- Não sabia que você também gostava de escrever. - ela diz se levantando enquanto faço o mesmo.


- Só uma vez ao ano.


- Bom, seu caderno vai ter que esperar porque já estamos atrasadas para a festa do Harry.


- Droga, tinha me esquecido!


Guardo meu diário anual e saímos juntas do quarto encontrando minha mãe na sala de estar sentada em uma poltrona tomando vinho e comendo biscoitos amanteigados enquanto assiste um filme genérico de Natal. Não pretendo passar a noite na festa, só quero dar uma passadinha e curtir um pouco, e depois voltar porque minha prioridade é minha querida Sra. Mayfield. E Jane e sua família vão cear conosco esse ano, então estou animada.


- Já vamos mãe, às nove estaremos de volta em casa. - aviso enquanto pego as chaves.


- Tudo bem meninas, se divirtam. Até lá ficarei bem, tenho vinho, filmes natalinos e esses deliciosos biscoitos que Jane fez. - ela diz e a face da minha namorada adquiri um tom avermelhado pelo elogio.


- Até mais tarde. - dizemos em uníssono e saímos de casa.


Aperto as chaves do carro da minha mãe o destravando, Jane entra no banco do passageiro e eu no do motorista. Acho que uma das coisas que mais me orgulho de ter feito esse ano foi ter tirado carteira de motorista, ainda amo meu skate mas às vezes andar de carro é mais prático. Ligo o rádio e abro um largo sorriso ao perceber que está tocando a música My Girl. Começo a cantar só para provocar Jan, que prefere ficar olhando pela janela para que eu não veja o rubor em seu rosto.


Ao chegarmos, estaciono o veículo em frente à garagem de Harry. Entramos na casa e logo de cara vemos Lucas e Steve, os dois solteirões do grupo conversando com Robin e Nancy. Harry está distribuindo canapés em uma bandeja enquanto seu marido toca piano. Já Dustin conversa animadamente com a namorada Suzy, que ele finalmente conseguiu trazer para a cidade. Will e Mike se beijam como se não estivesse em uma festa de Natal. Quando nos veem todos vêm até nós. Cumprimentamos todos, conversamos com cada um dos nossos amigos, mas quando Dancing Queen começa a tocar puxo Jane para dançar comigo como se ninguém estivesse olhando.


Seu jeito desajeitado de dançar é encantador e poderia passar horas aqui, outros metidos a dançarinos se juntam a nós mas é claro que somos as melhores. Essa data pode ter sido difícil ano passado, mas valeu a pena passar por tudo aquilo porque agora posso dançar com minha garota. Depois de nos cansarmos da pista de dança começamos a aproveitar a festa de outras formas até o relógio bater oito horas indicando que precisávamos ir embora.


Eu, Jane e Will saímos e entramos no carro indo em direção a minha casa. Quando chegamos nossos pais já estavam nos esperando enquanto preparavam a mesa. É bom ver Joyce e Jim se dando tão bem com minha mãe. Jonathan está na sala jogando algum jogo qualquer, Will se junta a ele enquanto eu e Jane apenas assistimos esperando a meia-noite chegar.


- Hey, pode vir comigo ao meu quarto? - pergunto baixinho para que apenas minha namorada escute.


Nos levantamos e seguimos até o cômodo mas não sem antes Jim gritar "Quero a porta aberta!". Jane senta na minha cama enquanto de uma prateleira pego um embrulho meio mal feito mesmo que eu tenha dado meu melhor.


- No Natal passado acabei dando meu coração a uma pessoa que o devolveu no dia seguinte. - digo num falso tom de decepção só para fazer referência a música natalina favorita da Hopper - Esse ano, para me poupar das lágrimas, eu o darei para alguém especial.


E então finalmente entrego o pacote nas mãos da garota que parece curiosa. Ela o abre aos poucos e quando tira a tampa da caixa sorri pegando as duas passagens de avião contidas nela.


- Eu também passei na Universidade da Califórnia. - anúncio - Vamos estudar juntas no lugar que você sempre sonhou. E então, quer fugir dessa cidadezinha para aquele calor infernal e cheio de areia junto comigo?


- Ainda tem alguma dúvida? - Jane se levanta passando os braços pelos meus ombros e selando nossos lábios brevemente.


- Não entendi, nem estamos embaixo do visco. - assim que termino de contestar falsamente o beijo ela me puxa para a entrada do quarto onde em cima da porta se encontra um visco e outro beijo chega em mim.


- Feliz agora? - pergunta entre o contato dos nossos lábios.


- Mais feliz impossível.


Damos continuidade ao beijo e nunca mais quero soltá-la porque no fim tudo que vivemos valeu muito a pena. Consegui e ainda estou conseguindo retirar aos poucos as camadas dessa cebola, e apesar de me fazer chorar às vezes, vale cada lágrima porque depois um sorriso sempre surge.

Don't Go Without Me - ElmaxWhere stories live. Discover now