Rent a Boyfriend! - (IV)

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NO CAPÍTULO ANTERIOR:
Ezequiel fica em silêncio quando te vê voltar a sua ligação, colocando seus fones de ouvido e conversando com algum desconhecido.

"Verdadeiro eu?" Ezequiel pensou com um sorriso, ele havia perdido seu eu desde que aceitou esse emprego, desde que aceitou obedecer ordens e fingir ser alguém para agradar os outros.

── ── ── ── ── ── ── ── ──

Ezequiel sorri e sai do quarto, te deixando sozinho com sua ligação que parecia ser importante, além disso, ele não deveria bisbilhotar a sua vida pessoal mais do que já estava fazendo. Ele suspira e sai de sua casa sem aviso.

Após algumas horas, e também, um dia depois. Ezequiel retorna batendo em sua porta e te vendo um pouco bagunçado como sempre, cabelo desarrumado e roupas casuais que ficavam adoráveis em você, e sua expressão nervosa e confusa por estar vendo ele tão cedo no dia.

Além disso, como um ótimo namorado (falso), ele fez questão de trazer mais flores, dessa vez sendo os cravos vermelhos, que simbolizavam admiração. Você não sabia disso e Ezequiel tinha conhecimento deste fato, aproveitando-se para entregar as flores mais românticas (mesmo que ele não te amasse verdadeiramente) e fingir ser seu namorado.

Novamente, o dia iniciou como qualquer outro, Ezequiel está te obrigando a comer de forma saudável e está quase queimando todo seu estoque de macarrão instantâneo, ele jura que algo esta chamando ele para queimar, mas em sua consideração, ele ainda não o fez.

Seguindo de forma normal, sua casa está organizada e além disso, Ezequiel está mais agindo como mãe ou responsável por uma criança do que um namorado alugado, ele diz que não tem problema, mas você ainda se sente culpado.

O dia segue e a noite vem, o seu jantar está pronto e Ezequiel abre seu armário da cozinha, observando o macarrão instantâneo (que ele planeja queimar) como se fosse um inimigo mortal de muitos anos atrás.

── Você deveria ser mais saudável, comece jogando essas coisas fora.

Ele começa a falar quando te vê entrar na cozinha, seus olhos quase fechando com o quão exausto você está e também entediado, seu trabalho não é tão difícil, mas ainda assim, é exaustivo mentalmente.

── hm...── você mal responde, olhando a comida e agradecendo por ter alguém tão gentil cuidando de você e sua casa que está extremamente limpa e organizada.

Ezequiel suspira e se senta na sua frente, os olhos fixos em você.

── E onde está esse seu colega de quarto? Nunca vi ele por aqui...── ele começa a falar, te fazendo acordar e quase engasgar com a comida.─ Então não existe esse seu colega de quarto, já esperava por isso.

── Não! É claro que existe, ele tá viajando! ── Você tentou mentir com um sorriso falso.

── Ele? Você tinha me dito semana passada que era uma mulher e hoje é um homem, sinceramente, tente sustentar sua mentira de outra maneira. Nem ao menos se lembra do gênero que havia escolhido.

Você suspira derrotado e olha para ele.

── Meus serviços acabam daqui há uma semana...

── Jura?... Eu nem percebi quanto tempo havia se passado...

Ezequiel fica em silêncio por um momento.

── Já fui alugado para próxima semana, sinto muito e...── ele te olha e você faz o mesmo ── É óbvio que você não saberia do tempo preso naquele quarto, janelas com cortinas fechadas, não sai do quarto direito e trabalha direto no computador, aparelho em que você consegue ver as horas e o dia. E ainda perdeu a hora para o jantar?

Ele diz tudo como se fosse óbvio, te dando uma bronca como sua mãe fazia antes.

── Eu acho que contratei um pai e não um namorado...── você brinca com uma expressão séria.

── Imagina se eu não estiver por perto? Você vai se prender nessa casa, naquele seu quarto, sem luas solar e falar direito com qualquer ser humano, vai viver daquele seu macarrão...

"É isso... vou ignorar ele a partir de agora" você pensou com um sorriso enquanto comia e fingia ouvir o que Ezequiel dizia, ele parecia um velho reclamando tanto sobre sua condição de vida e como você era um jovem sem esperança.

── Ei! ─ Ezequiel franze a testa e as sobrancelhas curvadas de uma maneira irritada, parece que ele percebeu seu pequeno truque de ignorar.

── Ouvi tudo, minha vida é horrível e eu devia melhorar... acertei? ─ você pergunta a última parte meio incerto.

── ah ─ ele suspira ── correto.

Uma semana... Ezequiel te observa comer e sorri um pouco, você não sabe se cuidar, não sabe o que é melhor para você e ele tem certeza que você não vai aprender isso em menos de uma semana; ele aperta as mãos na calça, tentando se conter.

── Temos apenas mais uma semana juntos, tente pelo menos, deixar a janela aberta e comer no horário certo.─ ele diz, ligeiramente preocupado.

── Vou tentar...

Ezequiel anda até a porta e sai de sua casa, entrando no quarto dele, ele pega o celular e olha para o horário, eram exatamente meia noite e o turno dele havia acaso às seis da tarde. Ele se encosta na cadeira do carro, olhando para o céu.

Suas promessas são vazias, Ezequiel pensou enquanto olhava para o céu que mal continha estrelas ou qualquer brilho. "Quem eu sou?", ele se perguntou.

Ezequiel suspira, tentando entender a pergunta que fez a si mesmo, ele era um namorado gentil e amável como queriam? Ele era o filho perfeito que todos adoravam? Ele era o melhor aluno e trabalhador? Nada disso parecia certo, eram apenas títulos que todos queriam que ele fosse.

── Isso é complicado.... eu odeio isso.

Ezequiel ligou o carro e dirigiu para a casa dele, guardando seu perfil como "favorito" antes de sair e confuso, sua mente embaralhada de pensamentos estranhos.

Outra vez, outra manhã acordando cedo e se arrumando, roupa bonita e arrumada, dessa vez, algo mais natural e que pessoas normalmente eram vistas usando (não os ternos que ele sempre usava), ainda continuava sendo roupas caras que poucos teriam, porém, Ezequiel não ligava.

Ele pegou um moletom que usava quase diariamente, foi caro, mas ele nunca se apegou a bens materiais. Além disso, era pequeno e fofo, combinava mais com você. Ezequiel olhou-se no espelho, arrumando o cabelo para ficar da maneira mais perfeita e incrível a seus olhos.

Espere.... No que ele estava pensando?

YAN...DERUOnde histórias criam vida. Descubra agora