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MELINA VERSTAPPEN

    Me sentei no chão do meu quarto me sentindo mal. Meu coração parecia querer sair pela boca, ou o ar escapava de meus pulmões com facilidade. Meu corpo tremia com os calafrios que estava sentindo e meu peito doía tanto que parecia que iria infartar. Sentia cada célula sanguínea correndo de forma acelerada pelo corpo.

Encostei a cabeça na parede, passei a visão para o teto e fechei os olhos logo em seguida. Precisava controlar-me, ter uma crise de ansiedade agora que já estava tudo feito não adiantaria de nada.

Levantei com um pouco de dificuldade sentindo minhas pernas falharem aos poucos. Peguei meu celular que estava em cima da bancada de maquiagem, sentando-me na minha poltrona em seguida. Tentei controlar a respiração mais uma vez. Abri no whatsapp e procurei pelo contato de Charles. Precisei de um pingo de concentração para digitar, e assim que feito enviei a seguinte mensagem:

*Melina Verstappen: Precisamos conversar, estou indo na sua casa.*

Passei minhas mãos em meu rosto suado e fechei meus olhos com forças. Estava me sentindo tão culpada que já passava das 02h da madrugada e eu ainda não tinha sequer fechado meus olhos por alguns segundos. Minha mente não parava, eram milhares de pensamentos por segundos e eu já não sabia mais o que fazer.

Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e me levantei da poltrona já um pouco mais calma em vista de como estava antes. Teria que enfrentar a situação que eu mesma havia criado e não conseguia ver outra escapatória a não ser contar toda a verdade para Charles, a está altura ele já estava tão envolvido na história inventada quanto eu.

Peguei meu celular e vi que havia uma notificação. Visualizei pela tela de bloqueio e era uma mensagem de Charles, na verdade nem mensagem aquilo poderia se chamar, eram apenas vários pontos de interrogação juntos.

Torci os lábios e peguei o maldito envelope rosa. Iria o levar comigo.

Abri meu closet e peguei um moletom com touca de dentro do mesmo, o vestido por cima do meu pijama de dormir. Para minha sorte Leclerc morava apenas há duas quadras de distância de mim.

Abri a porta do meu quarto com cuidado para não fazer barulho e acabar acordando minha mãe, não queria ter de dar satisfação e lhe dizer para onde eu estava indo durante a madrugada de uma terça-feira. Já estava tudo humilhante o suficiente.

Sai de fininho pela porta principal da minha casa e comecei a pensar em como eu iria contar para Charles sobre a bola de neve que eu havia o metido totalmente sem sua aprovação. Ele iria surtar e não seria nada bom. Estava andando em passos curtos e tentando acalmar meu coração que batia freneticamente em meu peito.

- Não tem como ficar pior. — Falo para mim mesma em uma falha tentativa de tentar ao menos me deixar melhor em relação á isso tudo. Mas como já esperado não surtiu efeito algum.

Vejo a casa do piloto da Ferrari em minha frente e dou uma breve respirada funda, vindo a abrir o portão que ele raramente trancava e em um ato de coragem pura dei duas batidas em sua porta. Internamente estava torcendo para que ele não abrisse.

Ouvi alguns barulhos vindo do lado de dentro de casa e em seguida de chaves. A porta estava sendo aberta e eu sentia minha respiração ficando cada vez mais acelerada.

- É bom que seja importante. — Charles vem a falar assim que abre a porta e noto que ele estava sem camiseta, vestindo apenas um calção vermelho com a logo da Ferrari nele. 

Ele me da espaço para entrar e assim que o faço volta a trancar a porta atrás de nós.

Charles passa a me encarar esperando por uma resposta e eu tento pensar em uma que não fosse me levar daqui direto para a morte.

Fecho os olhos por breves segundos e quando os abro novamente encontro seu olhar impaciente. Engulo em seco e decido que seria melhor apenas entregar a certidão para que ele visse e depois tentar me explicar.

- Leia. — Falo  retirando do bolso do moleto e entregando em suas mãos. Ele franze o cenho, me mandando um olhar confuso.

- Não é o cartão de aniversário da sua ami...

- Charles, só leia. — Falo o cortando e passando as mãos no rosto.

Conforme ele vai abrindo o envelope e retirando a folha de dentro meu corpo todo ameaça entrar em colapso. Eu não sabia qual seria sua reação e tinha noção do quão errado era tudo isso. Eu assumia minha parcela de culpa.

Leclerc passa a ler o conteúdo da certidão e seu rosto parece ficar cada vez mais branco enquanto seus olhos se arregalam. Engulo em seco e ele solta a folha, passando a me encarar totalmente sem reação. Não sabia dizer o que se passava por sua mente, mas certamente não era algo bom.

- Olha, eu posso expli...

- Não. — Dessa vez ele vem a me cortar enquanto nega com a cabeça e me olha indignado. - O que você fez com isso, Melina?

- Eu só mostrei para a minha mãe. — Falo tentando amenizar a situação e lhe oferecendo um meio sorriso falso e forçado. - Que contou para o resto da família...

A medida que minha ficha ia caindo eu já conseguia imaginar o escândalo que iria se formar, pois até mesmo meu irmão já estava sabendo sobre isso.

- Minha família vai me matar! — Falo choramingando e apoio meu rosto em minhas duas mãos.

- Sua família?! Você deveria se preocupar é com o fato de que a única pessoa querendo te matar no momento está bem ao seu lado! — Ele fala parecendo cada vez mais incrédulo e se joga no sofá.

- Em minha defesa... — Eu começo a falar mas acabo por me calar. Não tinha como argumentar. - Na verdade eu não tenho uma defesa.

Charles respira fundo de forma exagerada e nada discreta, vindo a passar a mão seu cabelo que estava totalmente bagunçado. Eu podia dizer por sua feição que ele estava furioso, mas não o suficiente para me expulsar de sua casa.

- Quando? — Sua voz de faz presente após longos segundos de um silêncio interminável.

- Quando o que? — Pergunto visivelmente confusa e ele revira os olhos. Não é como se eu tivesse uma bola de cristal.

- Quando que é o maldito jantar, Melina! — Charles exclama em irritação como se já estivesse claro o suficiente. - Uma noite. Uma noite e nada mais que isso, depois esquecemos essa situação.

O olho totalmente surpresa e um enorme sorriso toma conta de meu rosto seguido de um gritinho agudo em pura felicidade. Não podia acreditar que ele estava mesmo dando seu braço a torcer.

- Minha nossa, muito obrigada! Eu não tenho palavras o suficiente para te agradecer. — Falo pulando até o mesmo e o abraçando da forma mais espontanea possível. - É sexta-feira as 21h.

Charles vem a me afastar dele e me manda um olhar feio. Sua cara estava em um carranca.

- Isso não significa que eu não esteja bravo com você. — Ele fala com seu péssimo humor mas não ouso reclamar, qualquer outra pessoa em seu lugar teria chamado a polícia ou me processado. - Uma noite, Melina.

- Sim, sim! Eu entendi. Depois eu falo que terminamos. — Falo assentindo com a cabeça e tirando o sorriso de meu rosto. Precisava me controlar, pelo menos em sua frente. - Muito obrigada, Charles. Fico te devendo essa.

Ele se levanta massageando suas têmporas e evitando que seu olhar se cruzasse com o meu. Normalmente eu o questionária mas levando em conta em situação eu não estava em posição de dizer nada.

- Você se importa de ir para casa? Eu tive um dia cheio e você terminou de colocar a cereja no bolo. — Ele fala caminhando até a porta e ignoro o fato de que estava sendo expulsa. - Eu preciso descansar, amanhã conversamos melhor.

- Tudo bem. — Falo saindo e contendo meu sorriso, afinal de contas uma vitória é uma vitória. - Boa noite, Leclerc.

Ele não fala nada, apenas fecha a porta em minha cara, mas eu estava tão feliz que nem isso iria me deixar se levar.

Não seria o alvo de comentários maldosos da família Verstappen.

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me digam o que acharam !

faking it | charles leclerc Where stories live. Discover now