Capítulo 2

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Naquela manhã, tudo estava congelado quando abri a porta de casa. Voltei para dentro a toda velocidade, tocando o nariz para verificar se não estava congelado.

— Um descuido, o tempo muda. — resmunguei.

Para minha sorte havia acordado mais cedo que o normal, teria tempo de vestir mais roupas para não virar um picolé.

Depois de me cobrir com um longo casaco de pele, quentinho, aconchegando meus pés em uma bota longa e felpuda na medida certa, além de um gorro negro para a cabeça. Peguei as chaves do meu carro e a bolsa.

Logo estava na estrada, quase interditada pela neve.

"Quando isso aconteceu?" Me perguntei, preocupada em chegar tarde demais no meu primeiro dia como psicóloga de Hunter Barr.

Um meio de tirar informações para aumentar seu tempo na prisão, pelo menos era o que parecia querer Raymond Jones, o desembargador.

Tentei ao máximo não me preocupar e manter a estabilidade das rodas carecas na neve.

"Preciso de rodas novas." Tudo estava se mostrando muito difícil.

"Se ao menos tivesse olhado a previsão do tempo, teria me preparado."

O toque do celular tirou-me dos devaneios. Um número desconhecido piscava na tela.

Busquei não me distrair tanto enquanto atendia a ligação, colocando no próprio carro.

— Lisa Brown, quem fala? — perguntei pondo minha atenção na estrada.

— Senhorita Brown, é Robert West, o encarregado de recordá-la sobre sua visita ao presídio Blank hoje. 

— Agradeço pelo feito, estou a caminho, mas pode demorar um pouco, a situação das estradas não me permite ser mais rápida. — expliquei rapidamente.

— Oh! Entendo perfeitamente. Então irei liberar sua entrada desde já, para que não tenha mais problemas com a neve. — agradeci internamente antes de fazê-lo em alto tom.

— Estarei muito agradecida senhor West!

— Estamos aguardando sua chegada, senhorita. Que chegue pronto. — disse ele, logo desligando.

Depositei toda minha atenção no que estava fazendo, acelerando um pouco mais para encurtar o tempo.

Pude jurar que cheguei apenas meia hora depois, por mais que tivesse me esforçado para chegar antes.

Passei pelos muros altos e pedregosos do presídio. Aquele foi o primeiro sinal que o lugar tinha história. Deixei o carro em uma área separada, como fui instruída pelos guardas dos portões.

Depois pude caminhar até a parte de dentro, sendo revistada com um detector, pois não podiam pôr as mãos em muitas partes do meu corpo, por serem todos homens.

Olhando pelo fato de todos parecerem profissionais, fiquei um pouco mais calma com relação ao que o desembargador havia insinuado no dia anterior.

Assim que fui liberada, encontrei o homem de trinta e oito anos, com óculos de armação fina e negra, vestido em um casaco cor creme, com roupas escuras por baixo.

Ele tinha sobrancelhas médias, olhos castanhos, rosto fino, sem sombra de barba e cabelos escuros.

— Seja bem-vinda, senhorita Brown! — deduzi que ele era Robert West.

— Senhor West! — apertei sua mão estendida.

— Espero que esteja tudo bem para a senhorita. — me fez o encarar, soltamos as mãos.

O perigo de amar (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora