Cicatrizes-Livro 1

Capítulo 14-Quem é ele?

Não digo nada.Sou incapaz de formular as palavras .Abro a boca diversas vezes ,mas nenhum som sai.

-Ahh...Colier,o que você...disse?

Ele deita ao meu lado na areia molhada.Coloca o braço em volta dos olhos.

-Droga!-Murmura em uma voz rouca.

Encaro o sol que falta pouco para desaparecer por completo e trazer a lua brilhante e redonda .Eu ainda não entendo.Como ele pode gostar de mim?

-Por que?-Pergunto olhando para os seus lábios.Fico vermelha só de pensar que agora a pouco eles estavam colados nos meus.-Quer dizer ,você nunca ao menos olhou pra minha cara.Por que agora?

Colier se senta abruptamente e fica na minha frente.

-A verdade é que sempre eu fui louco por você.Eu nunca admiti isso porque...eu não sabia como chegar em você.

-Você está com uma garota diferente praticamente toda semana.Você tem coragem o bastante para ir conversar com elas mas comigo não?!

Me levanto e logo em seguida ele.

-Você é especial!

Grita ele me encarando com uma intensidade sem fim.

Engulo o bile se formando na minha garganta.Você é especial.Se ele se refere especial como uma garota que é vidente e que vai se tornar um anjo,então sim,eu sou muito especial.

-Se você não sente a mesma coisa que eu sinto por você...

Ergo a mão em um gesto pra lhe calar.

-Está brincando?

-Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.

Aperto os olhos e encaro aqueles lábios que gostei tanto de beijar.Encaro aquele sorriso que me faz rir também e por fim digo.

-Eu sou apaixonada por você desde os oito anos.

Ele ri e avança um pequeno passo na minha direção.O seu calor aquece cada partícula de água na minha pele.

-Você era apaixonada por mim ou ainda é ?

Abaixo a minha cabeça e fito os meus pés que pareceram muito melhores de encarar.E se ele quiser aproveitar de mim como ele fez com as suas outras namoradas?Ele começou a me ver de outra maneira a partir das mudanças na minha aparência.Mas...e se ele estiver dizendo a verdade?

-Eu...eu preciso de algum tempo para absorver isso tudo.

-Está bem.-Colier me lança um sorriso fraco -Mas promete que vai pensar direito?Eu gosto mesmo de você.

Afirmo com a cabeça.

-Se não se importa,eu vou ir pra casa.

-Okay.-Ele inclina a cabeça e planta um beijo bem delicado no meu rosto.Fecho os olhos querendo absorver cada instante dos seus lábios.-Gostei muito da sua presença.

-Digo o mesmo.

Sorrio de orelha a orelha.

Me visto e pego a minha bolsa.

O ambiente está numa temperatura agradável .Caminho em direção a minha casa.Os postes de luz iluminam o quarteirão.Aceno pra a Sra.Dobs ,ela sorri e volta a podar as suas flores.

Caio no chão quando algo forte acerta o meu rosto.Minhas vistas ficam embaraçadas mas adapto rapidamente.Visualizo alguém se aproximando,e percebo que é um cara.

-Nossa,me desculpe moça!

Ele me oferece a mão e só então percebo a sua beleza.Cada um dos seus olhos tem uma coloração diferente.O seu olho direito é um azul claro e o da esquerda é um castanho.Certo,eu acho que ele tem heterocromia.Seu cabelo é castanho escuro que cai em ondas brilhantes nos seus olhos.Seu queixo é um pouco quadrado dando um ar rebelde.E sua barba rala combina com os seus lábios finos meio rosados.

Em um movimento involuntário ,eu olho para o seu corpo seminu.Seu peito está amostra e bem molhado.O seu corpo está suado como se tivesse corrido uma maratona.E o cheiro de hormônios fica no ambiente.

-Você se machucou?-Nego com a cabeça .Ele estende a mão e me ajuda a levantar.

-Tem certeza?Eu acho que a bola te acertou em cheio...você não quer que eu te leve ao hospital?Você está um pouco pálida.

Saio do transe.

-Não,não precisa.

Ele suspira aliviado.

-Sinto muito moça,me desculpe mesmo.É que eu estava jogando com os meu amigos alí-Ele indica para uma casa com uma dezena de garotos,ora uns sem blusas ,ora outros vestidos com casacos.Todos esperando pela bola.-,e sem querer eu joguei a bola forte demais e acabou te acertando .

Tento sorrir e coloco uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

-Não tem problema.

-Meu nome é Paul,prazer.

Aperto a sua mão estendida.

-Renee...o meu nome é Renee.

Disse eu atrapalhada.Paul acaba sorrindo.

-É bom conhecer a minha nova vizinha.

-Ah,oi?

-Me mudei essa tarde e eu vi você saindo daquela casa.-Paul mostra a minha casa-,então vamos ser vizinhos.

-Ah,é você que se mudou?Eu fiquei sabendo que alguém ia morar aqui,mas eu não tive a oportunidade de te conhecer.

Minha voz soa doce.Por que esse cara tem esse efeito em mim?

-Bem,agora você já me conhece.

Ficamos nos encarando.Um momento constrangedor.Um garoto moreno grita do grupo.

-Ei Paul!Não vai apresentar a sua nova amiguinha?

Meu rosto fica vermelha .

-O nome dela é Renee!-Grita ele de volta.

-Prazer Renee!-O cara moreno diz me olhando de cima até embaixo.

-É...foi um prazer te conhecer ,Paul.Mas eu tenho que ir.

-Digo o mesmo.

Com um ultimo sorriso ele pega a bola e volta ao treinamento com os seus amigos.

Quando começo a me afastar ,ainda ouço as suas conversas.

-Ela é gata-Fala alguém .

-Sim,muito gata.-Concorda outro.

-I aí,você conhece ela, Paul?

Pergunta o cara moreno que pela sua voz,consegui identificar.

-Não,eu não a conheço.Mas podem ter certeza que vou fazer de tudo para conhecê-la.

Continuo caminhando absorvendo as suas palavras.Piso na calçada e tenho um vislumbre de alguém caindo de um penhasco.Eu.Estou caindo e ouço os meu gritos nos ecos.Escuto uma voz preocupada gritando o meu nome.Uma voz carregada de tristeza e desespero.A voz de Ryan.

Mais duas vozes grita o meu nome,enquanto estou caindo.Não tem nada lá no fundo,estou caindo,caindo.Ouço os gritos de...Paul e outra segue ele.Uma voz que não sei de quem é.

-Não!!!Renee!-Mais gritos de Ryan,de Paul e da outra pessoa.Eles choram gritando o meu nome.Eu caio,não sei em que segurar.E sei que não tem onde segurar.Vozes começam a rir.Um riso demoníaco e eu caio.

Com o coração na mão ,respirando com dificuldade,olho para Paul que sorri ao acertar uma jogada.Não,Renee! O que isso quis dizer?Ainda respirando com dificuldade e parecendo ter olhos em volta de mim, eu sigo em frente e entro na minha casa revisando os gritos apavorados e aquela risada maléfica.