𝟎𝟎𝟕.

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Quando a aula de geografia acabou, saí da sala para ir ao banheiro. Subitamente, senti uma mão segurando meu pulso e me puxando. Olhei para trás e dei de cara com Walker. Meu primeiro instinto foi tentar pedir para que ele me soltasse, mas ele não deixou eu falar.

— Espera, só vem comigo.

Em meio a uma multidão, eu estava realmente esperando que ninguém estivesse reparando em nós dois. Walker me levou até atrás da escola, um lugar em que quase ninguém ia.

— Me solta, Walker! — Me desvencilhei de suas mãos, puxando meu braço.

Walker olhou diretamente para mim.

— Até quando você vai ficar desse jeito? — Perguntou — Até quando vai me evitar?

Tentei ir embora, eu realmente não queria ter que entrar naquele assunto de novo, mas Walker conseguiu me segurar antes.

— Você não pode evitar essa conversa pra sempre.

O olhei com seriedade.

— Não me faça perguntas difíceis, Walker...

— Eu quero saber, Hillary. — Elevou seu tom de voz — Eu quero saber até quando vamos ficar assim.

Sua voz soava embargada, parecia que ele queria... Chorar? Meu coração apertou, mas eu não podia me amolecer agora, eu tinha que seguir firme. Quem começou primeiro foi ele. Ele que decidiu me trocar por uma garota que sabia que eu odiava.

— Não, Walker. Eu não posso responder a essa pergunta. Agora me deixa ir...

Ele me empurrou, fazendo-me bater com as costas na parede. Eu realmente me assustei com aquele ato. Por um segundo, achei que ele fosse fazer algo comigo, mas ele somente me encurralou de sair me prendendo na parede. Meus olhos ainda estavam arregalados de surpresa, medo e raiva ao mesmo tempo.

— Até quando você vai fingir que eu não existo?

Aquele contato perto demais... Walker não sabia de nada, mas eu não podia deixar transparecer meus sentimentos. Pude perceber que quanto mais ele me olhava, mais seus olhos se enchiam de lágrimas. Empurrei Walker.

— Eu já falei para me soltar! — Gritei — Eu não sou mais nada sua, Walker! Você fica me fazendo essas perguntas, mas sabe muito bem o que fez! Você sempre soube que eu odiava Heather, você não lembra do dia em que nos conhecemos? Porque parece que não!

Senti a adrenalina correr por todo o meu corpo.

— Você fala como se eu fosse a culpada, mas você sabe muito bem que não sou! — Agora, meus olhos que marejavam — Porra, Walker!

Eu não podia deixar isso acontecer na frente de Walker. Derramar lágrimas na frente de Walker realmente era a última coisa que eu queria fazer. Antes que meu rosto pudesse fazer uma careta de choro, corri escola adentro.

Corri rapidamente até o banheiro. Me tranquei em uma das cabines assim como fiz no dia em que vi Walker e Heather se beijando. Pensei comigo mesma: O que eu estava pensando? O que eu estava fazendo? O que eu realmente queria com tudo isso?

Uma hora eu estava triste porque vi meu ex melhor amigo se beijando com minha arqui-inimiga, e na outra, estou recusando em todas as hipóteses dar uma satisfação para ele.

Escorreguei pela parede, tentando chorar o mais baixo possível. Senti a adrenalina esvair por todo o meu corpo. Tudo que eu pensei que não importasse, que pensei que já fizesse parte do cotidiano, estava guardado há muito tempo dentro de mim, e eu só queria poder aliviar essa dor que eu sentia.

Me sentir trocada, deixada de lado e sozinha era um ponto fraco para mim, mas voltar atrás, ser considerada a cadelinha da história e me fragilizar por uma pessoa que me machucou conseguia mexer comigo mais ainda. Se eu fizesse isso, pelo menos agora, eu sabia que nunca mais me perdoaria. Era melhor deixar as coisas como estavam até eu esquecer de Walker, e até ele me esquecer.

*

Perdi a segunda aula que era de ciências, eu não sabia o que falaria para a professora se ela viesse me perguntar o porque faltei. Já estava no meio da terceira aula, e eu decidi voltar, não podia ficar no banheiro para sempre. Finalmente tomei coragem para me levantar do chão, ainda me sentindo um pouco fraca.

Abri a cabine, obtendo a sorte de não ter ninguém no banheiro. Pelo menos ninguém lavando as mãos ou passando maquiagem na frente do espelho. Tinham duas pessoas em duas cabines diferentes, mas eu não me importava com isso.

Me olhei no espelho, eu estava realmente acabada. Meus olhos estavam inchados e meu rosto estava um pouco vermelho. Tomei um susto quando uma das cabines se abriu. Era Momona. Ela franziu o cenho ao me ver toda vermelha e inchada daquele jeito.

— Hill, o que aconteceu? — Perguntou, preocupada.

— Não foi nada — Tentei sorrir, mas ela segurou nos meus ombros, me balançando.

— Você estava chorando?! — Praticamente gritou — Eu ouvi algumas pessoas falando que você não apareceu na segunda aula, eu fiquei preocupada!

Momona e aquele típico jeito mãe dela. Aquela preocupação toda me fez sorrir.

— É sério, não foi nada. Confia em mim, eu estou bem.

— Hillary, eu sei que você...

— Shhh — A interrompi — Eu, nada. Eu estou bem, Momo. É sério! Você acha que se eu não estivesse bem eu deixaria de te contar alguma coisa?

— Então por que você faltou a segunda aula? E por que seu rosto está inchado?

Tentei arrumar alguma desculpa rápida, mas meu silêncio foi a resposta mais explícita de todas.

— Eu sabia que você estava chorando — Momona revirou os olhos.

Ela segurou meu rosto e examinou-o. Quando eu digo que ela incorpora uma mãe às vezes, eu não estou brincando.

— E por que você estava chorando, hein?

Abaixei meus olhos.

— Ah, você vai falar sim! — Bateu o pé no chão, cruzando seus braços.

Nesse exato momento, uma garota ruiva saiu de uma das cabines olhando torto para nós duas. Ela logo saiu do banheiro. Isso me fez lembrar que eu tinha uma aula para participar.

— Oops, eu acho que já deu a minha hora — Me esquivei da minha amiga — Se eu perder mais essa aula, eles talvez passem um bilhete para meus pais. Depois eu te conto, Momo. Tchau!

— Ei, espera aí! Você não vai me contar mesmo?!

Mas já era tarde demais, eu já havia corrido em direção a sala.

𝐇𝐄𝐀𝐓𝐇𝐄𝐑, walker scobell.Where stories live. Discover now