- saudades

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"Pai, pai, tô saindo." Ela deu um beijo na bochecha de Gon e Killua antes de sair.

Killua olhou para a geladeira cheia de desenhos feitos quando seus filhos estavam no fundamental, inconscientemente desejou que eles voltassem a ter a idade de quando eles foram adotados pelo casal. Desde quando eles tinham crescido tanto? Allegra já estava casada há quase um ano, Rocco se mudou para os dormitórios da sua universidade e Ava estava até namorando com a filha do vizinho.

"Tô com saudades deles." O albino remexia sem parar a colher dentro de sua tigela de granola. Ele estava para baixo.

"Sexta-feira eles vem dormir aqui. Te aquieta, marido."

Gon se levanta e vai até o esposo, em uma tentativa de o confortar. O médico sabia que Killua era quem mais estava sofrendo com a independência dos filhos. Mas as crianças cresciam e se tornavam adultas, não podiam ficar debaixo das asas dos pais para sempre, ainda que isso pudesse doer para aqueles tão acostumados com a presença dos filhos.

"Não acredito que a minha filha está grávida, a minha princesinha." Killua se levantou para abraçar Gon. Eles ficaram assim por um bom tempo no meio da cozinha.

"Eu também não acredito que vamos ter nosso primeiro netinho." Gon gargalhou, acariciando o topo da cabeça de Killua. "Você tem que aceitar que nós estamos velhos, amor."

Killua sabia disso, porém não poderia deixar de se sentir melancólico. Achava que era por conta de seus pais, eles tentaram ao máximo serem presentes na vida dos cinco filhos, mas o pouco tempo que conseguiam longe do trabalho somente era suficiente para eventos importantes como aniversários e reuniões escolares. Killua não os culpava, entretanto queria ser diferente deles, por isso se esforçou muito para não ser ausente na criação dos filhos. Por isso se sentia tão abalado com aquela separação nada inesperada porém surpreendente brusca.

Gon também sofria, mas entendia que aquele era o ciclo natural da vida e até conseguia sorrir ao imaginar seus futuros netinhos fazendo bagunça no quintal espaçoso que tinham.

"É do mesmo jeitinho como começamos, eu com certeza posso me acostumar com isso." Killua quebrou o silêncio.

Ele relembrava o tempo de recém casados, ele se assustou com a mudança repentina de rotina, sem irmãos para implicar e com todas as responsabilidades de manter uma casa, porém rapidamente ele acostumou com acordar ao lado do amor de sua vida todos os dias e também não demorou muito para se adaptar ao amor paterno que cresceu de repente em seu peito quando conheceu os filhos pela primeira vez.

Mas o fato é que Killua ainda estava aprendendo a encerrar ciclos e ele admirava o otimismo do marido por sempre sorrir quando via alguma lembrança dos filhos, ao invés de chorar como ele mesmo fazia.

"Eu tô com saudades, mas também estou tão feliz por eles estarem com a vida feita." Ele acariciou as já evidentes rugas do rosto de Gon.

"Eu também, acho que fizemos um bom trabalho como pais." Gon sorriu e Killua notou que os olhos caramelos estavam marejados.

A saudade doía para ambos.

"Somos uma ótima dupla!" Killua sorriu.

"Realmente, marido."

O abraço se desfez e eles se encararam, não sabendo lidar com a falta que sentiam mas felizes por terem construído uma história tão linda juntos.

Puppy Love !! Killugon Where stories live. Discover now