5. Uma notícia não tão boa

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 Meu despertador toca abruptamente às 6:30 da manhã, assim como eu o programei para fazer, mas acordo com tanta raiva que a minha única vontade é jogá-lo pela janela do apartamento.

 Ao invés disso, apenas respiro fundo e o desligo, antes de afundar o rosto no travesseiro. Sei que seria compreensível se eu tivesse passado a noite inteira acordada, pensando no que aconteceu ontem, como eu normalmente faço, mas acho que estava tão cansada que dormi feito uma pedra, sonhando que o diretor da faculdade tinha virado um super-vilão ou coisa assim.

 Me sento na cama e respiro fundo, porque apesar de estar com preguiça, eu sei que um pouco de yoga me fará bem. 

 Após algumas posições, já sinto meu corpo mais preparado para enfrentar o longo dia que virá pela frente. Resolvo mandar mensagem para o Tony, dizendo que ele vai ter que me explicar tudo que aconteceu no primeiro dia de aula, hoje, na faculdade. Já imagino ele bravo por eu não ter respondido ontem, me pergunto se ele sabe o ocorrido no metrô.

 Levantando da cama disposta a viver um dia melhor do que o anterior, vou até a cozinha para preparar meu café da manhã.

 Coloco água na cafeteira e tiro do freezer da geladeira algo que eu estava guardando, meus amados pães de queijo. Após descongelarem um pouco, os ponho em uma pequena forma untada e levo os pequenos pães ao forno. Esse prato, tão típico lá no Brasil, é praticamente impossível de achar aqui, então quando raramente encontro polvilho, eu faço um monte e os congelo para comer quando quiser.

 Pego meu celular para checar as notícias do dia anterior e não fico surpresa ao descobrir que o caso do metrô é o assunto principal, e por sorte, só citaram o nome do pobre senhor que morreu. A última coisa que eu quero é aparecer nos jornais.

 Assim que o café e os pães de queijo ficam prontos, sento em um dos banquinhos em frente ao balcão para ler melhor.

 Os sequestradores estavam pedindo vinte milhões de dólares para que fôssemos liberados, isso é dinheiro para caramba. Será que o prefeito pagaria essa grana toda para salvar duas dúzias de cidadãos? Talvez se a Sparrow Academy não tivesse chegado...

 Não, não quero nem imaginar.

 E falando neles, seus rostos e estão estampados na minha tela, todos expressando confiança, mas enquanto alguns demonstram-se genuinamente alegres, outros estão vitoriosos. E é esse semblante de superioridade que me guia imediatamente é o meu salvador, Ben Hargreeves.

 Se não fosse por ele, talvez eu não estivesse mais viva. Essa simples ideia me apavora e eu coloco instintivamente a mão no meu braço, já curado.

 Ainda encarando a foto, não posso evitar de clicar no link do nome dele abaixo dela, que me levou à outra página com informações sobre o mesmo.

 Ben Hargreeves, nascido no dia 1 de outubro de 1989, é o segundo membro da Sparrow Academy. Seu poder envolve invocar e controlar tentáculos monstruosos que surgem de seu estômago, exatamente como eu o vi fazer no metrô. A página o descreve como alguém charmoso e confiante, além de ser um homem super bondoso. Bom, que ele é charmoso e confiante, eu notei, mas não sei se ele é esse amor todo de pessoa. Aqui também diz que Ben Hargreeves costumava ser o número 1, antes de ser mudado de posição, agora, se isso significa algo ruim, como um rebaixamento, eu não sei.

 Vejo fotos dele com uma garota loira, que a página diz ser sua namorada, nem sequer imaginei que ele pudesse ter namorada. 

 Mas o que eu estava pensando? Ele é rico e famoso, é claro que tem namorada!

[TUA] Benjamin Hargreeves - Don't blame meOnde histórias criam vida. Descubra agora