Capítulo onze

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Notas da autora!

Me perdoem por ter sumido, vou tentar aparecer mais e postar novos capítulos. Obrigada a quem está acompanhando. Desculpem qualquer erro ortográfico. Tenham uma boa leitura.

A semana passou rápido. Todos os dias, no mesmo horário, nos reunimos na casa de Vinnie para treinar e discutir sobre os próximos passos. Amélia é responsável por produzir nossas roupas, além de treinar. Jack Wright é responsável por toda a parte tecnológica, inclusive, ele já teve acesso a lista de convidados e toda a área do local e ponto de entrada e saída. Jacob e Jordan treinam todos os dias, inclusive, Jordan esteve me ajudando nessa semana. Acho que chegamos em um acordo. Mas ele ainda é bem irritante comigo. E Vinnie tem me ajudado a lutar, além de ficar responsável pelos veículos. E nesse momento ele está sem camisa, com o corpo suado enquanto mexe em um dos carros.

- Então você está mexendo nos motores?- Eu pergunto com curiosidade.

- Isso mesmo. Estou deixando os motores com mais potência em caso de fuga.

- Caramba, isso é bem.. Legal.

Ele abre um pequeno sorriso, mas não está me encarando. Diferente de mim, que mantenho os olhos fixos nele, mas tento não olhar muito para o seu corpo, o que se torna um pouco difícil.

- Se olhar demais, a baba vai escorrer. - Jordan está atrás de mim, rindo.

- Se você fizer isso outra vez, sua cabeça vai voar.- alerto.

- Opa, opa, gatinha! Que relacionamento abusivo é esse? - Ele brinca comigo e se afasta indo em direção a um dos carros.

Jordan retirou a sua camisa e agora a minha atenção está nele. Em suas costas há uma tatuagem, um mapa. Mas consigo notar algumas marcas em sua pele, o que faz com que eu me pergunte de onde vieram. Parece ser algumas cicatrizes de queimaduras. A minha curiosidade é grande, mas não tenho nenhum grau de intimidade com ele para lhe perguntar sobre elas. Então, eu simplesmente deixo esse pensamento de lado e me concentro em outra coisa.

- Hoje nós vamos treinar luta?- perguntei em voz alta.

Vinnie Hacker, que até então estava debaixo do veículo, se encostou na lataria do carro e com uma ferramenta em mãos, apontou para mim e para ele.

- Eu e você vamos treinar em outro lugar.

O olhei desconfiada, mas não disse uma palavra e tentei evitar o sorriso que queria se formar em meus lábios. Eu e Vinnie juntos, e provavelmente sozinhos, treinando em outro lugar. Ele, por outro lado, tinha um pequeno sorriso em sua face, quase imperceptível. Gosto de seu sorriso, embora ele pareça não gostar muito.

- Já que, aparentemente, vocês vão sair. Eu vou lá no porão ver como anda as coisas. - Jordan está guardando algumas ferramentas e ao se virar, seu olhar cai em mim por alguns segundos, me causando uma sensação estranha.

Quando ele já se foi, me sinto constrangida, olhando o nada ao meu redor. Sei que há um par de olhos me encarando, mas não quero o olhar de voltar. Enfim, depois de um bom silêncio, decidi procurar um assunto que possa nos tirar desse silêncio.

-Em que lugar vamos?

Ele se levantou, veio em minha direção, mas passou reto e parou em uma mesa atrás de mim. Colocou a ferramenta que segurava dentro de uma caixa.

-Você vai descobrir quando a gente chegar lá.

...

Os minutos passaram rapidamente. Estamos dentro de um dos carros dele, estacionado em um estacionamento. O local fica um pouco distante do centro da cidade. Nunca, sequer estive nesse lugar. Ao abrir a porta do carro, e saltar para fora do veículo, espero pacientemente Vinnie Hacker sair, e quando o fez, ele veio em minha direção.

- Não se preocupe, não vou te matar e jogar o seu corpo aqui. - Ele deu uma piscada antes de ir até o portão do local, que parece ser galpão. Eu o sigo, ainda confusa e sem saber o motivo pelo qual estamos aqui.

Paramos na entrada, Vinnie rapidamente se aproxima de uma câmera grudada ao muro, percebo que o aparelho eletrônico fiscaliza a face dele, logo fazendo com que um dos portões, o menor, se abra. Há um corredor escuro. Não há ninguém no local.

Vinnie olha de relance para mim, inclina a cabeça, me chamando silenciosamente para entrar. Eu recuo por alguns segundos, mas já estou aqui e não tem como fugir, então, eu apenas o sigo. O corredor possui algumas portas, 6 para ser mais exata, todas elas estão fechadas. Não há barulho, a não ser dos nossos sapatos pisoteando o chão de concreto.

Ao fim do corredor, há um enorme pátio e uma área de lazer, que contém mesas e uma churrasqueira. Um homem, de estatura média, fumando o que parece ser um charuto, está sentado em uma cadeira, junto a outro homem, que é o dobro da altura dele.

Nos aproximamos, eu com uma certa cautela e três passos atrás de Vinnie, que está cumprimentando o homem com um aperto de mão. Embora seja nítida a grande diferença de idade, eles parecem ser amigos. E conversam entre si, em outro idioma.

Espera, desde quando Vinnie Hacker sabe falar espanhol? A cada dia que passa, parece que conheço um pouco mais dele, coisas que sequer tinha notação.

- Esta es la chica. - Ele diz enquanto cruza os seus braços.

O homem, por outro lado, retira os óculos escuros e olha em minha direção. Percebo alguns traços característicos que fazem questionar se ele é mexicano.

- ¿ES ella?- ele pergunta enquanto puxa e solta a fumaça do charuto. - Estoy impresionado. Confieso que dudé de ti.

- Dije,  no dudes de mí. - Vinnie responde.

Por não entender o idioma, não faço a menor ideia do que estão falando. Mas sei que o assunto é sobre mim, porque o homem não para de me encarar.

- Vá para casa, menina. Você não sabe onde está se metendo. - O homem diz e se vira, sentando novamente na cadeira. Olho de relance para Vinnie, mas ele permanece de braços cruzados, com o olhar fixo na parede.

- Eu sei exatamente onde estou me metendo.

O homem à frente solta uma risada forçada e se coloca de pé, olha para mim e depois para Vinnie. E sem dizer uma palavra sequer, se retira com o outro homem, que parece ser também mexicano. Mas antes de sair, diz:

- Duas horas e nada mais.

Suspiro fundo e me coloco na frente de Vinnie.

- Quem é ele?- pergunto apressadamente.

- Ele parece ser um babaca, mas é legal. - Responde simplesmente.

- Tá, mas quem é ele?- retorno a perguntar.

- Ex-policial e um amigo do meu pai.

- Podemos confiar nele?

Vinnie suspira fundo e revira os olhos enquanto retira a sua jaqueta de couro, a deixando encima da mesa.

- Evie, nós não podemos confiar em ninguém. Nem em nós mesmo, guarde isso. - Tento dizer algo, mas ele faz que não com a cabeça e coloca um dedo em minha boca- Vamos treinar. Só temos duas horas e tem muita coisa para você aprender.

O perigo mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora