O acidente

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Rodolffo compareceu em tribunal para prestar declarações sobre o assédio e perseguição da professora.

O seu advogado informou-o de que o processo estava parado pois não conseguiam contactar a mesma. 

Averiguações feitas e a megera tinha saído do País imediatamente ao dia de baile.  Mas o carro dela ficou e continuava a circular pois Rodolffo avistou-o duas ou três vezes nas últimas semanas.  Isso mesmo ele comunicou ao tribunal.

Após sair da última aula, Rodolffo ia em direcção a casa.
Juliette estava no seu dia de descanso e tinha combinado jantar com ele lá em casa.

Ao olhar pelo espelho retrovisor viu o carro que ele bem conhecia na sua traseira. Acelerou e viu-o  ficar para trás.
- coincidência,  pensou.

De repente sentiu o embate pela lateral. O choque foi tão violento que o seu carro rodopiou a uma enorme velocidade e depois capotou.  Quando o carro se imobilizou, sentiu uma dor enorme na cabeça e uma falta de ar.  Tudo girava à sua volta e simplesmente apagou.

Juliette estava na cozinha preparando o jantar quando sentiu um aperto no peito.

Teve um pressentimento e ligou para a mãe.

- Está tudo bem connosco filha, porquê?

- Mãe,  estou com um pressentimento ruim.

- Não.  Estamos bem?  O Rodolffo já chegou?

- Não.   Deve estar a chegar.

- Houve um enorme acidente por aí perto.  Ouvi nas notícias.   Talvez esteja retido no trânsito.

Juliette ligou para o celular dele só dava caixa postal.

- Meu Deus, que não lhe tenha acontecido nada.

Foi olhar as notícias mas as informações eram insuficientes.

Um choque de duas viaturas com dois sinistrados, conduzidos ao hospital, era o que diziam.

Ligou para a colega de plantão na urgência do hospital.

- Sim doutora, entraram dois sinistrados do sexo masculino.   Infelizmente um deles não resistiu.  Não tenho por agora mais elementos.

Ligou novamente o celular e nada.

Desligou o fogão,  pegou nas chaves do carro e em poucos minutos estava  na emergência do hospital.

- Eu preciso de informações.  Pode ser o meu namorado pois não o consigo contactar.

- Calma, doutora.  Vamos lá saber mais informações.
O que faleceu está naquela sala.  Quer ir lá?

- Quero.  Juliette foi e por momentos ficou aliviada.  O morto era homem de meia idade.  Não se lembra de alguma vez o ter visto.

A polícia estava ali e já tinha a identificação dos sinistrados.

Rodolffo Ramos e Carlos  Pires.

Juliette foi saber onde estava Rodolffo.

- Na sala de cirurgia,  doutora.

Juliette equipou-se e apesar dos protestos entrou na sala.

Por sorte o cirurgião era seu amigo e já conhecia Rodolffo, tanto por ela como por ele estagiar ali.

Ela olhou para ele e ele levantou o dedo com sinal de tudo bem.

Mesmo assim ela ficou ali enquanto a cabeça de Rodolffo era cosida.  O peito dele já estava enfaixado.

O médico terminou e deixou as enfermeiras terminar todos os procedimentos.   Pegou Juliette pela mão e levou-a para  fora.

- Por ora está bem.  Teve um coágulo no cérebro devido à pancada e tivemos que tirar.

No peito foi só o embate do airbag.  Depois de umas nódoas  negras fica bom.
É possível que acorde confuso e com a memória afectada mas vai melhorar. Vai ficar na UTI hoje.

- Eu fico com ele.

Juliette passou a noite com Rodolffo sempre monitorizando os seus aparelhos.

Pela manhã foi até ao sector das consultas gerais pedir dispensa. 

- Podes deixar Juliette,  eu assumo os teus pacientes, disse uma colega.

- Obrigada.  Qualquer coisa estou na UTI.

De regresso à UTI, Rodolffo já tinha sido transferido para um quarto.

Quando entrou, uma médica estava tomando nota dos valores que os aparelhos indicavam.

- Pode deixar colega.  Eu fico aqui com o meu namorado.  Obrigada.

Rodolffo estava acordado e um pouco assustado.

- Eu sou seu namorado?

- Sim.  Não lembras? E do acidente,  lembras?  O teu nome?

- Não lembro.

- Deixa lá.  Aos poucos vais lembrando.  Descansa.  Eu não saio daqui disse ela segurando a mão dele.

Logo de seguida ele adormeceu e Juliette,  sentada numa poltrona à cabeceira, permitiu-se chorar.







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