11 - Futuro incerto por João

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— Para, José

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— Para, José. — reclamei, enquanto seguíamos o Hector em direção a casa da família Telles.

— Será que eles emprestam uma graninha? Eu tô precisando de um trocado para comprar uma moto. — meu irmão soltou, talvez tentando mascarar o seu nervosismo.


— Olha só. Eu sei que isso não é fácil. — chamei a sua atenção, mais grosseiro do que gostaria de parecer. — Então, se controle, por favor.


Que lugar enorme. A casa da minha família biológica está localizada em uma das áreas mais ricas do Rio de Janeiro. Depois de passar por algumas ruas, o meu ficante entrou em um terreno gigantesco. No fundo, uma mansão chamou a minha atenção. Do nada, o José quase vai parar na frente do carro. O meu irmão se debruçou e ficou maravilhado.


— É aqui que a família de vocês mora. — avisou Hector, estacionando o carro e tocando no meu ombro. — Vai dar tudo certo.


— Ok. — respirei fundo e saí do carro.


Uma moça usando uma espécie de farda nos atendeu no estacionamento. Ela nos guiou para dentro da casa, ou melhor, mansão. O interior da residência era um contraste gritante com a simplicidade da vida que o José e eu conhecíamos. Cada passo que dávamos sobre o piso polido era como uma confirmação de que estávamos entrando em um universo desconhecido.

Nem preciso dizer que o José estava encantado com a grandiosidade da casa. Seus olhos brilhavam com a luz dos lustres extravagantes que iluminavam o caminho. Ele admirava cada detalhe, como se estivesse entrando em um novo reino. Para o meu irmão, aquilo se tornou uma possibilidade de vida melhor, uma realidade que eu ainda tentava assimilar.

De nós dois, o José sempre foi o mais deslumbrado. Teve uma vez, que ele fingiu ser um garoto rico para impressionar uma garota. Lembro que o José trabalhou quatro meses para levá-la em um restaurante bacana. Nem preciso dizer, que a moça o trocou por alguém rico de verdade. Pelo menos, ele nunca apelou para caminhos fáceis como muitos outros garotos do bairro seguiram com o passar do anos.

Ao meu lado, o Hector caminhava conversando com a moça que nos recebeu. O seu nome era Aline e trabalhava para a família Telles há 10 anos. O Hector é demais. Ele sempre me passava uma sensação de confiança, mesmo quando eu não acreditava que as coisas iam dar certo. Fora os beijos e carícias que trocamos. Ok. Isso não é o momento para pensar na boca do Hector. Abstrai, João!

A casa parecia não ter fim, os seus cômodos intermináveis me faziam sentir dentro de um labirinto. Passamos pela sala principal, onde os quadros enfeitavam as paredes. Nas fotos, os momentos felizes da família ao longo dos anos. A sensação era de estar em uma novela, aquelas onde a família da alta sociedade mostra que os ricos também choram. Eu me questionava se aqueles retratos refletiam a verdadeira felicidade dos Telles ou eram apenas poses calculadas para deixar o ambiente mais harmônico.

Os móveis eram luxuosos, cada peça parecia ter sido escolhida a dedo para compor o cenário de elegância e riqueza. Um som de instrumento clássico ecoava pelo corredor, contrastando com o barulho que se formava dentro de mim. O José, por outro lado, parecia ignorar a tensão. Ele explorava cada canto da casa como se fosse uma criança em uma loja de brinquedos.

Tinha que ser vocêWhere stories live. Discover now