Mais uma vez.

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Tamaya

Esther havia quebrado meu coração. Como ela ousa deixar essa filha da puta entrar no seu apartamento? E por que essa mulher estava aqui? Como se fossem intimas. Elas são? Esther estava saindo com outra ao mesmo tempo que saia comigo?

Minha cabeça está explodindo de tanto pensar, não sei como lidar com todo esse caos que minha vida está se tornando, toda essa semana em que não tive contato com Campbell, tudo desandou. Tudo.

Muitas coisas rolaram e eu só queria poder compartilhar com ela, e não pude, não pude por coisas que eu mesma deixei acontecer, sem que eu pudesse frear, mas, que culpa tenho se Monique é maluca e não me deixa em paz? Jamais imaginei que ela iria me agarrar daquele jeito no meio da rua, como eu saberia?

O coração parece que sairá de dentro do meu corpo, tudo me asfixia, me deixa sem forças para lidar com todos esses problemas que estão surgindo na minha vida, de uma hora para outra.

Campbell me olha com os seus olhos tristes, seu rosto está tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe, que não sei se deveria me aproximar e tentar beijá-la, tentar prová-la, que sou dela e que todo meu corpo é dela, meu coração é dela. Ou se me afasto de uma vez por todas.

Travo seu corpo na parede, impedindo que ela pudesse sair do lugar, só para tê-la perto de mim. Só para poder sentir o seu perfume tão diferenciado de todos os outros que eu já senti.

— Você vai me ouvir, Campbell, gostando ou não, você irá, e se mesmo assim, mesmo eu te explicando toda a situação, você não me quiser mais aqui — prenso meu corpo mais ao seu e deixo claro que ela irá me ouvir — Se mesmo assim você não me quiser, aí sim irei ir embora e prometo sumir da sua vida de uma vez por todas, mas por favor, me ouça, víbora.

Seus olhos me analisam, intercalando entre meus olhos e minha boca, coloco meu corpo para frente, encostando nossos peitos, desço minha mão em sua cintura, e só de sentir a calidez de sua pele, todo meu corpo se arrepia.

— Não quero te ouvir, já não temos nada o que conversar.

Dou um leve sorriso de canto e levo minha mão até ao seu rosto, acariciando seus lábios devagarinho, acariciando sua mandíbula e também sua bochecha, me permito sentir sua pele que é macia, e cheirosa. Os seus olhos se fecham ao sentir a minha mão tocando-a como sempre a toco, ela abriu suavemente os seus lábios, ao sentir meus dedos desenharem a sua boca, aliso seu lábio inferior, e sinto vontade de beijá-la como nunca. Deixo meu rosto mais perto do seu, lá fora só é possível ouvir a chuva que não tem piedade, os trovões baixinhos, e aqui dentro, só é possível ouvir nossas respirações que estão um pouco alteradas, e talvez ela até possa ouvir as batidas do meu coração, que bate feito louco aqui no peito.

— Maldita víbora teimosa — sussurro próxima aos seus lábios, ainda delineando toda a sua boca, sentindo a textura e engolindo seco para não beijá-la.

Um pequeno riso ela soltou, arisca, mas que, derreteu meu coração. Morria por ouvi-la sorrir, mesmo que fosse o mínimo, mas queria ouvi-la.
Subo meu olhar ao encontro do seu, seus olhos me olham vidrados, mas cheio de lágrimas, o que me entristece a alma, mas, sei que sou culpada, e sei que preciso explicar o meu lado da história.

— Sou teimosa por não querer te ouvir? — arqueou uma sobrancelha, e retirou meus dedos dos seus lábios, delicadamente.

Engoli seco. Sabia o que Esther estava fazendo, ela estava me afastando e deixando claro que as minhas chances já não valiam mais. Porém eu não iria me render tão fácil.

Coloquei minha outra mão na parede, impedindo-a de se afastar, ela iria me ouvir. Os nossos rostos ainda estavam próximos, meu nariz tocava ao seu, e os nossos olhares estavam fixamente presos mutualmente.

Odiosa fascinação [+18]Where stories live. Discover now