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NOTAS DO AUTOR

eu não tô feliz com esse capítulo




Aquela voz ressoou como uma lâmina trespassando o coração de Terminator; ele a reconheceu, sabia quem estava presente. E aquela entonação distintiva — um sotaque russo — tornava tudo inequivocamente familiar.

Melissa fitava o homem com um olhar assustado, porém manteve um silêncio obstinado, mentalmente agradecendo o ruído reconfortante da chuva que suavizava a respiração de ambos.

Com um gesto ágil, Terminator conduziu a garota até uma pedra próxima, apoiando-a gentilmente e segurando seu rosto com uma ternura que contrastava com a situação.

– Eu quero que você fique escondida aqui, está bem? – Sua voz era suave, transmitindo uma calma protetora.

Ele acariciava a bochecha de Melissa, cujo medo se manifestava em um balançar de cabeça negativo, enquanto mantinha seus olhos fixos no rapaz.

– O que você vai fazer? – Ela indagou, permeada por um temor palpável.

– O problema deles é comigo e eu desejo resolver isso de maneira que ninguém se machuque. –  A garota começou a tremer, apreensiva com o que poderia acontecer com ele naquela situação.

— Melissa... vai ficar tudo bem. Não importa o que você ouça, não saia daqui, está bem? — recomendou com uma voz que pretendia ser reconfortante.

Mesmo relutante, a garota assentiu lentamente. Com um gesto rápido e terno, ele depositou um leve beijo nos lábios dela e ofereceu-lhe um sorriso encorajador.

Ele então afastou-se nadando, e ao finalmente deixar a segurança da pedra, percebeu que os homens estavam virados de costas, caminhando em direção ao vilarejo.

— EI! — Ele gritou, atraindo a atenção de homens armados e do próprio líder do batalhão.

— Vejamos quem temos aqui...

Vários dos homens armados aproximaram-se de Terminator, imobilizando-o rapidamente antes que pudesse reagir.

— Nosso pequeno rato finalmente se recuperou... Recebeu bons cuidados? — indagou a voz áspera do ancião, desprovida de qualquer traço de compaixão.

Em uma observação detalhada, ele percebeu o curativo que se tornara aparente no corpo abatido do Terminator. Com um sorriso desdenhoso distorcendo seus lábios, ele desferiu um golpe com o pé direto sobre a área lesionada. Um gemido de agonia escapou dos lábios de Terminator, que inspirou uma lufada de ar dolorosa enquanto a ferida voltava a sangrar.

— Levem-no — comandou o ancião, voz inflexível, e seus homens prontamente atenderam à ordem, arrastando o corpo sofrido de Terminator.

Alheia à cena, Melissa permanecia em ocultação, seus sentidos atentos apenas às vozes que se esvaíam ao longe e ao som dos passos que se distanciavam.

Lágrimas começaram a brotar dos olhos da garota enquanto ela nadava para longe das pedras, avistando os homens a arrastar o Terminator em direção a um carro camuflado. Ela reuniu toda a coragem que pulsava em suas veias e plantou os pés com determinação no solo encharcado.

— SOLTEM-O! — O grito dela rompeu o ar, carregando em si todo o peso de sua indignação.

Os homens interromperam a marcha ao ouvirem sua voz. Confusos, olharam para Melissa, como se tentassem decifrar o que acontecia naquele instante.

— Melissa... — Terminator murmurou, quase numa maldição por sua rebeldia.

— Uau... Então o nome da cuidadora é Melissa? Interessante... — Com um entusiasmo mal dissimulado, ele começou a avançar em direção à jovem.

A chuva já havia encharcado completamente o senhor, mas aos poucos transformava-se em uma garoa cada vez mais tênue.

— Senhor... Eu...

Ele fez um gesto para que ela se calasse, seu dedo sobre os lábios sinalizando silêncio.

— Seja uma boa garota e, quem sabe, eu posso ser gentil com você... — Ele sussurrou, a voz baixa e carregada de intenções dúbias, enquanto acariciava delicadamente o queixo dela.

Terminator, irado com a situação, tentou se libertar.

— Se você encostar um dedo nela, eu te mato! — exclamou ele, com a voz impregnada de fúria.

Um dos homens, contudo, golpeou-lhe a coluna com sua arma, fazendo com que ele caísse de joelhos no chão.

— Vou me certificar de tocá-la com esmero... — proferiu o outro, seus olhos transbordando lascívia, enquanto começava a arrastar a garota para si.

— ME SOLTA! SOCORRO! — gritou Melissa em desespero, e o ancião ao seu lado grunhiu em protesto.

— Silenciem-na. — Comandou ele, cerrando os dentes, e lançou a garota ao chão. O que ela sentiu em seguida foi uma violenta pancada na cabeça, que a fez perder a consciência completamente.

. . .

Melissa sentiu uma dor lancinante invadir sua cabeça. Com cautela, abriu os olhos e um calafrio percorreu seu corpo como se o próprio inverno a tivesse abraçado. Ela estava em um ambiente asséptico, cercada pelo branco que consumia o espaço com sua frieza impiedosa, mais intensa do que qualquer fração de inverno que já enfrentara.

Em um sopro visível, seu hálito quente desenhou-se no ar frio, contraste térmico que a fez tomar consciência de seu próprio tremor. A pele exposta em total vulnerabilidade cobria os ossos congelados, a falta de vestimenta ressaltando a nudez desprotegida.

Quando a porta à sua frente se abriu, o homem que mais cedo a inquietara apareceu.

— Finalmente acordou...—  disse ele com um sorriso torto, aproximando-se e erguendo-a pelos braços sem encontrar resistência.

Melissa, resignada e sem forças, apenas se deixou levar. O frio cortante, a fraqueza que lhe tolhia e a fome que a corroía dizimavam qualquer lampejo de resistência. Sabia que, com a vigilância dos vários guardas dispersos, suas chances de escapar flutuavam em um inabalável zero por cento.

Sua voz emergiu fraca e tingida de medo, cortante como o gélido ambiente que a cercava. — Onde está o Terminator? — A resposta veio seca e fatal

— Morto. —  E com essa única palavra, uma dor lancinante atingiu o coração de Melissa, uma dor de um tipo que ela jamais poderia ter imaginado.

O ambiente ao redor da Melissa chamou sua atenção quando ela murmurou em surpresa:

— O-o que?

Mesmo sem obter resposta, ela logo percebeu que estava em um quarto luxuoso. O homem se aproximou e a conduziu até a cama, onde a fez deitar.

Pela primeira vez, Melissa tentou se cobrir. Embora não se importasse em estar nua, já que no vilarejo isso era comum, afinal, não passava de um corpo humano, naquele momento, ela sentiu medo do que poderia acontecer com seu corpo.

O homem começou a retirar suas roupas com calma, e Melissa negava silenciosamente a cada peça que caía no chão.

— Silêncio, querida. Não vai doer nada! — disse ele, sorrindo, enquanto ligava o que parecia ser uma câmera. Confusa, Melissa encarou o dispositivo e tentou se levantar, mas sua fraqueza a fez cair no chão.

— P-por favor... — murmurou baixo, seus olhos expressando a dor que sentia.

Ignorando-a, o homem a colocou novamente na cama e se posicionou sobre seu corpo.

— Eu vou ser carinhoso, meu amor... — disse ele, prendendo os braços dela contra a cama.





Assim, o inferno de Melissa apenas começava.



Continua....

NOTAS FINAIS

E meus amigos...aqui começa nosso sofrimento...

Boa noite :)

ARMORED HEART- Terminator Onde histórias criam vida. Descubra agora