A Vida é Feita de Escolhas

Capítulo 10

"Pain is creeping through the back
Fear is crawling through the windows
Waiting for 'em to attack"
I'll Find You – Lecrae

Já passava da meia noite quando minha mãe ligou para o celular do meu amigo. Ela, evidentemente, queria saber onde estávamos, se já havíamos chegado em casa, se já dormíamos (o que ela não acreditaria), foi por este motivo que precisamos sair da casa do Anderson para atender à chamada. Dona Rebeca não iria gostar nada se soubesse que seu filho ainda estava em uma festa, já sendo madrugada. Quando o Gabriel aceitou a ligação, colocou no viva-voz e disse que já tínhamos ido embora, mas minha mãe percebeu o tamanho ruído ao fundo e, mesmo que tenhamos dito que estávamos ouvindo música, ela disse que não queria que eu mentisse para ela e que me queria em casa (seja na minha, ou na do Gabriel) cedo e que, para ver se eu estava obedecendo, ligaria para a mãe do meu amigo.

Não teve outro jeito, tivemos que ir embora. E se já não bastassem as ameaças de dona Rebeca, a Gabriela, irmã mais nova do Gabriel, mandou uma mensagem dizendo que sua mãe havia chegado em casa e estava perguntando por onde ele estava. Depois disso, voltamos para a festa, caçamos os outros garotos (para o meu completo desgosto, tive que arrastar o Lucas, que estava quase inconsciente, sentado no chão) e fomos embora – eu, como sempre, no volante.

Quando chegamos à casa do Gabriel, respondemos ao questionário de sua mãe – que, felizmente, não é tão desconfiada quanto a minha – e fomos dormir, depois de zoar um pouco e colocar o Lucas, que estava fedendo a cerveja e nicotina, debaixo do chuveiro. De manhã, acordamos umas nove horas, tomamos café com a mãe e irmã do Gabriel, e voltamos para casa, para a minha felicidade.

Apesar de a festa ter sido muito boa e minha noite de sono ter sido tranqüila, eu precisava descansar.Precisava de um tempo para acalmar a minha mente que estava exausta e agitada. Fiz vários planos para que o restante do meu dia fosse apenas para eu me desestressar, mas eu não sabia que nada iria dar certo.

Abro a porta de casa e me deparo com o silêncio – provavelmente meu irmão não está – e assim que olho para a mesa, dou de cara com o meu pai, com os olhos semicerrados diante de seu laptop, o que significa que alguma coisa aconteceu.

— Oi pai – cumprimento-o, indo direto para o meu quarto antes que sobre para mim.

— Oi, meu filho, tudo bem? — Ele para o que está fazendo e me olha. — Como foi a festa ontem?

Paro antes de seguir para o corredor e o olho.

— Ah, até que foi bem tranqüila, apesar de minha mãe ter se preocupado tanto.

Ele soltou uma risada baixa que durou apenas alguns segundos. Logo ele volta a me olhar. Um vinco em sua testa, me mostrando que o negócio está ruim para o meu lado,

— Eu estava olhando meus e-mails e vi um que a sua escola mandou.

Ah, não. Que droga!

— Me mandaram mês passado, mas só vi agora... — Continua a me olhar com seus olhos preocupados. — E, pelo que parece, é um e-mail bem importante... Está falando de um teste que você fez.

Nunca odiei tanto esses e-mails da escola como odeio agora.

— E... pelo que está escrito aqui, você tirou zero vírgula cinco — seus olhos vão do notebook para mim.