Enemy Families - Javon Walton

26 - Lágrimas.

Madison

Dormi com a consciência mais limpa, depois de ter falado com o Javon sobre as cartas na noite passada.

Acordei um pouco assustada com alguém falando em um tom mais alto, e logo reconheci que era do meu pai.

— Madison. - Minha mãe apareceu na porta com uma expressão assustada.

Fiquei esperando que ela falasse mais algumas coisas.

— Escova seu dente e troca de roupa. E depois vá pra sala. - Um pouco cabisbaixa saiu de lá.

Apenas essas pequenas falas, foi o suficiente pra eu ficar necrosa e ansiosa, o suficiente pra eu criar mil hipóteses.

Fiz o que minha mãe mandou, e depois desci pra sala.

Fiquei assustada ao ver quem estava na sala de minha casa... Meu pai estava sentado em um sofá junto com minha mãe e o sofá a frente estava Javon e o pai dele, Dj.

Javon olhou rapidamente para mim, mas logo desviou o olhar e ficou de cabisbaixo. Seu pai, parecia nem saber o que estava fazendo ali, como se estivesse esperando algo.

— Sente aqui, Madison. - Meu pai ordenou e logo o obedeci, sentando eu sem lado.

Reparei que havia um envelope amarelo grande na mesa de centro.

— Fala logo o porque me chamou aqui. - Dj falou sério olhando para meu pai.

— Recebi esse envelope. - Ele disse olhando se forma brava pro envelope. — E nele contém fotos...

Ele abriu e puxou uma foto de dentro.

— Foto de seu filho entrando pela janela do quarto da Maddy. - Entregou para Dj ver e logo sua expressão de Dj ficou de desacreditado. — Foto deles se beijando... fotos deles andando pela rua em plena tarde da noite.

O clima naquela sala era totalmente desconfortável, eu me senti exposta. Senti lágrimas escorrendo sobre meu rosto.

Meu pai continuou tirando fotos e fotos daquele envelope, mas nem consegui olhar.

A única foto que eu olhei foi essa.

Então quando a gente sentia que estávamos se sentindo sendo observado, nós realmente estávamos?!

— Quem enviou isso? - Dj perguntou ainda olhando para fotos em suas mãos.

— Não sei, um anônimo. - Ele respondeu.

Dj largou as fotos e respirou fundo.

— Vou ter uma conversa com o Javon, e isso não vai mais acontecer. Espero que faça o mesmo com ela. - Ele se levantou.

— Não. - Minha mãe levantou irritada. — Gente, são adolescentes. É normal! - Olhou para Dj e meu pai. — Eles estão em uma fase da vida em que role esses sentimentos. E se proibir é pior.

— Você não sabe o que está falando. - Meu pai falou irritado.

— É a primeira vez que vocês vão proibir?! Deu certo quando vocês fizeram isso da última vez? - Ela continuou.

— Mas dessa vez vai dar certo. - Dj retrucou. — Vamos filho. - Javon fez o que seu pai pediu, se levantou do sofá.

— Esperem pelo menos eles falarem o que sente. - Emma, minha mãe pediu. Dj e Javon se entreolharam, assim como eu e meu pai.

Pai de Javon sentou no sofá e seu filho fez o mesmo. Não pude falar nada, pois a única coisa que eu conseguia fazer era chorar.

— Eu sinto muito de ter colocado vocês nessa situação. Mas infelizmente, não posso controlar meus sentimentos. - Javon respirou fundo. — Se tem um culpado nessa história, sou eu. Eu que comecei a gostar primeiro da Maddy, eu que vinha aqui só pra ver ela e fui eu a dar o primeiro beijo. - Suas palavras me fizeram desabar em lágrimas.

— Belas palavras. - Meu pai bateu palmas como forma de deboche.

— Não temos culpa dessa briga idiota de vocês do passado. - O garoto aumentou o tom de voz irritado, o que estressou ainda mais meu pai.

— Javon! Chega! - Seu pai se levantou irritado. — Vamos agora!

— Sua filha tava recebendo ameaças constantemente, e a única coisa que se importa é sobre o garoto de quem ela gosta?! - Javon se levantou e continuou a falar.

— Ameaças? - Lucas me perguntou olhando em meu olhos, surpreso pelo o que acabou de ouvir.

— Não tá sabendo?! - Jav debochou. — Esse anônimo que enviou essas fotos foi o ameaçador de sua filha.

— Do que eles está falando, Maddy?!

— Vim recebendo cartas de ameaças, do tipo que tudo seria revelado... como aconteceu agora. - Falei em meio de lágrimas.

— Ou seja, um stalker estava perseguindo a gente frequentemente, e a única coisa que se importa é com o nosso namoro? - Ele continuou.

— Javon, já chega! - Seu pai ordenou irritado.

— Como eu iria saber, ninguém me contou. E acho que você como "namorado" deveria estar preocupado e me contado, certo? - Essa discussão estava mexendo com minha cabeça.

— Eu também não sabia. Se eu soubesse já teria tomado minhas providências.

— Eu como pai, assumo isso a partir de então. Não se preocupe, que ela estará segura. - Lucas se levantou. — Mas quero deixar claro, que esse namoro termina aqui.

Me senti inútil.

Inútil por não ter a capacidade de se posicionar sobre tudo o que estava acontecendo. Eu poderia dizer tudo o que estava engatado e minha garganta, eu poderia enfrentar meu pai. Mas eu simplesmente não conseguia.

Era lágrimas que não tinha fim.

Lágrimas que expressavam minha tristeza e dor por estar perdendo alguém que gosto. Nunca achei que passaria por isso por causa de um garoto.

Única coisa que pude fazer.

A única coisa que consegui fazer foi me levantar daquele sofá e correr pros braços do Javon. Nem em seu abraço eu consegui me acalmar, muito pelo contrário.

Agora eu não só chorava, como dava gritos de angústia também

— Vai ficar tudo bem. - Ele disse com voz de choro.

— Javon. - Repeti o nome deles por várias vezes enquanto minha mãe e meus pais discutiam.

— A gente vai dar um jeito. - O garoto chorava junto comigo.

Eu não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo. Fazia pouco tempo que estávamos namorando e já tinha acabado.

Toda aquela situação era desnecessária. Eles só podiam aceitar e seguir em frente, mas não. Preferiam impor uma barreira entre a gente que eles sabem que não vai dar certo.

Mas minha raiva não era em nossos pais, mas sim desse anônimo. O que essa pessoa ganha fazendo o mal pros outros? Por que não quer ver e o Javon juntos?

...