Salvação

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Alcancei,
à distância - incomensurável -
a força oculta que há em mim -
Audaz, potente, alegre.
Ligação ao sagrado
misterioso mundo interior
no qual minha existência se configura.
Não mais preso à uma múmia,
ou ao olhar da Górgona
- grades da mente no mundo livre.
Uma queda me consumiu
e me contorci demais para caber nesse modelo...
Mantive-me venerando uma cátedra vazia;
Cátedra
de um ídolo ausente,
mas ainda cátedra, ainda divina,
uma sombra que atormenta.
Medo presente,
de um mundo presente

que machuca,
inaceitável

ao olhar convalescente.
Ao achar que caí do paraíso,
tornei-me doente;
- Ó Senhor... - murmurou o moribundo.

Muleta que torna o caminho mais fácil e menos tortuoso.
Minhas pernas ficaram tortas e presas
por não mais caminhar.
No entanto,
tenho e quero forças
para transpor desertos e continentes
por mim mesmo;
não um leito de autoilusão
para deitar-me e descansar do medo de tudo

que estive acometido ao buscar um refúgio transcendente -
doença do espírito.

Que eu me levante,
caia também,
mas levante - eventualmente ajudado por um amigo ou família;
que seja aqui,
que seja

que seja pela

Imanência.

(- Sofrimento eterno...
Esse é o preço por aceitar gaiola com alpiste.)

Canto da AlmaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora